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Fonte: realbeiralitoral.blogspot.pt e Associação dos Autarcas Monárquicos
Paço da Pena, 29-2-96
Fonte: realfamiliaportuguesa.blogspot.pt e Real Associação de Lisboa
"Minha querida Izabel,Vamos ao ginásio e eu visto o meu querido vestido de veludo azul com botões de diamantes…”
António Maria Vasco de Melo César e Meneses (Lisboa, 13 de Novembro de 1851 — Lisboa, 21 de Maio de 1923), 9.º Conde de Sabugosa, também conhecido por António Vasco de Melo, bacharel formado em Direito, diplomata e alto funcionário, mordomo-mor da Casa Real, Par do Reino, poeta e escritor distinto. Foi autor de múltiplos contos, crónicas, comédias e poemas, de diversas obras sobre escritores portugueses do século XVI e de uma obra histórica sobre Sintra. Fez parte do grupo dos Vencidos da Vida, tendo colaborado também na Revista de Portugal.
Biografia
António Maria Vasco de Melo César e Meneses nasceu em Lisboa, a 13 de Novembro de 1851, filho de D. António Maria José de Melo da Silva César e Meneses, o 3.º marquês de Sabugosa, e de D. Maria do Carmo da Cunha Portugal e Meneses, dama honorária da rainha D.Maria Pia. Seu pai foi um prestigiado par do Reino, ministro, governador civil e um dos mais destacados membros do Partido Histórico do seu tempo.
Casou a 8 de Janeiro de 1876 com D. Mariana das Dores de Melo, 4.ª condessa de Murça, título que lhe foi renovado como herdeira de seu pai, D. João José Maria de Melo Abreu Soares de Vasconcelos Brito Barbosa e Palha, o 3.º conde de Murça, e de D. Ana de Sousa Coutinho Monteiro Paim. A esposa foi dama das rainhas D. Maria Pia e D. Amélia de Orleães e presidente da Associação Protectora das Escolas para Crianças Pobres.
António Vasco de Melo, nome que utilizou enquanto estudante e com o qual assinou muitas das suas obras literárias, era bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde terminou o seu curso em 1877.
Por decreto de 15 de Setembro de 1879, recebeu a mercê do título de 9.º conde de Sabugosa, para além de ter herdado diversos outros títulos e honras, que reuniu na sua casa aos da casa dos condes de Murça, provenientes da família da esposa. Apesar de poder suceder a seu pai nos títulos de marquês de Sabugosa e de conde de São Lourenço, nunca se encartou.
Em 1882 ingressou na carreira diplomática como funcionário da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros, com o cargo de segundo-oficial, sendo nomeado secretário de legação em 1885. Ascendeu a enviado extraordinário e ministro plenipotenciário, servindo no gabinete do ministro, cargo de que foi exonerado, a seu pedido, por decreto de 3 de Novembro de 1910, na sequência da implantação da República.
Foi também alcaide-mor de Elvas e veador e mordomo-mor da Casa Real, tendo sido o último a exercer esses cargos.
Foi nomeado mordomo-mor da Casa Real Portuguesa em Abril de 1903 onde sucedeu a Francisco Manuel de Melo Breyner, 4º Conde de Ficalho, depois da morte deste.
Notícia da sua nomeação como mordomo-mor da Casa Real no "Diário Ilustrado"
Actividade literária
Herdeiro de uma vasta biblioteca, que incluía muitas obras raras e inéditos, foi escritor e poeta de mérito. Em 1894 publicou, de colaboração com Bernardo Pinheiro Correia de Melo, 1.º conde de Arnoso, um interessante livro de contos, intitulado ''De braço dado''. Em 1903 publicou o livro ''O Paço de Sintra, Apontamentos Históricos e Arqueológicos'', obra que inclui desenhos da autoria da rainha D. Amélia de Orleães, para além de colaboração artística do aguarelista Enrique Casanova (1850-1913) e do arquitecto Raúl Lino da Silva (1879-1974). A obra inclui a primeira publicação em português do poema ''Sintra'' de poetisa humanista Luisa Sigea.
