Rei Manuel II, Rainha Alexandra e Princesa Mary em Sandringham House
A Rainha Alexandra e o Rei Manuel II de Portugal com a Princesa Mary nos degraus da Sandringham House no Reino Unido.
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A Rainha Alexandra e o Rei Manuel II de Portugal com a Princesa Mary nos degraus da Sandringham House no Reino Unido.
Nos finais do século XIX, uma força do exército chefiada por Mouzinho de Albuquerque aprisionou em Moçambique o grande Gungunhana
Nos finais do século XIX, uma força do exército chefiada pelo major Mouzinho de Albuquerque, oficial de cavalaria, aprisionou em Moçambique o grande régulo vátua Gungunhana, que se havia rebelado contra o governo e a soberania portuguesa. Um jovem tenente, Nuno Lorena é incumbido de o transportar prisioneiro, para Lisboa. O temperamento ardente e o arrebatado idealismo de Lorena irão atrair Mariana de Vilares, mulher de D. Rodrigo, o Ministro da Guerra...
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SEVILHA - Sua Alteza Real o Senhor Infante Dom Miguel de Bragança, Duque de Viseu acaba de ser convidado para a célebre e tradicional Feira de Abril, de Sevilha, onde conta muitos e bons Amigos. Da agenda de viagem, Sua Alteza Real tem já marcado um jantar com SAR a Senhora Infanta Dona Elena de Borbón, Irmã de Sua Majestade o Rei Filipe de Espanha. Também D. Manuel Morales de Xódar e D. Francisco José Morales de Jodar convidaram já o Duque de Viseu para vários actos da tão típica feira sevilhana.
Fonte: SAR Dom Miguel de Bragança, Duque de Viseu
Henrique I (Lisboa, 31 de janeiro de 1512 – Almeirim, 31 de janeiro de 1580), apelidado de "o Casto" e "o Cardeal-Rei", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1578 até sua morte, além de cardeal da Igreja católica desde 1545. Era o quinto filho do rei Manuel I e sua segunda esposa Maria de Aragão e Castela, tendo servido entre 1562 e 1568 como regente de seu sobrinho neto o rei Sebastião.
D. Henrique nasceu a 31 de Janeiro de 1512, quinto filho varão de D. Manuel I (com quem se parecia nas feições) e sua segunda mulher D. Maria de Aragão e Castela. Era, portanto, irmão mais novo daquele que viria a ser o rei D. João III.
No dia em que nasceu, apesar de tal não acontecer habitualmente, caiu em Lisboa muita neve, facto que serviu aos "investigadores dos futuros" para traçarem horóscopos preconizando um temperamento virtuoso e candura de espírito. Foi baptizado pelo Bispo de Coimbra, D. Jorge de Almeida.
Estudou, com esmero, Latim, Grego, Hebraico, Matemática, Filosofia e Teologia, e cavalgava bem.
Como se compreende, enquanto Infante de Portugal, não era esperado de D. Henrique que subisse ao trono.
Aos catorze anos, Henrique recebeu o sacramento da ordenação, para promover os interesses portugueses na Igreja Católica, na altura dominada pela Espanha. Ocupando primeiramente a dignidade de Dom Prior do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, subiu cedo na hierarquia da Igreja, tendo sido rapidamente Arcebispo de Braga, primeiro Arcebispo de Évora, Arcebispo de Lisboa e ainda Inquisidor-mor antes de receber o título de Cardeal (sendo portanto um cardeal-infante), com o título dos Santos Quatro Coroados(1546).
Não pelas suas mãos, mas com sua autorização dada ao frei Luís de Granada (dominicano) que editou em português uma obra sua, intitulada "Meditações e homilias sobre alguns mysterios da vida de nosso Redemptor, e sobre alguns logares do Santo Evangelho, que fez o Serenissimo e Reverendissimo Cardeal Infante D. Henrique por sua particular devoção" em Lisboa, editada por Antonio Ribeyro, em 1574. Esta obra, em português, visava substituir a palavra oral pela escrita, num esforço de chegar às recuadas aldeias onde dificilmente chegava, pela escassez de religiosos conhecedores do latim. Foram publicadas em latim pelos jesuítas em 1576 e depois em 1581.
Participou do conclave de 1549–1550, que elegeu ao Papa Júlio III e dos conclaves de abril e maio de 1555, nestes chegou a ser apontado como um dos favoritos a suceder no trono de São Pedro.
O seu irmão João III de Portugal pediu ao cunhado, o imperador Carlos V que favorecesse a ascensão do seu irmão ao sólio pontifício, através da compra dos votos do Colégio dos Cardeais. Porém, não participou dos conclaves de 1559, 1565-1566 e de 1572.
Henrique, mais do que ninguém, empenhou-se em trazer para Portugal a Ordem dos Jesuítas, tendo utilizado os seus serviços no Império Colonial.
Quando João III de Portugal morreu, muitos discordavam da atribuição do poder da regência a Catarina de Áustria, irmã de Carlos I de Espanha. Henrique sucedeu assim à sua cunhada em 1562, servindo como regente para Sebastião I, seu sobrinho de segundo grau, até este assumir o trono (1568).
Após a desastrosa Batalha de Alcácer-Quibir em 1578, depois de receber a confirmação da morte do rei, no Mosteiro de Alcobaça, acabou por suceder ao sobrinho-neto. Henrique renunciou então ao seu posto clerical e procurou imediatamente uma noiva por forma a poder dar continuidade à dinastia de Avis, mas o papa Gregório XIII, que era um familiar dos Habsburgos que eram pretendentes ao trono de Portugal, não o libertou dos seus votos.
Foi aclamado rei na igreja do Hospital Real de Todos os Santos, no Rossio, sem grandes festejos. Caber-lhe-ia resolver o resgate dos muitos cativos em Marrocos.
Mesmo com o sério problema da sucessão em mãos, D. Henrique nunca aceitou a hipótese de nomear o Prior do Crato, outro seu sobrinho, herdeiro no trono, pois não reconhecia a legitimidade de D. António. Por consequência, após a sua morte, de facto D. António subiu ao trono mas não conseguiu mantê-lo, perdendo-o para seu primo Filipe II de Espanha, na batalha com o duque de Alba.