Em 1906 editou o ''Auto da Festa'', de Gil Vicente, obra então caída no esquecimento, a partir de raro exemplar que encontrou na biblioteca do seu palácio do Calvário. O ''Auto da Festa'' foi publicado acompanhado por um estudo crítico da sua autoria e de numerosas notas e comentários. Também editou, a partir de texto encontrado na sua livraria, a obra ''Auto da Natural Invenção'' do poeta António Ribeiro Chiado, o Chiado (1917).
Em 1908 publicou o livro Embrechados, que em pouco tempo teve duas edições. Colaborou assiduamente na Revista de Portugal editada por Eça de Queirós e também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas A semana de Lisboa (1893-1895), Serões (1901-1911), O Thalassa (1913-1915) e Ideia Nacional (1915).
Para além das obras atrás citadas, publicou muitas outras, bem como muitos artigos e ensaios de carácter histórico e literário, contos e versos que se encontram dispersos em revistas e jornais.
Fez parte do grupo de intelectuais que se autodenominava Vencidos da Vida, tendo privado, entre outros, com Joaquim Pedro de Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e Maria Amália Vaz de Carvalho.
Actividade política
Na eleições gerais de Outubro de 1879 foi eleito deputado às Cortes pelo círculo de Arouca, prestando juramento a 14 de Janeiro de 1880. Apesar de pouco interventivo, participou nas comissões parlamentares de negócios estrangeiros e de legislação civil, sendo secretário de ambas. Não voltou a ser eleito.
Por falecimento de seu pai, a 2 de Dezembro de 1897, ascendeu ao pariato por direito hereditário, tendo tomado assento na Câmara a 26 de Março de 1898. Na Câmara dos Pares fez parte de múltiplas comissões, com destaque para as relacionadas com os negócios estrangeiros e o comércio externo, com destaque para a procura de mercados para as exportações tradicionais portuguesas: vinho e cortiça. Não fez intervenções de grande fôlego, nem foi muito participativo no hemiciclo.
Destacou-se em 1908 na discussão da lei sobre os cargos e o financiamento da Casa Real, defendendo a sua independência em relação ao poder político e a necessidade de evitar a ingerência partidária na vida palatina.
Com o advento da República, afastou-se da actividade política, mas manteve-se fiel aos seus princípios monárquicos, tendo visitado frequentemente a família real portuguesa durante o seu exílio em Inglaterra. Essa fidelidade, e aberta defesa que fazia da monarquia, valeram-lhe algumas semanas de prisão no Castelo de São Jorge durante a fase crítica da intentona da Monarquia do Norte.
Falecimento, honras e títulos
Faleceu em Lisboa a 21 de Maio de 1923. Foi grã-cruz da Ordem de Cristo; comendador e grã-cruz da Ordem de Santiago da Espada, por decreto de 4 de Dezembro de 1909; mordomo-mor da Casa Real, nomeado em Abril de 1903; Par do Reino, por nomeação de 17 de Março de 1898; e sócio efectivo da Academia Real das Ciências de Lisboa.
Foi também membro do Instituto de Coimbra, da Associação dos Arquitectos Civil e dos Arqueólogos Portugueses e da Sociedade Literária Almeida Garrett. Foi presidente da Sociedade de Bibliófilos Diogo de Machado.
Tendo passado pela carreira diplomática, foi agraciado com múltiplas condecorações estrangeiras.
Obras publicadas
António Maria José de Melo César e Meneses foi editor de obras de Gil Vicente e do poeta Chiado. Entre as suas principais obras publicadas contam-se:
*''Minuete'' (1877);
*''Poemetos'' (1882)
*''Na Goela do Leão'' (1882);
*''De Braço Dado'' (em colaboração com o 1.º conde de Arnoso) (1894)
*''O Paço de Cintra, apontamentos historicos e archeologicos'' (adornado com desenhos da rainha D. [[Amélia de Orleães]]) (1903);
*''Embrechados'' (1908);
*''Neves de Antanho'' (1910);
*''Donas de Tempos Idos'' (1912);
*''Gente d'Algo'' (1915);
*''A Rainha D. Leonor'' (1921);
*''Bobos na Corte'' (1923).