O rei-cardeal morreu durante as Cortes de Almeirim de 1580, deixando uma Junta de cinco governadores na regência: o arcebispo de Lisboa Jorge de Almeida, João Telo, Francisco de Sá Meneses, Diogo Lopes de Sousa e João de Mascarenhas.
Em novembro de 1580, Filipe II de Espanha enviou o Duque de Alba para reivindicar o Reino de Portugal pela força. Lisboa caiu rapidamente e o rei espanhol foi aclamado rei de Portugal como Filipe I, com a condição de que o reino e seus territórios ultramarinos não se tornassem províncias espanholas.
Foi sepultado inicialmente em Almeirim, mas em 1582 o seu sobrinho Filipe II de Espanha transladou o seu corpo para o transepto da igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. Encontra-se junto ao túmulo construído para Dom Sebastião, cuja sepultura foi também aí colocada por ordem de Filipe II.
Na cultura popular:
Foi interpretado por Luís Vicente num episódio da série da RTP1, Ministério do Tempo (2017). Na história fantasiada, D. Henrique teria sido concebido como resultado relação extra-conjugal entre a rainha D. Maria de Aragão e Castela e um cortesão, Ernesto Ochoa, que teria fugido para a actualidade, onde se tornou no Chefe de Segurança do Ministério do Tempo.
Títulos, estilos, e honrarias:
Títulos e Estilos:
O estilo oficial de D. Henrique enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, Henrique I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honrarias:
Enquanto monarca de Portugal, D. Henrique foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:
Sebastião (Lisboa, 20 de janeiro de 1554 – Alcácer-Quibir, 4 de agosto de 1578), apelidado de "o Desejado" e "o Adormecido", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1557 até sua morte. Era filho de João Manuel, Príncipe de Portugal, e Joana da Áustria. Ele ascendeu ao trono aos três anos após a morte de seu avô o rei João III, com uma regência sendo instaurada durante sua minoridade, liderada primeiro por sua avó a rainha Catarina da Áustria e depois por seu tio-avô o cardeal Henrique de Portugal.
Sebastião assumiu o governo aos catorze anos de idade em 1568, manifestando grande fervor religioso e militar. Solicitado a cessar as ameaças às costas portuguesas e motivado a reviver as glórias da chamada Reconquista, decidiu montar um esforço militar em Marrocos, planeando uma cruzada, após Mulei Mohammed ter solicitado a sua ajuda para recuperar o trono. A derrota na Batalha de Alcácer-Quibir em 1578 levou ao desaparecimento de Sebastião em combate e da nata da nobreza, iniciando a crise dinástica de 1580 que levou à perda da independência para a Espanha e ao nascimento do mito do Sebastianismo.
Iluminura de D. Sebastião recém-nascido, na obra Sentenças para a Ensinança e Doutrina do Príncipe, datada de 1554.
Nascimento:
Era filho de D. João Manuel, Príncipe de Portugal e de D. Joana de Áustria, Seus avós paternos eram o rei de Portugal D. João III e a rainha D. Catarina. Seus avós maternos eram o imperador Carlos V e a Isabel de Portugal. Esta era irmã de João III.
João Manuel morreu em 2 de janeiro de 1554, deixando todo o reino em sobressalto, pois Sebastião ainda estava no ventre da sua mãe. João Manuel foi o único filho sobrevivente dos nove que João III havia tido, e a sucessão do reino passou a depender do sucesso do parto.
O problema que ocorria em Portugal não era a falta de herdeiros, mas por causa do contrato de casamento de D. Maria Manuela, irmã do príncipe defunto, com D. Filipe II da Espanha, pelo qual, caso não houvesse sucessores, o reino passaria ao filho desta união, Carlos, ocorrendo a união com Castela, que os portugueses sempre abominaram.
O arcebispo de Lisboa, D. Fernando de Meneses Coutinho e Vasconcelos, ordenou que, assim que começassem as dores de parto, avisassem a Sé, para que fosse feita uma procissão de fé. Dezoito dias depois da morte do príncipe, a princesa começou a sentir as dores, na noite do dia 19 para o dia 20 de janeiro. De madrugada chegou o aviso, e o povo que afluiu à Igreja de São Domingos foi tamanho que várias pessoas ficaram de fora, indo padres a pregar do lado de dentro e outros a pregar do lado de fora.
Na manhã do sábado, dia 20 de janeiro de 1554, nasceu o príncipe, e foi dada a notícia do nascimento, recebida com orações de agradecimento a Deus.
Em 27 de janeiro, ao oitavo dia, ele foi batizado pelo Cardeal D. Henrique, irmão do rei Dom João, e recebeu o nome de Sebastião, por causa do dia em que havia nascido, sendo seus padrinhos o rei e a rainha, seus avôs.
Em virtude de ser um herdeiro tão esperado para dar continuidade à Dinastia de Avis, ficou conhecido como O Desejado; alternativamente, é também memorado como "O Encoberto" ou "O Adormecido", devido à lenda que se refere ao seu regresso numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação.
Retrato inédito de D. Sebastião I, por Alonso Sánchez Coello, 1562. Estava na Áustria, no castelo Schönberg, mas erradamente identificado com um nobre austríaco.
Regência:
Com dois anos de idade, seu avô, o rei, enfermo, chamou-o à sua presença, para brincar. Quando o rei pediu água, trouxeram dois copos, um, fechado, para o rei e outro aberto para Sebastião. Vendo isto, o menino começou a chorar, querendo um copo como o do avô, que comentou:
"Cedo quereis reinar". No ano seguinte, em 11 de junho de 1557, morreu João III. Sebastião tornou-se rei com três anos, quatro meses e vinte e dois dias de idade.
Durante a sua menoridade, a regência foi assegurada primeiro pela sua avó, a rainha Catarina de Áustria, viúva de D. João III, e depois pelo tio-avô, o Cardeal D. Henrique de Évora, (23 de Dezembro de 1562-1568). Neste período, depois da aquisição de Macau em 1557 e Damão em 1559, a expansão colonial foi interrompida. A premência era a conjugação de esforços para preservar, fortalecer e defender os territórios conquistados.
Durante a regência de D. Catarina e do cardeal D. Henrique e o curto reinado de D. Sebastião, a Igreja continuou a sua ascensão ao poder. A actividade legislativa centrou-se em assuntos do foro religioso, como por exemplo a consolidação da Inquisição e sua expansão até à Índia, a criação de novos bispados na metrópole e nas colónias. A única realização cultural importante foi o estabelecimento de uma nova universidade em Évora – e também aqui a influência religiosa na corte se fez sentir, pois foi entregue aos Jesuítas.
Investiu-se muito na defesa militar dos territórios. Na rota para o Brasil e a Índia, os ataques dos piratas eram constantes e os muçulmanos ameaçavam as possessões em Marrocos, atacando, por exemplo, Mazagão em 1562. Procurou-se assim proteger a marinha mercante e construir ou restaurar fortalezas ao longo do litoral.
Os bastiões no Norte de África, pouco interessantes em termos comerciais e estratégicos, eram autênticos sorvedouros de dinheiro, sendo necessário importar quase tudo, além de que, sujeitos a constantes ataques, custavam muito em armamento e homens. Assim, Filipe II em 1589 viria prudentemente a devolver aos mouros Arzila, oferecida a D. Sebastião em 1577 por Mulei Mohammed.
Educação:
De facto, a preservação das praças em Marrocos devia-se sobretudo à questão de prestígio e tradição. O jovem rei cresceu educado por Jesuítas e tornou-se num adolescente de grande fervor religioso, embora a sua falta de experiência militar e política viesse a conduzir o exército português ao desastre de Alcácer-Quibir e à própria morte ou desaparecimento do rei.
Apesar de se ter tornado um jovem pouco culto, a educação de o Desejado não podia ter sido feita com mais cuidados nem por pessoas mais capazes. Teve por mestres padres e cavaleiros, entre os quais o humanista e jesuíta Luís Gonçalves da Câmara e o matemático Pedro Nunes.
Segundo Frei Bernardo da Cruz "(...) Os avós ordenaram quatro semilheres a El-Rei: D. Pedro de Menezes, D. Fernão Alvares de Noronha, D. Duarte d'Almeida, Felix Moniz, e o aio D. Aleixo de Menezes, por serem velhos e sufficientes pera o instruir em toda a boa criação política e tratamento de seus vassallos, e a cortesia que havia de usar com os Reis e Principes de estrangeiros reinos. (...) ordenaram ao mesmo tempo dar-lhe mestre que o ensinasse a ler e escrever e latim com outros bons costumes, e o confessar ao padre Luiz Gonçalves da Camara, religioso da Companhia de Jesus, o qual neste tempo estava em Roma, e foi chamado por ser nobre e virtuoso, docto das historias e antiguidades humanas, e mui lido nos annaes dos antigos Reis (...) Tinha o mestre d'El-Rei por companheiro Amador Rebelo e Mauricio" (Chronica d'El-Rei D. Sebastião).
Motivos da intervenção em Marrocos:
D. Sebastião começou a preparar a "Jornada de África", onde Filipe II de Espanha, seu tio, recusou participar, enviando apenas uma pequena força que fez parte do Terço de Espanhóis e Italianos.
O nexo da intervenção em Alcácer-Quibir é claramente explicado em carta do próprio D. Sebastião a D. João de Mendonça em 1576, onde manifesta preocupação crescente sobre a ameaça dos turcos que fariam Mulei Moluco um seu vassalo, ameaçando as praças portuguesas em Marrocos, e o próprio regresso dos andaluzes do Reino de Granada a Espanha:
Não é somente para dar a posse daquele Reino ao tio do Xarife, mas principalmente com o fundamento de o fazerem tributário e vassalo do Turco, e o Turco se fazer Senhor de toda África, e de todos os portos de mar dela, tendo em cada uma delas muitas galés que lhes será fácil de pôr em efeito. Assim, pela natureza da mesma terra, como por seu grande poder, que quando assim acontecesse, o que Deus não permita, visto é quantos males sem remédio poderiam recrescer a toda espanha, que da Cristandade se pode dizer que é hoje a melhor e maior parte, e com este intento queria que não somente cuidareis nesta matéria e a discorrereis para me nela dardes parecer e conselho no que farei e devo fazer (...)
Dois anos antes, em 1574, os turcos tinham reconquistado Tunis, e eram senhores de todo o norte de África, exceptuando Marrocos, cujo controlo do reino se decidia na disputa entre Mulei Mohammed (o Xarife deposto), e o seu tio Mulei Moluco, que contava com o apoio turco. O Xarife pediu o apoio a D. Sebastião, e o rei partiu para a "Jornada de África", que se decidiria na Batalha de Alcácer Quibir.
Desaparecimento e lenda:
Em 4 de agosto de 1578, ocorreu a batalha de Alcácer-Quibir, o campo dos três reis, onde os portugueses sofreram uma derrota às mãos do sultão Abd al-Malik (Mulei Moluco), na qual perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a D. Sebastião, morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Conta-se que, ao ser aconselhado a render-se, e a entregar a sua espada aos vencedores, o rei se tenha recusado com altivez, dizendo: "A liberdade real só há de perder-se com a vida." Foram as suas últimas palavras, e é-nos dito que ao ouvi-las, "os cavaleiros arremeteram contra os infieis; D. Sebastião seguiu-os e desapareceu aos olhos de todos envolto na multidão, deixando ... a posteridade duvidosa acerca do seu verdadeiro fim." Há quem defenda, por outro lado, que o seu corpo terá sido enterrado logo em Ceuta, "com toda a solemnidade". Mas para o povo português de então, o rei havia apenas desaparecido. Este desastre teria as piores consequências para o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes ainda mais agravou as dificuldades financeiras do país.
Em 1582, Filipe I de Portugal mandou trasladar para o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, um corpo que se alegava ser o do rei desaparecido, na esperança de acabar com o sebastianismo, o que não resultou, nem se pôde comprovar ser o corpo realmente o de Sebastião I. O Túmulo de Mármore, que repousa sobre dois elefantes, pode ainda hoje ser observado em Lisboa.
Tornou-se então numa lenda do grande patriota português – o "rei dormente" (ou um Messias) que iria regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias, uma imagem semelhante à que o Rei Artur tem em Inglaterra ou Frederico Barbarossa na Alemanha.
Durante o subsequente domínio espanhol (1580-1640) da coroa portuguesa, quatro pretendentes afirmaram ser o rei D. Sebastião, tendo o último deles – o calabrês Marco Tulio Catizone – sido enforcado em 1603.
Já em fins do século XIX, no sertão da Bahia, no Brasil, camponeses sebastianistas acreditavam que o rei iria regressar para os ajudar na luta contra a "república ateia brasileira", durante a chamada Guerra de Canudos. O mesmo se repetiu no sul do Brasil, no episódio da Guerra do Contestado.
Dentre incontáveis especulações e investigações de vários autores, a historiadora Maria Luísa Martins da Cunha defende, em dezembro de 2011, no terceiro volume do livro ‘Grandes Enigmas da História de Portugal', que o rei D. Sebastião sobreviveu à batalha de Alcácer-Quibir e reapareceu no ano de 1598 em Itália, onde foi mais tarde preso em Veneza, Florença e Nápoles, com a cumplicidade dos espanhóis. Segundo a mesma historiadora, o corpo do rei encontra-se sepultado na capela de São Sebastião, no Convento dos Agostinhos de Limoges.
Na verdade, já o historiador Faria e Sousa reportara testemunhos, como o de D. Luís de Brito, que afirmavam ter visto no final da batalha o rei à distância sem ser perseguido. Brito encontrou-o posteriormente, em direção ao rio, e segundo o historiador esta foi a última vez que ele foi visto vivo.
O documento "Relação da Batalha de Alcácer que mandou um cativo ao Dr. Paulo Afonso", termina informando que o Rei se retirou, e que a batalha terminou sem nenhum lado declarar vitória:
Neste tempo vendo El Rei que estava na vanguarda o seu campo desbaratado, se veio recolhendo pela banda do Duque de Aveiro, e o seguiu alguma gente de cavalo e a pé, cuidando que ia fazendo uma ponta para volver sobre os mouros, viu o campo já tão desbaratado que se retirou. Durou a batalha quatro horas sem se declarar a vitória.
O caso do estranho em Veneza, mencionado acima, que vinte anos depois aparecera declarando-se Sebastião, rei de Portugal, é o de maior interesse. Ele chegou a ser aceite pelos portugueses da cidade como seu senhor soberano, por se parecer tão perfeitamente com Sebastião. João de Castro, neto do homónimo vice-rei da Índia e filho do diretor de finanças no reinado de D. Sebastião, defendeu e apoiou este estranho de Veneza, anunciando ao mundo que o rei não morrera, no seu Discurso da vida do sempre bem-vindo e aparecido Dom Sebastião, publicado em 1598; enquanto Sebastião Figueira, uma das várias testemunhas que atestaram terem visto D. Sebastião sair vivo da batalha – afirmando mesmo ter saído dela com o rei – também diz tê-lo reconhecido em Veneza. O Papa Clemente VIII mandara, por conselho de cardeais em conclave, que o pretendido rei aparecesse em Roma, onde a sua pretensão seria examinada. Chegando-se em conclave à conclusão, após cuidadas investigações, que era ele o verdadeiro D. Sebastião, escreve o Papa a Filipe III de Espanha, o então senhor da coroa e do Reino de Portugal, exigindo a devolução do dito Reyno ao Rey D. Sebastião, "sob pena de excommunhão mayor". Filipe responde acusando o pretendente "impostor" de vários crimes e, por intermédio do seu embaixador em Veneza, manda-o prender. Foi formado um comité de nobres, que o examinaram 28 vezes, mas ele conseguiu ilibar-se de todas as acusações. O pretendente mostrou marcas naturais no seu corpo, que muitos se lembravam serem de D. Sebastião, e revelou segredos de conversas entre embaixadores de Veneza no palácio de Lisboa, o que deixou atónitos os examinadores, e facilitou a sua libertação – sob a condição de ter que abandonar aqueles domínios em três dias. Na sua fuga caiu nas mãos dos Espanhóis, que em Nápoles o maltrataram, humilharam em público, e o embarcaram como escravo. Defendiam os espanhóis, que aquele sofredor era um mágico, mas tal justificação foi vista como um reconhecimento tácito da verdade das suas pretensões.
Cultura Popular:
Em 1689, John Dryden (poeta, dramaturgo e crítico inglês) escreve a peça Don Sebastian, King of Portugal, inspirado pela lenda segundo a qual D. Sebastião sobreviveu à Batalha de Alcácer-Quibir.
Poema "D. Sebastião, Rei de Portugal", em Mensagem (1934), de Fernando Pessoa:
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
D. Sebastião é personagem principal nos romances históricos "O Desejado", do escritor brasileiro Aydano Roriz (2002-Brasil; 2003-Portugal), e "D. Sebastião e o Vidente" de Deana Barroqueiro. Também é personagem principal do romance "O Regresso do Desejado" (2018) do autor português Ricardo Correia.
Descoberta de retratos perdidos:
Em novembro de 2010 foi encontrado na Áustria um retrato do rei, dado como desaparecido há 400 anos. O quadro estava no Palácio de Schönbrunn, mas o protagonista era identificado como sendo um nobre austríaco. A obra é da autoria de Alonso Sánchez Coello e foi pintada na corte portuguesa em 1562.
Um outro retrato encontrado recentemente na Itália, de autor ainda não identificado, mostra o soberano em idade adulta, com barba e bigode, numa representação de busto a 3/4 envergando armadura de gala com gola de folhos. Da decoração da armadura sobressai a Cruz de Cristo, de que é visível o braço superior, com uma forma mal representada, o que nos leva à conclusão da autoria por um pintor espanhol ou italiano, mais familiarizados com este tipo de cruz do que com as formas rectas da Cruz de Cristo.
O retrato está carregado de simbolismo, não apenas pela inclusão da Cruz de Cristo, como pela legenda que encima o quadro "Sebastianus I Lusitanor R" (Sebastião I Rei dos Portugueses), que remete para o início do mito de D. Sebastião.
Títulos, estilos, e honrarias:
Títulos e Estilos:
O estilo oficial de D. Sebastião enquanto Rei de Portugal era: "Pela Graça de Deus, Sebastião I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honrarias:
Enquanto monarca de Portugal, D. Sebastião foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:
Paço da Ribeira no início do século XVIII
O Paço da Ribeira foi um palácio real e residência oficial dos reis portugueses durante cerca de 250 anos, substituindo o Paço da Alcáçova. Situava-se na Ribeira de Lisboa, na margem do rio Tejo, onde atualmente se situa a Praça do Comércio. A sua construção teve início em 1498, por determinação de Manuel I, no contexto da descoberta do caminho marítimo para a Índia e do monopólio português do comércio das especiarias do Oriente com a Europa. Foi totalmente destruído no terramoto de Lisboa, em 1755, cujas perdas culturais são comparáveis às ocorridas na destruição da Biblioteca da Alexandria.
"Lava pés aos pobres por D. João V", uma das raras representações do interior do Paço da Ribeira (c. 1748)
História:
Paço da Ribeira, 1598
Até então, a residência da família real portuguesa na capital era o Paço da Alcáçova, edificação medieval inscrita na defesa proporcionada pelo Castelo de São Jorge. A moderna concepção do Paço da Ribeira, numa perspectiva de administração centralizadora, passou pela sua inclusão como centro de uma série de novas edificações, integradas num complexo arquitectónico multivalente: residencial, áulico, naval, militar, comercial, administrativo e político. É pois de referir o facto de, em toda a zona envolvente, e nalguns casos dentro do próprio complexo palaciano, no seu rés-do-chão, terem sido instalados, em novos edifícios, todos os principais organismos relativos à administração e à logística naval do Império Português.
Na Ribeira de Lisboa funcionavam, desde há muito, os principais estaleiros portugueses, até então chamados de tercenas, e, de finais do século XV em diante, denominados Ribeira das Naus, ou apenas Ribeira. O novo paço foi erguido sobre as tercenas de Lisboa, que o soberano determinou deslocar para Ocidente, de forma a renová-las e alargá-las.
De planta rectangular, em estilo manuelino, dispunha de uma torre abaluartada sobre o rio, denominada por torreão de Terzi,[1] e de uma varanda em galilé de pedra rendilhada no segundo piso, que permitia ao soberano, à corte e aos seus funcionários vigiarem a entrada e saída dos navios do comércio ultramarino no porto de Lisboa, no coração do Mar da Palha. Abaixo dela, no primeiro piso, funcionou a Casa da Índia, um dos mais importantes espaços do complexo edificado, permitindo ao rei controlar apertadamente os bens e as riquezas das especiarias armazenadas, licitadas pelos comerciantes que, de todo o resto da Europa, para ali acorriam, a fim de as adquirir e redistribuir pelo resto do continente, ainda também no primeiro piso do paço, existia a maior e mais importante sala de aparato denominada de Sala dos Tudescos, nesse salão ocorria os mais importantes banquetes e festividades da corte portuguesa.
Integrada no complexo, foi erguida a Capela Real, notável pela sua música litúrgica, confiada ao capelão-mor do Reino e que rivalizava em importância com a vizinha Sé de Lisboa na organização e realização das grandes cerimónias religiosas em uso naquele tempo.
Diante do Paço foi disposto um vasto terreiro pelo aterro da ribeira de Valverde, que dera o nome ao local e que ali desemboca no Tejo, cuja foz passou desde então a ser subterrânea. Esta ribeira corre actualmente sob a Avenida da Liberdade e a Baixa de Lisboa. Ao centro desse terreiro, a partir de então denominado como Terreiro do Paço, foi erguida uma fonte-chafariz. Nele se realizou, a partir de então, a maior parte das cerimónias públicas de aclamação dos soberanos portugueses, quando juravam os foros do Reino ao herdarem a coroa, e outras festividades da capital portuguesa. O Terreiro do Paço logo se tornou no local preferido de fidalgos, burgueses, populares e comerciantes em Lisboa, pela sua situação privilegiada, desafogo, comércio a todas as horas e vizinhança do Paço.
O rei e a corte mudaram-se para este novo palácio em 1503, terminadas as obras. O terramoto de Lisboa de 1531 veio a destruir quase inteiramente o antigo Paço da Alcáçova. Foram no entanto bem menores os estragos no novo palácio, tornado sede centralizada do Império Português.
No século XVII, um palácio contíguo, nas traseiras do Paço da Ribeira, um dos mais ricos palácios particulares da cidade, o Palácio Corte Real, passou para a posse da Coroa, sendo desde então utilizado para residência do infante secundogénito da Família Real, e integrando-se neste complexo. O primeiro infante a habitar ali, reinando o seu irmão D. Afonso VI, foi o infante D. Pedro, depois regente do Reino e finalmente rei com o nome de D. Pedro II.
A época da Dinastia Filipina, D. Filipe I determinou grandes obras no Paço da Ribeira, destruindo na fachada a sua delicada feição manuelina e impondo-lhe um mais pesado aspecto clássico, maneirista. Neste arranjo foi aumentado o seu volume e número de pisos, mantendo-se no entanto a grande torre sul, quadrada, como ponta do palácio, geometria que o edifício guardará aproximadamente até ao final da sua existência.
Com a singular distinção eclesiástica de Lisboa como patriarcado, no século XVIII, a capela do Paço da Ribeira foi provisoriamente elevada à dignidade de igreja patriarcal, enquanto se construía a nova basílica patriarcal, que depois veio a arder, ficando conhecida por Patriarcal Queimada. Para este efeito, Lisboa foi dividida em Lisboa Ocidental e Lisboa Oriental, ficando metade da cidade adstrita à Sé Catedral e a outra sob a alçada da Capela Real Patriarcal do Paço da Ribeira, aonde passaram a desenrolar-se riquíssimas cerimónias litúrgicas e áulicas barrocas de imponente manifestação no quotidiano da corte e dos lisboetas.
O Paço da Ribeira ficou associado na História de Portugal a alguns dos seus mais marcantes acontecimentos, sendo decerto o mais notável a sua tomada pela força armada dos quarenta fidalgos portugueses que na célebre manhã do dia 1 de Dezembro de 1640, perante o povo em delírio acorrido ao Terreiro do Paço, destronaram sem sangue a dinastia de Habsburgo, aclamando a de Bragança, e dando assim início aos vinte e oito anos da Guerra da Aclamação com o vizinho reino de Castela, nova frente de guerra que se veio inserir no quadro da prolongada Guerra dos Trinta Anos europeia.
O Paço da Ribeira foi totalmente destruído no grande terramoto de 1755 (1 de Novembro), o qual foi seguido de um ainda mais devastador maremoto sobre a zona baixa da cidade. Embora a Família Real estivesse ausente do palácio nesse dia, perderam-se para sempre os incalculáveis tesouros de arte do seu recheio ali acumulados ao longo de duzentos e cinquenta anos, período correspondente ao apogeu do poder e da riqueza portugueses no mundo, nomeadamente dos reinados de D. Manuel I e de D. João V.
Paço da Ribeira em 1662, por Dirk Stoop.
D. José I e a corte fixaram-se num palácio abarracado, feito de madeira e tela, no Alto da Ajuda, que ficou conhecido pelo nome de Real Barraca. Esta seria destruída por um incêndio já em 1794, dando lugar à construção do Paço Real de Nossa Senhora da Ajuda.
Actualmente:
Paço da Ribeira em 1740
O Palácio da Ribeira deu origem ao Complexo ministerial do Terreiro do Paço ou Terreiro do Paço, um conjunto de edifícios que albergam a maior parte dos Ministérios do Governo Português e ainda o famoso café Martinho da Arcada, o mais antigo de Lisboa, e um dos preferidos de Fernando Pessoa, bem como o Pátio da Galé na Praça do Comércio, o Museu da Cerveja e um dos polos do Museu da Cidade de Lisboa, no torreão poente. Após a Revolução de 1910 os edifícios foram pintados a cor-de-rosa. Contudo, voltaram recentemente à sua cor original, o amarelo. O lado sul, com as suas duas torres quadradas ou torreões, está virado para o Tejo.
Estiveram presentes o Rei D.Carlos, a Rainha D.Amélia, o Infante D.Afonso e a Rainha D.Maria Pia.
O Rei D.Carlos e o seu filho mais velho, o Príncipe Real Luís Filipe, foram assassinados no dia 1 de Fevereiro de 1908 no Terreiro do Paço em Lisboa.
Desde o ano seguinte que é realizada todos os anos uma missa para celebrar a data, com a presença de membros da Família Real Portuguesa.
De forma simbólica, D.Duarte Pio, Duque de Bragança e a sua família, depositam uma coroa de flores junto ao local do regicídio, assinalado por uma placa aí existente. Segue-se uma missa em homenagem ao rei D. Carlos e ao príncipe D. Luís Filipe de Bragança, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa, onde estão sepultados os seus restos mortais. A missa é celebrada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.
Missa de homenagem ao Rei D.Carlos I e ao Príncipe Real Luís Filipe ano a ano:
1909 1910 1918 1958 1964 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024
Fonte: Scala Regia
D.Carlota Campos foi a aia e professora do Príncipe Real Luís Filipe e do Infante D.Manuel. Era a responsável pela educação dos príncipes. Foi D.Carlota Campos quem lhes ensinou a primeira oração, as primeiras letras e a primeira doutrina.
O Rei D.Manuel II tratava D.Carlota de Campos por Calita.
D.Carlota Campos era filha do escrivão da nobreza do reino.
Maria dos Anjos Esteves (Marquinhas Rainha), natural de S.João da Pesqueira, foi a escolhida para ser ama do Infante D.Manuel (futuro Rei D.Manuel II) e para continuar a dinastia das amas reais.
Maria dos Anjos era muito estimada no Paço, e depois de exercer a sua profissão foi morar para S.João da Pesqueira com o seu marido, António Bernardo Serodio, de quem teve pelo menos mais uma criança, Carmen, nascida em 1902. Por essa altura, Maria dos Anjos Esteves ainda recebia da Administração da Casa Real uma quantia mensal, como agradecimento pelos serviços prestados.
Foi a parteira, D.Alice Costa quem teve a delicada missão de descobrir uma ama para o filho mais novo dos reis D.Carlos e D.Amélia de Portugal.
João III (Lisboa, 7 de junho de 1502 – Lisboa, 11 de junho de 1557), apelidado de "o Piedoso" e "o Colonizador", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1521 até sua morte. Era o filho mais velho do rei Manuel I e sua segunda esposa a infanta Maria de Aragão e Castela, tendo ascendido ao trono apenas contando dezanove anos de idade.
Herdou um império vastíssimo e disperso, nas ilhas atlânticas, costas ocidental e oriental de África, Índia, Malásia, Ilhas do Pacífico, China e Brasil. Continuou a política centralizadora do seu pai. Durante o seu reinado, foi obrigado a negociar as Molucas com Espanha, no tratado de Saragoça, adquiriu novas colónias na Ásia - Chalé, Diu, Bombaim, Baçaim e Macau e um grupo de portugueses chegou pela primeira vez ao Japão em 1543, estendendo a presença portuguesa de Lisboa até Nagasaki.
Para fazer face à pirataria, iniciou a colonização efetiva do Brasil, que dividiu em capitanias hereditárias, estabelecendo o governo central em 1548. Ao mesmo tempo, abandonou diversas cidades fortificadas em Marrocos, devido ao custos da sua defesa face aos ataques muçulmanos. Extremamente religioso, permitiu a introdução da inquisição em Portugal em 1536, obrigando à fuga muitos mercadores judeus e cristãos-novos, forçando o recurso a empréstimos estrangeiros. Inicialmente destacado entre as potências europeias económicas e diplomáticas, viu a rota do Cabo fraquejar, pois a rota do Levante recuperava, e em 1548 teve de mandar fechar a feitoria Portuguesa de Antuérpia. Viu morrer os dez filhos que gerou e a crise iniciada no seu reinado ampliou-se sob o governo do seu neto e sucessor, o rei Sebastião de Portugal.
João III, enquanto Príncipe Herdeiro, no Tríptico dos Infantes; Mestre da Lourinhã, 1516.
Dados biográficos iniciais:
Nascido em Lisboa, era filho do rei Manuel I de Portugal e de Maria de Aragão, Infanta de Espanha, filha dos Reis Católicos. Na câmara da Rainha, parturiente, Gil Vicente em trajes de vaqueiro representou a sua primeira peça, o Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro. O batismo em 15 de junho foi realizado na capela de São Miguel do Paço da Alcáçova, tendo como padrinho o doge de Veneza, Leonardo Loredan, representado por Pero Pasquaglio. Foram madrinhas uma tia paterna, a Rainha Leonor, viúva de João II, e a avó paterna, a infanta Beatriz, duquesa de Beja. Nas Cortes a seguir convocadas para 15 de agosto, o príncipe foi jurado herdeiro.
Educado em Latim e nos clássicos pelo bispo de Viseu, o castelhano Diogo Ortiz de Villegas, que morreu em 1519 e depois por Luís Teixeira, que lhe ensinou Direito Civil. O clérigo Tomás de Torres, deu-lhe noções de matemática, astronomia e geografia, e por João de Menelauaprendeu grego. Teve casa própria após a morte da mãe em 1517. Iria casar com Leonor de Áustria, que depois foi escolhida para terceira mulher do seu pai, apesar de ser noiva destinada ao filho.
Sucedeu em 1521 ao pai, que faleceu no auge do seu poder aos 52 anos de idade, e que reinara 26 anos. João III, aos 19 anos, foi aclamado Rei em 22 de dezembro, no alpendre da igreja de São Domingos. Jovens dominavam então a dinâmica cena europeia: a viúva de seu pai tinha 23 anos, o imperador Carlos V, 22 anos, Francisco I de França, 28 anos, Henrique VIII da Inglaterra tinha 31 anos.
Manteve os mesmos governantes de D. Manuel I: o conde de Tarouca, João de Meneses; o conde de Vila Nova (hoje Portimão) Martinho de Castelo Branco; o primeiro conde de Vimioso, Francisco de Paula de Portugal e Castro; o segundo barão de Alvito, Diogo Lobo, e António Carneiro, secretário de Dom Manuel desde 1509.
Ascendeu ao trono quando Portugal possuía cidades fortificadas no Norte de África e os seus marinheiros tinham navegado nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, espalhando-se pelas ilhas atlânticas, pelas costa ocidental e oriental de África, Índia, Malásia, Ilhas do Pacífico e possivelmente Austrália, China e Brasil. Destacava-se entre as potências europeias do ponto de vista económico e diplomático, mas o país não chegava a ter um milhão e meio de habitantes. Durante o seu reinado Portugal adquiriu novas colónias na Ásia - Chalé, Diu, Bombaim, Baçaim e Macau.
António Mota, Francisco Zeimoto e António Peixoto chegaram ao Japão sendo os primeiros europeus a visitar este arquipélago. Começou a colonização do Brasil. Ao mesmo tempo deu-se o abandono de algumas cidades fortificadas em Marrocos, como Safim, Azamor, Arzila, Aguz e Alcácer-Ceguer, devido ao custos da sua defesa contra os ataques dos xerifes muçulmanos. João III era, no entanto, extremamente religioso, o que o tornou subserviente ao poder da igreja e permeável à introdução da Inquisição em 1536, pois o movimento luterano era já uma realidade europeia. As consequências sociais foram desastrosas, pois provocou insegurança nos cristãos novos, obrigando à fuga muitos mercadores judeus, forçando o recurso a empréstimos estrangeiros.
Com a Inglaterra, intensificam-se as relações comerciais, o mesmo acontecendo com os países do Báltico e Flandres. Teve como amigo e conselheiro António de Ataíde, 1.º Conde da Castanheira, que fez embaixador em Paris e que viria a aconselhar na criação do sistema de Capitanias-hereditarias no Brasil em 1534.
Reavaliação do Império:
Herdou "um império vastíssimo mas demasiado disperso", de modo que o reavaliou com ajuda de conselheiros, abandonando o projeto imperial de seu pai. O novo homem forte dos assuntos relativos à expansão marítima passou a ser Vasco da Gama, que se incompatibilizara com Manuel I e fora nomeado em 1524 vice-rei da Índia, onde morreu.
Em 1541, um acontecimento precipitou a sua decisão, pois perdeu Santa Cruz de Cabo de Gué. Os xerifes do norte da África em 1518 haviam proclamado a guerra santa contra o infiel, apoderando-se em 1524 de Marraquexe (em 1549, finalmente, retomaram Fez). Cercaram Safim em 1533, forçando o rei João a abandonar Azamor, Safim, Alcácer Céguer, Arzila. Havia ao mesmo tempo crise no estado da Índia, descrito como «um conjunto de territórios, estabelecimentos, bens, pessoas e interesses, administrados, geridos ou tutelados pela Coroa portuguesa no Oceano Índico e mares adjacentes ou nos territórios ribeirinhos, do cabo da Boa Esperança ao Japão» (Luiz Filipe Thomaz). No Índico surgira o perigo otomano, estimulando os chefes locais a lutarem contra os portugueses. Pacém e Calecute foram abandonados. Economicamente a rota do Cabo começava a fraquejar, pois a rota do Levante recuperava lentamente. Em 1548, João III mandou fechar a feitoria de Antuérpia. Havia concorrência castelhana no Extremo Oriente e Pacífico mas o maior perigo vinha de outras potências como a França.
Foi, entretanto, um rei que geriu muitas crises - a financeira, pois no seu reinado as despesas ordinárias da Coroa incluíam tenças, moradias, benesses pias, ordenados, obras públicas, universidade, obras em Belém e em Tomar, houve dotes a pagar, a compra do arquipélago do Maluco, socorros às praças do Norte da África, as armadas à Índia, a defesa das costas do Brasil e África, a aquisição de trigo nos anos maus. Crise política, pois seu reinado assistiu à emergência de duas potências, a Espanha de Carlos V e o Império Otomano, que tomou Buda e cercou Viena em 1529. A tudo isto acrescente-se a proliferação da peste, maus anos agrícolas, instabilidade meteorológica e até o grande terremoto de Lisboa em 26 de janeiro de 1531. Como governante coube-lhe a gestão de várias crises: crise financeira, ameaça protestante, perigo turco, concorrência espanhola, francesa e inglesa no império, crises no estado da Índia, peso da vizinhança demasiado forte de Carlos V.
João III preocupou-se efetivamente com o pleno domínio do Brasil, que dividiu em capitanias-donatárias, as conhecidas capitanias hereditárias, estabelecendo um governo central em 1548. "Foi o verdadeiro criador do Brasil, que rapidamente se tornou o elemento fundamental do império português, assim o sendo até o início do século XIX" (Paulo Drumond Braga, op. cit, pg 145).
Panorama do reinado:
Houve, sem dúvida, renovação cultural no seu reinado, preponderante na afirmação do renascimento português. Na literatura surgiu não apenas Camões, mas também Garcia de Resende, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, João de Barros. Na matemática e astronomia, surgiu Pedro Nunes, na botânica Garcia da Orta, nas artes plásticas e arquitetura Francisco de Holanda, Miguel de Arruda, João de Castilho. Destacam-se ainda outros nomes no reinado de João III, como André de Resende, Damião de Góis, João de Ruão, Nicolau de Chanterene, Luís Vives, e António de Mariz, notável impressor régio da Universidade de Coimbra. Erasmo de Roterdão dedicou uma das suas obras a João III e o rei teria pensado em contratá-lo para professor da nova universidade de Coimbra, criada em 1537. No seu reinado, a conselho de Diogo de Gouveia, criou numerosas bolsas de estudo no estrangeiro, enviando cerca de 300 bolseiros para França,[1] e fundou o Real Colégio das Artes e Humanidades em Coimbra. Foi também o responsável pela vinda dos missionários Jesuítas, uma ordem recém formada, que teria um papel determinante no contexto do padroado português em todo o império português.
João III era, no entanto, extremamente religioso, o que o tornou subserviente ao poder da igreja e permeável à introdução da Inquisição em 1536. As consequências económicas e sociais foram desastrosas, pois provocou insegurança nos cristãos novos, obrigando à fuga muitos mercadores judeus e forçando o recurso a empréstimos estrangeiros.
Continuou a política centralizadora e absolutista do seu pai, convocando apenas três cortes, uma por década: 1525, 1535 e 1544. Apesar do mecenato das ciências e artes, a estagnação caracterizou o reinado de João III e ampliou-se no reinado do seu neto e sucessor, o rei Sebastião de Portugal.
Afirma-se que a sua alegada neutralidade era, na verdade, política de apoio ao cunhado, o imperador Carlos V, e que teria mesmo pensado em uma união ibérica, o que é indefensável face às teorias atuais. Sempre desejou claramente a independência de Portugal, pois jamais fechou as portas à França, à Inglaterra e até à Polónia. Foi, entretanto, um rei que geriu muitas crises -- a financeira, pois no seu reinado as despesas ordinárias da Coroa incluíam tenças, moradias, benesses pias, ordenados, obras públicas, universidade, obras em Belém e em Tomar, houve dotes a pagar, a compra do arquipélago das Molucas, socorros às praças do Norte da África, as armadas à Índia, a defesa das costas do Brasil e África, a aquisição de trigo nos anos maus. Crise política, pois o seu reinado assistiu à emergência de duas potências, a Espanha de Carlos V e o Império Otomano, que tomou Buda e cercou Viena em 1529. Tudo isso no meio de proliferação de peste, maus anos agrícolas, instabilidade meteorológica, e até o grande terremoto de Lisboa de 26 de janeiro de 1531.
Adoeceu após 1550, e teve grave doença perigosa em 1555. Morreu dois anos depois de acidente vascular cerebral, ou apoplexia, em Lisboa, estando sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.
Psicologicamente, foram características pessoais a sua enorme bondade, a lentidão na tomada de decisões, a dissimulação no relacionamento com os súbditos ou como arma diplomática, a piedade (recebeu do papa em dezembro de 1525 a 'rosa de ouro'). Filho de um génio político, Manuel I, foi neto de dois outros, os Reis Católicos de Espanha.
A sua imagem foi atacada no século XIX, acusado por Alexandre Herculano de homem medíocre, inábil, fanático, "inábil para governar por si próprio". Defendido por uma biografia importante escrita em 1936 por Alfredo Pimenta, acrítico, visões menos apaixonadas surgiram na década de 1960 em textos de Joaquim Veríssimo Serrão, Borges de Macedo, Silva Dias e Romero de Magalhães.
Abdicação de Joana de Castela:
A 20 de Julho de 1530, por escritura pública na corte, a sua prima Joana de Castela, viúva de Afonso V, abdicou dos seus direitos ao Trono de Castela a seu favor, para evitar que esses direitos caíssem na posse dos Reis Católicos.
Descendência:
Títulos, estilos, e honrarias:
Títulos e Estilos:
O estilo oficial de João III enquanto Rei era: "Pela Graça de Deus, João III, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honrarias:
Enquanto monarca de Portugal, João III foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:
O DN de 19 de março de 1910 noticiou a cerimónia de juramento de D. Afonso como herdeiro do trono português.
"Como estava determinado realizou-se ontem a cerimónia de juramento de sua alteza o senhor D. Afonso como herdeiro do trono da nação portuguesa", assim começava a notícia que dava conta, sete meses antes da queda da monarquia em Portugal.
A cerimónia decorreu na Sé e o infante D. Afonso foi em cortejo pela ruas de Lisboa, num dia de sol. Jurou "manter a religião católica apostólica-romana, observar a constituição política da nação portuguesa e ser obediente às leis e ao rei". Após a cerimónia, em que também discursou o rei D. Manuel, o cortejo fez o percurso inverso por ruas com muito povo até ao Palácio das Necessidades. À noite, no Teatro de São Carlos houve espetáculo de gala, com muitos convidados.
Foram depositadas no Paço Ducal de Vila Viçosa duas viaturas de tração animal do século XIX (MILORD E TONNEAU), provenientes de uma coleção particular.
A Fundação da Casa de Bragança agradece aos proprietários, PSP de Estremoz, GNR de Vila Viçosa, Transportes Lucefecit e pessoal do MBCB.
A complexa operação de transporte seguiu todas as normas de segurança, para que as viaturas fizessem uma “viagem tranquila” até às Cavalariças do Paço Ducal.
Fonte: radiocampanario.com
Fonte: Real Associação de Guardas de Honra dos Castelos, Panteões e Mon. Naci.