Afonso III de Portugal (Coimbra, 5 de maio de 1210 – 16 de fevereiro de 1279), cognominado O Bolonhês por ter sido casado com a condessa Matilde II de Bolonha, foi o quinto Rei de Portugal. Afonso III era o segundo filho do rei Afonso II e da sua mulher Urraca de Castela, e sucedeu ao seu irmão Sancho II em 1248.
O Rei Afonso III abandonou o Reino durante o governo de seu irmão, D. Sancho lI, para procurar posição e fortuna nas cortes de França ou Borgonha, a que se encontrava ligado por laços familiares. De 1234 a 1245 frequenta a corte de Luís VIII, casado com Branca de Castela, sua tia materna, aí sendo, sucessivamente, armado cavaleiro (1239), casado com Matilde, uma viúva, herdeira do rico condado de Bolonha, e feito vassalo do rei, notabilizando-se na batalha de Saintes (1242), travada contra o monarca inglês.
Esta carreira ascendente, junto com um grande interesse pelos assuntos do seu reino de origem, alimentado pelos nobres que o acompanharam a França, depressa o faz um dos mais fortes candidatos à chefia da coroa portuguesa, ameaçada por uma série de lutas internas, que culminam com a contestação da autoridade do rei seu irmão, que é deposto em 1245 por Inocêncio IV, com o apoio do clero e parte da nobreza do Reino. O conde de Bolonha, contando com o apoio papal e depois de ter recebido em Paris uma delegação de clérigos e nobres portugueses, a quem promete a restauração das leis e justiça do Reino, a par do respeito pelos direitos eclesiásticos, dirige-se então a Portugal, chegando a Lisboa no início de 1246.
Até 1248 travam-se diversas lutas entre os partidários dos dois irmãos, resolvendo-se a guerra civil com a morte de D. Sancho lI, exilado em Toledo, principiando então o reinado do Bolonhês. Um dos seus objectivos prioritários foi a pacificação da nobreza, mobilizando-a em torno de uma luta comum que permitisse ultrapassar os recentes confrontos e divergências. É nesse contexto que se insere a ofensiva algarvia de 1249-1250, que também procurava assegurar a posse definitiva das terras meridionais, repelindo as ameaças de uma anexação castelhana, o que só virá a ser conseguido no reinado seguinte, segundo o conteúdo de um tratado celebrado com Afonso X (1252), que previa o casamento do rei português com Beatriz, bastarda do rei Sábio, sendo, contudo, ainda viva a condessa de Bolonha (morre em 1258). Procurando contrabalançar os excessivos poderes da nobreza e do clero, o rei desenvolve uma política de equilíbrio social, privilegiando o diálogo com os concelhos, sobretudo os urbanos, promovendo-os nas Cortes de Leiria de 1254 à categoria de interlocutores político-sociais, ao mesmo tempo que incentiva uma série de medidas conducentes ao enriquecimento do património da coroa, nomeadamente desenvolvendo a implantação da propriedade régia nas cidades e controlando as actividades comerciais do Reino.
A restauração do abalado prestígio da coroa passava ainda por um combate aos abusos senhoriais: retomando medidas já utilizadas por seu pai, o rei ordena confirmações régias e promove novas inquirições gerais (1258) nas zonas do Reino mais propensas à extensão indevida de coutos e honras, iniciativas que reacenderam os conflitos com os poderes eclesiásticos, situando-se os momentos críticos em 1275 e 1277.
É pois com D. Afonso III que o Reino se tende a estruturar em país e que começa a ser mais permeável às influências norte-europeias, ainda que conserve inúmeros traços peculiares.
O rei, que era muito querido pelos portugueses por decisões como a da abolição da anúduva (imposto do trabalho braçal gratuito, que obrigava as gentes a trabalhar na construção e reparação de castelos e palácios, muros, fossos e outras obras militares), recebeu apoio das cortes de Santarém em Janeiro de 1274, onde foi nomeada uma comissão para fazer um inquérito às acusações que os bispos faziam ao rei. A comissão, composta maioritariamente por adeptos do rei, absolveu-o. O Papa Gregório X, porém, não aceitou a resolução tomada nas cortes de Santarém e mandou que se excomungasse o rei e fosse lançado interdito sobre o reino em 1277.
À sua morte, em 1279, D. Afonso III jurou obediência à Igreja e a restituição de tudo o que lhe tinha tirado. Face a esta atitude do rei, o abade de Alcobaça levantou-lhe a excomunhão e o rei foi sepultado no Mosteiro de Alcobaça.
Moedas cunhadas com a éfige do Rei Afonso III de Portugal.
Segundas núpcias:
Em 1253, o rei desposou D. Beatriz, popularmente conhecida por D. Brites, filha de D. Afonso X de Castela, O Sábio. Desde logo isto constituiu polémica pois D. Afonso era já casado com Matilde II de Bolonha.
O Papa Alexandre IV respondeu a uma queixa de D. Matilde, ordenando ao rei D. Afonso que abandone D. Beatriz em respeito ao seu matrimónio com D. Matilde. O rei não obedeceu, mas procurou ganhar tempo neste assunto delicado, e o problema ficou resolvido com a morte de D. Matilde em 1258. O infante, D. Dinis, nascido durante a situação irregular dos pais, foi então legitimado em 1263.
O casamento funcionou como uma aliança que pôs termo à luta entre Portugal e Castela pelo Reino do Algarve. Também resultou em mais riqueza para Portugal quando D. Beatriz, já após a morte do rei, recebe do seu pai, Afonso X, uma bela região a Este do Rio Guadiana, onde se incluíam as vilas de Moura, Serpa, Noudar, Mourão e Niebla. Tamanha dádiva deveu-se ao apoio que D. Brites lhe prestou durante o seu exílio na cidade de Sevilha.
Descendência:
* Primeira esposa, Matilde II de Bolonha, sem descendência.
* Segunda mulher, infanta Beatriz de Castela (1242-1300)
** Branca de Portugal (1259-1321), freira e senhora no Mosteiro de Las Huelgas (Burgos)
** Dinis I de Portugal (1261-1325)
** Afonso de Portugal (1263-1312), senhor de Portalegre, casou com a infanta Violante Manuel
** Sancha de Portugal (1264-1284?)
** Maria de Portugal (1265-1266)
** Constança de Portugal (1266-1271)
** Vicente de Portugal (1268-1271)
** Fernando de Portugal (1269?)
* Filhos naturais
** Havidos de Madragana Ben Aloandro, depois chamada ''Mor Afonso'', filha do último alcaide do período mouro de Faro, o moçárabe Aloandro Ben Bakr:
*** Martim Afonso Chichorro (1250 -1313)
*** Urraca Afonso de Portugal (c. 1260- depois de 1290) casada por duas vezes, a primeira em 1265 com Pedro Anes Gago de Riba de Vizela (1240 - 1286) e a segunda em 1275 com João Mendes de Briteiros (1250 -?), filho de D. Mem Rodrigues de Briteiros (1225 -?).
** Havidos de Maria Peres de Enxara:
*** Afonso Dinis (1260-1310)
** De outras senhoras:
*** Fernando Afonso, cavaleiro hospitalário
*** Gil Afonso (1250-1346), cavaleiro hospitalário
*** Rodrigo Afonso (1258-1272), prior de Santarém
*** Leonor Afonso (1250), senhora de Pedrógão e Neiva, casada por duas vezes, a primeira com D. Estevão Anes de Sousa, senhor de Pedrógão (c. 1240 -?) e a segunda com D. Garcia Mendes de Sousa (1175 – 29 de Abril de 1239).
*** Leonor Afonso (m. 1259), freira em Santarém
*** Urraca Afonso (1250-1281), freira no Lorvão
*** Henrique Afonso
Títulos, estilos, e honrarias:
O estilo oficial de D. Afonso III enquanto Rei de Portugal:
Em 1253, por suspeitar da sua esterilidade, D. Afonso repudia a esposa, D.Matilde, e abandona o título de Conde de Bolonha:
Após a conquista definitiva do Algarve e a disputa quanto ao domínio algarvio com Castela, o Tratado de Badajoz reconhece a D. Afonso III o senhorio do Algarve, evoluindo a sua titulatura régia para: