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A Monarquia Portuguesa

Este blog pretende ser o maior arquivo de fotos e informações sobre a monarquia portuguesa e a Família Real Portuguesa.

Sex | 30.08.19

Carta de Dom Manuel II a João Ulrich

Blog Real

Fulwell Park 
10. II . 1928

Meu caro João Ulrich

Tiro o luto pesado para responder à sua carta que muito agradeço, na qual pede a minha autorização para o casamento da sua filha Maria Emília de Casal Ribeiro Ulrich com o Marquês de Abrantes.

Com vivo prazer dou o meu consentimento, pedindo-lhe que transmita a sua filha os nossos sinceros e affectuosos votos de felicidade.

Sou muito amigo de há muitos anos do Marquês de Abrantes: estou convencido que a sua filha não poderia fazer melhor escolha. Por minha parte rogo a Deus que encha os noivos de bênçãos.

Com as nossos affectuosas lembranças à sua mulher,

Creia-me, meu caro João Ulrich

Um seu muito amigo,

Manuel R.

Fonte: https://joaotavora.blogs.sapo.pt

Qua | 28.08.19

Visitas temáticas em São Vicente de Fora para olhar o espaço e a história de vários ângulos

Blog Real
Há sessões sobre as fábulas de La Fontaine, o quotidiano dos monges que ali viveram e a história do Patriarcado de Lisboa ou da dinastia dos Bragança.

Na Idade Média, cada uma das alas do claustro do Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, tinha uma função. A norte, os monges copiavam escritos antigos e a sul, junto ao poço, faziam a tonsura, o corte de cabelo celebrizado por Santo António. “Na zona poente, os noviços tinham aulas e, ao centro, havia uma enfermaria”, explica Joana Santos, coordenadora do museu integrado neste monumento.

Esta é uma das histórias incluída nas visitas temáticas ao mosteiro que começaram este mês de Agosto. Há sessões sobre temas tão diferentes, como os costumes, a literatura e a monarquia. A partir de setembro, estas visitas acontecem mensalmente, no último sábado de cada mês.

“Fizemos duas este mês: uma sobre o Panteão Real e outra sobre quotidiano dos monges que aqui viveram. Temos vários temas: dos azulejos do mosteiro, aos enterros em São Vicente, passando pela história do patriarcado e pelas fábulas de La Fontaine”, diz a responsável.

“Muitas pessoas não sabem que é aqui que estão os túmulos dos últimos reis de Portugal e de quase todos os Patriarcas de Lisboa.”

Há também uma colecção de paramentos e objetos religiosos que contam parte da história da Igreja portuguesa. No piso superior, por exemplo, os azulejos dedicados às fábulas do escritor francês do séc. XVII são o mote para uma incursão literária.

“Os painéis vieram para o mosteiro no fim do séc. XVII. São 38 fábulas. Porquê este tema? Não temos resposta ainda”, diz Joana Santos. “É muito curioso. Apesar de não serem temas religiosos, a mensagem de cada uma das histórias não vai de todo contra a mensagem de Cristo.”

Além destas iniciativas mensais, que têm um custo de sete euros para adultos, realizam-se todas as terças-feiras visitas gerais a este mosteiro dedicado ao padroeiro da cidade. A partir de setembro, arrancam também as sessões para escolas. Em todas, há sempre a possibilidade de subir ao terraço e apreciar a vista sobre o rio Tejo.

Fonte: https://rr.sapo.pt/

Ter | 27.08.19

Curiosidades sobre SAR D. Luís Filipe de Bragança

Blog Real

‘Era conhecedor das literaturas; e como tal, mesmo dentro da portuguesa tinha as suas predilecções. Estimava em extremo no período moderno, assim o afirma um seu antigo mestre, distintíssimo oficial do exército [Oliveira Ramos – Illustração Portuguesa, 19 de Março de 1908], “estima em extremo três escritores que lhe açambarcavam quase por completo a admiração: João de Deus, Antero de Quental e o Eça de Queiroz de – A Cidade e as Serras – o Eça que ele conhecia e que era o melhor do Eça, quando o analista começa a enternecer-se e o ironista a crer”. (…)’

Pequito Rebello | Elogio Académico de Sua Alteza Real Dom Luiz Filippe, Lisboa, 1908

Fotografia: SAR O Senhor Dom Luís Filipe de Bragança, 5.º Príncipe Real de Portugal, 4.º Príncipe da Beira e 22.º Duque de Bragança (n. 21/03/1887 – m. assassinado 01/02/1908)

Fonte: Facebook Plataforma de Cidadania Monárquica

Seg | 26.08.19

Reis de Portugal - Miguel I de Portugal

Blog Real

Miguel I (nome completo: Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo; Queluz, 26 de outubro de 1802 – Wertheim, 14 de novembro de 1866), apelidado de "o Absolutista" e "o Tradicionalista", foi o Rei de Portugal e Algarves entre 1828 e 1834 e pretendente ao trono português entre 1834 e 1866, terceiro filho varão do rei D. João VI de Portugal e de Carlota Joaquina da Espanha e irmão mais novo do rei D. Pedro IV de Portugal, também conhecido como imperador Pedro I do Brasil.

Após a sua derrota nas Guerras Liberais que duraram entre 1828 e 1834, e a sua consequente rendição em Evoramonte, foi despojado do estatuto de realeza e as Cortes declararam que o, então, já ex-infante D. Miguel e todos os seus descendentes ficassem para sempre excluídos da sucessão ao trono português e sob pena de morte caso regressassem a Portugal. Esteve proibido de regressar ao país através da Lei do Banimento do ramo Miguelista (Carta de Lei de 19 de dezembro de 1834) e que, 4 anos mais tarde, foi reforçada com a promulgação da Constituição de 1838, que estipulava que "A linha colateral do ex-infante Dom Miguel e todos os seus descendentes estão perpetuamente excluídos da sucessão". Contudo, em 1842, esta Constituição foi revogada e foi restaurada a Carta Constitucional de 1826, a qual não continha qualquer cláusula de exclusão do ramo Miguelista. Também a Lei da Proscrição da Família Bragança (Decreto de 15 de Outubro de 1910) impediu os seus descendentes de voltarem ao país mas esta foi também revogada, embora pela Assembleia Nacional da República Portuguesa, a 27 de maio de 1950, permitindo o regresso ao território português dos seus descendentes.

Faleceu em Wertheim, na Alemanha, a 14 de novembro de 1866, e foi sepultado no Convento dos Franciscanos de Engelberg, em Grossheubach, tendo o seu corpo chegado a Lisboa, de avião, já durante a República, em 5 de Abril de 1967, para ser transladado para o Panteão da Dinastia de Bragança, na Igreja de São Vicente de Fora, da mesma cidade.

Início de Vida:

D. Miguel nasceu em 26 de outubro de 1802, no Palácio Real de Queluz, na vila homónima, e foi o sétimo filho de D. João VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves com a sua consorte, Carlota Joaquina de Bourbon, filha de Carlos IV de Espanha e sua consorte Maria Luísa de Parma, filha de Filipe I de Parma e de Maria Luísa Isabel de França.

Era irmão mais novo de D. Maria Teresa de Bragança; D. Francisco António, Príncipe da Beira; D. Maria Isabel de Bragança; D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal; D. Maria Francisca de Assis de Bragança; e D. Isabel Maria de Bragança. Era ainda irmão mais velho de D. Maria da Assunção de Bragança e de D. Ana de Jesus Maria de Bragança. Por parte do reconhecimento paterno foi membro da casa dinástica de Bragança, assim como todos os seus irmãos e irmãs.

Rei de Portugal:

D. Miguel foi rei de Portugal entre 1828 e 1834, período no qual se deu a Guerra Civil Portuguesa de 1831-1834.

O seu reinado é altamente controverso na História de Portugal. Segundo o partido constitucionalista, D. Miguel foi um usurpador do título monárquico de sua sobrinha D. Maria da Glória e fora apenas regente. Por sua vez, o chamado partido miguelista contrapunha que D. Pedro I do Brasil perdera o direito à Coroa Portuguesa e, por isso, a designar um seu sucessor (no caso, sua filha, D. Maria da Glória) desde o momento em que erguera armas contra Portugal, declarara a independência do Brasil e se tornara imperador desse novo País.

Com efeito, de acordo com as Leis Fundamentais do Reino, um príncipe herdeiro que levantasse armas contra Portugal ou ascendesse ao trono de um estado estrangeiro, perderia o direito ao trono português. De acordo com esta interpretação, D. Miguel seria assim o legítimo sucessor de D. João VI, vindo a ser legitimado pelas Cortes, em 11 de julho de 1828, em conformidade com as leis tradicionais vigentes antes e após a revolta liberal de 1820.

Como resultado desta polémica, para os liberais D. Miguel passou à história como o Absolutista ou o Usurpador (por alegadamente ter arrebatado o trono que seria da sua sobrinha), enquanto os miguelistas lhe atribuem o cognome de o Tradicionalista (por ter sido aclamado em Cortes, ainda que forçadas pelos acontecimentos, no respeito da tradição legal portuguesa).

Antes de ascender ao trono ― uma vez que o primeiro filho de D. João VI, o Infante D. Francisco António, Príncipe da Beira falecera na infância ― D. Miguel foi Prior do Crato e usou os títulos destinados aos secundogénitos de Senhor do Infantado e Duque de Beja. Na sequência da insurreição de Vilafrancada, foi ainda feito senhor de Samora Correiapelo seu pai. Após o período do seu reinado efectivo, já no exílio, foi pretendente ao título de Duque de Bragança, com os demais subsidiários (Marquês de Vila Viçosa, Conde de Arraiolos, de Barcelos, de Neiva e de Ourém).

Ideologias:

D. Miguel era um homem de aparentes ideais católicos e tradicionalistas, os quais defendia com frontalidade. Era pouco popular entre a burguesia, mais aberta à influência do ideário liberal, mas gozava de grande popularidade entre o povo, que, caído na miséria após as guerras contra Espanha e França, procurava num rei a figura forte de um salvador. A isto acresce que era a Igreja Católica quem, à época, muitas vezes matava a fome do elevadíssimo número de mendigos e deserdados de mais de 30 anos de guerras, pelo que a aparente inimizade dos liberais face a esta instituição terá levado a que o povo se colocasse ainda mais do lado miguelista.

D. Miguel era também um admirador do chanceler Metternich da Áustria, embora afirmasse não ser adepto de uma monarquia absoluta, mas apenas pretender libertar Portugal das influências estrangeiras ― principalmente das ideias da Maçonaria, as quais considerava nefastas.

Início da actividade publica:

Em Maio de 1823, no seguimento da instituição do regime parlamentar em Portugal, D. Miguel liderou um movimento militar contra as forças parlamentares ― a insurreição de Vilafrancada ― que resultou na dissolução das Cortes e no restabelecimento do poder régio absoluto de seu pai, D. João VI. Este nomeou então o filho Generalíssimo e Chefe do Exército.

A reacção dos parlamentaristas, no entanto, organizou-se e projectou destronar o rei e restabelecer a Constituição de 1822. A isto D. Miguel respondeu com a revolta política que veio a ficar conhecida pela Abrilada. Em 30 de Abril de 1824, D. Miguel tentou travar a conspiração, convocando as tropas de todos os quartéis de Lisboa. O corpo diplomático estrangeiro, contudo, interveio, levando D. João VI para bordo do navio de guerra inglês HMS Windsor Castle, onde pressionou o rei a demitir D. Miguel do comando do Exército e a ordenar o seu exílio.

Dois anos depois, quando o rei D. João VI morreu, D. Miguel estava ainda exilado na corte de Viena de Áustria. Morto o rei, a regência da sua irmã D. Isabel Maria, em Lisboa, considerou que o imperador do Brasil, D. Pedro I, deveria herdar o trono de Portugal. No Brasil, o imperador D. Pedro I foi chamado a assumir o trono português; no entanto, este preferiu abdicar em favor de sua filha mais nova, D. Maria da Glória (depois rainha D. Maria II de Portugal) e outorgou uma carta constitucional ao reino de Portugal.

Reinado:

Para poder voltar a Portugal, D. Miguel aceitou, então, ficar noivo da sua sobrinha, D. Maria da Glória, e para poder ser nomeado regente do reino na menoridade desta, jurou ainda, perante a corte austríaca, a Carta Constitucional de 1826 com "reserva de todos os seus direitos" e a expressa determinação de esta ser previamente aceite pelos três estados do reino, conforme seu decreto de outorga. À sua chegada a Lisboa, D. Miguel repetiu, nos mesmos termos, o juramento de fidelidade à constituição e à rainha, sua prometida mulher. Pouco depois, convocou a reunião dos referidos três estados do reino em cortes, apesar do desagrado do grupo absolutista (facção apostólica do partido absolutista da sua mãe e do Conde de Basto), para decidir a sucessão no trono de Portugal.

Em 23 de junho de 1828, fruto da decisão desse encontro foi estabelecida a sua aclamação como rei pelas Cortes Gerais do Reino, que anularam a vigência da Carta Constitucional (a qual ele mesmo havia jurado cumprir) e repuseram as Leis constitucionais tradicionais. Foi reconhecido pelo Papa, por Espanha e pelos Estados Unidos, cujo Presidente, Andrew Jackson, seguia o princípio de reconhecer oficialmente todos os soberanos e governantes de facto, ficando as restantes potências na expectativa, mas aceitando porém tratar com o seu governo enquanto entidade que "de facto" exercia o poder político sobre a quase totalidade do território nacional.

Ainda em Março de 1832 era lançado para propaganda do seu exercício reinante.

Reinou, deste modo, entre 1828 e 1832. Entre outras iniciativas, fundou em 1828 a Real Casa de Asilo dos Náufragos, em São João da Foz do Douro, destinada a casa abrigo para salva-vidas, predecessora do Instituto de Socorros a Náufragos. Esta instituição constituiu o primeiro embrião de um serviço de salvamento na costa portuguesa. A Real Escola de Veterinária, predecessora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, foi criada pelo Decreto de El-Rei D. Miguel I, publicado a 7 de Abril de 1830 na "Gazeta de Lisboa".

D. Miguel tentou o reconhecimento internacional para o seu regime, tendo até 1830 a simpatia de França e da Grã-Bretanha e Irlanda. Porém, naquele ano, grandes mudanças ocorreram na conjuntura europeia: em França uma rebelião colocou no trono Luís Felipe I em lugar de Carlos X; enquanto no Reino Unido o Governo de Arthur Wellesley, 1.º Duque de Wellington, caiu antes que fosse concedido o reconhecimento a D. Miguel como monarca. No meio de tudo isto o seu irmão D. Pedro havia em sua regência como imperador transformado o Brasil num importante parceiro comercial e militar das grandes potências, devido ao seu tamanho continental e reservas naturais. Além destes factos, a acção diplomática de Metternich ― cujo soberano era sogro de D. Pedro, e pretendia que a sua neta, Habsburgo por sua mãe, ascendesse ao trono de Portugal ― começou também a desenvolver-se contra D. Miguel.

Guerra Civil:

Em 1831, o imperador D. Pedro I abdicou do trono do Brasil em favor do filho, D. Pedro II, e partiu para a Europa em busca de apoios para a causa de sua filha D. Maria da Glória. Após obter armas e dinheiro, por intermédio do político espanhol Juan Álvarez Mendizábal, reuniu na Grã-Bretanha e Irlanda uma força de aproximadamente sete mil soldados britânicos, regressando a Portugal para liderar pessoalmente o partido liberal na guerra contra os miguelistas. O regresso de D. Pedro e dos liberais desencadeou a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).Logo tomou o arquipélago dos Açores, de onde lançou ataques navais a Portugal Continental.

Na primavera de 1834 a guerra civil entraria na sua fase decisiva. Em 22 de abril, em Londres, a Grã-Bretanha e Irlanda e a França decidiram pôr fim ao reinado de D. Miguel I em Portugal e às pretensões de Carlos María Isidro de Borbón em Espanha.

Nessa altura, em 24 de abril de 1834, firmou-se o Tratado de Londres, uma Quádrupla Aliança dos quatro mais fortes Estados europeus, que decidiram juntar-se para intervir militarmente contra as forças do rei D. Miguel.

Como consequência desta aliança, o Almirante inglês Napier desembarcou tropas na Figueira da Foz, avançando por Leiria, Ourém e Torres Novas, enquanto o General espanhol José Ramón Rodil y Campillo entrou em Portugal através da Beira e Alto Alentejo, com uma expedição de 15 mil homens, em apoio do partido de D. Pedro e de sua filha D. Maria da Glória. Na batalha de Asseiceira, as forças militares portuguesas (absolutistas) foram definitivamente derrotadas pela conjugação das forças estrangeiras, aliadas às forças liberais do duque da Terceira, e foram obrigadas a depor as armas, sendo o rei D. Miguel I forçado a abdicar em favor de D. Maria II através da Convenção de Evoramonteassinada a 26 de maio de 1834.

Lei do Banimento:

A 19 de dezembro de 1834, a rainha D. Maria II promulgou uma carta de lei, conhecida como a Lei do Banimento, através da qual D. Miguel, então já destituído do estatuto de realeza, e todos os seus descendentes, ficaram para sempre obrigados a viver fora do território português e sem quaisquer direitos de sucessão ao trono de Portugal.

Carta de Lei de 19 de Dezembro de 1834

«Dona Maria Segunda, por Graça de Deos, Rainha de Portugal, Algarves, e seus Dominios:

Fazemos saber a todos os Nossos Subditos que as Cortes Geraes e Extraordinarias Decretaram, e Nós Queremos a Lei seguinte:

Art.º 1.º O ex-Infante D. Miguel, e seus descendentes são excluídos para sempre do direito de suceder na Corôa dos Reinos de Portugal, Algarves, e seus Dominios.

Art.º 2.º O mesmo ex-Infante D. Miguel, e seus descendentes são banidos do territorio Portuguez, para em nenhum tempo poderem entrar nelle, nem gosar de quaesquer direitos civis, ou políticos: a conservação, ou acquisição de quaesquer bens fica-lhes sendo vedada, seja qual for o título, e a natureza dos mesmos: os patrimoniaes, e particulares do ex-Infante D. Miguel, de qualquer especie que sejam, ficam sujeitos ás regras geraes das indemnisações.»

Esta Lei foi posteriormente reforçada com a promulgação da Constituição Monárquica de 1838, na qual o artigo 98 estipulou que "A linha colateral do ex-infante Dom Miguel e todos os seus descendentes estão perpetuamente excluídos da sucessão".

A Constituição de 1838 foi revogada aquando da reinstituição em vigor da Carta Constitucional em 1842, a qual não continha qualquer cláusula de exclusão da linha miguelista. Porém, ainda assim, D. Miguel e os seus descendentes mantiveram-se no exílio até à segunda metade do século XX, reconhecendo que o reinado efetivo dos monarcas da Casa de Bragança-Saxe-Coburgo-Gota – D. Maria II, D. Fernando II, D. Pedro V, D. Luís I, D. Carlos I e D. Manuel II – lhes retiraram todos os direitos de sucessão dinástica.

A Lei do Banimento do ramo Miguelista (Carta de Lei de 19 de Dezembro de 1834) e a Lei da Proscrição da Família Bragança (Decreto de 15 de Outubro de 1910) vieram a ser revogadas pela Assembleia Nacional a 27 de maio de 1950, permitindo o regresso a território português dos descendentes de D. Miguel.

No exílio:

A 1 de junho de 1834, depois da derrota militar, D. Miguel partiu de Évora para embarcar num navio de guerra britânico em Sines, com destino a Génova, tendo pernoitado pela última vez em solo português na vila alentejana de Alvalade, que sempre se revelara fiel à sua causa.

Viveu no exílio primeiro em Itália, depois na Grã-Bretanha e, finalmente, na Alemanha.

Ainda ao largo da costa portuguesa, D. Miguel denunciou a Concessão de Evoramonte, redigindo uma carta à chegada em que afirmava que o acordo fora firmado sob coacção. No dia 20 de junho fez um protesto contra a renúncia que fora obrigado a fazer dos seus direitos à coroa de Portugal. Ao fazê-lo, perdeu voluntariamente o direito à pensão vitalícia que Portugal ficara obrigado a pagar-lhe nos termos do acordo, não lhe restando, a partir de então, qualquer fortuna pessoal, visto que já mandara entregar as suas jóias ao seu irmão D. Pedro, como contribuição para o esforço de reconstrução do País após a guerra. Passou pois a viver da boa-vontade do Papa e dos seus partidários. A oferta do seu tesouro pessoal para ajudar na reconstrução de Portugal suscitou a D. Pedro IV o comentário emocionado: "Isto são mesmo coisas do mano Miguel".

D. Miguel viveu o resto de sua vida no Castelo de Bronnbach, em Bronnbach no Grão-Ducado de Baden, em Baden-Württemberg, na Alemanha, onde se casou com a Princesa Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg, que lhe deu seis filhas e um filho varão.

Em 26 de novembro de 1836, D. Miguel nomeou simbolicamente Governador do Reino do Algarve e Comandante em Chefe Interino de Todas as Tropas Realistas, Regulares e Irregulares do Exército de Operações do Sul o chamado "Remexido", líder de um grupo de guerrilheiros e ex-soldados, que se manteve fiel à causa miguelista e fez acesa resistência no território compreendido entre o Algarve e o norte do Alentejodurante mais de quatro anos após a Concessão. O que não foi caso isolado, já que se conhecem vários outros focos de luta de guerrilha ao longo de todo o país nesta época, com especial destaque no Norte de Portugal, apoiados nomeadamente pelo célebre Zé do Telhado, no Douro, e pelo conde de Almada, no Minho.

Entretanto, a 26 de outubro de 1866, morreu sem nunca ter conseguido regressar a Portugal, e muita da sua luta pela sua legitimação pelo Reino de Portugal esmoreceu, apesar da continuidade que lhe foi dada, posteriormente, pelo seu filho Miguel Januário de Bragança e por alguns apoiantes que sempre o seguiram.

D. Miguel jaz desde 1967 no Panteão da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, juntamente com sua esposa, para onde foi trasladado do Convento dos Franciscanos de Engelberg, em Großheubach, no distrito de Miltenberg, na Alemanha.

Descendência:

D. Miguel I de Portugal, enquanto solteiro e em pleno período do seu reinado, manteve uma relação duradoura com D. Antónia Francisca Ribeiro do Carmo, uma nobre portuguesa que viveu entre Portugal e a Itália, e com quem o monarca teve a sua primeira filha natural em 1831, reconhecendo-a publicamente, anos depois, em Albano, na Itália, a 2 de agosto de 1839, e permitindo a ela, desse modo, a reivindicação do estatuto de Infanta de Portugal. Pelo facto desta filha ter nascido antes da aplicação da Lei do Banimentoque, após as guerras liberais, obrigou ao exílio o rei e os seus descendentes, e somando os factos desta filha natural ter nascido na vigência do reinado de seu pai e de ter sido reconhecida pelo próprio, a mesma reivindicou direitos de sucessão ao trono de Portugal.

Mais tarde, por volta de 1834, no último ano do reinado de D. Miguel I e novamente antes da aplicação da Lei do Banimento, o monarca teve ainda uma segunda filha natural com uma mulher de origem humilde residente em Santarém. Esta segunda filha, em virtude da mãe não pertencer à nobreza portuguesa, não gozou do mesmo reconhecimento público que a primeira filha natural do monarca; todavia, o rei conferiu-lhe, tal como à primeira filha, o direito ao uso dos apelidos da realeza para efeitos de registo de Baptismo e de legitimação paterna. Reivindicou direitos de sucessão e deixou descendência.

  • Maria da Assunção de Bragança (1831 - 1897)
  • Maria de Jesus de Bragança (1834 - 1903)

D. Miguel, então a viver na Alemanha, casou-se a 24 de setembro de 1851, em Kleinheubach, com a princesa Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg e de quem teve sete filhos que nunca aceitaram bem o facto da sua perda de direitos dinásticos e que continuaram a apresentar pretensões a títulos nobiliárquicos e à herança do trono de Portugal. Contudo, nunca desrespeitaram o que estava pré-definido pelas Cortes de Lamego e pela Carta Constitucional, que definia que "nenhum estrangeiro poderá suceder na Coroa do Reino de Portugal".

  • Maria das Neves de Bragança (1852 - 1941)
  • Miguel Januário de Bragança (1853 - 1927)
  • Maria Teresa de Bragança (1855 - 1944)
  • Maria José de Bragança (1857 - 1943)
  • Aldegundes de Bragança (1858 - 1956)
  • Maria Ana de Bragança (1861 - 1942)
  • Maria Antónia de Bragança (1862 - 1959)
Dom | 25.08.19

Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I, de Portugal

Blog Real
No dia 1 de maio de 1500, Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, anunciou ao rei Dom Manuel, de Portugal, o descobrimento de novas terras em 22 de Abril e as suas impressões sobre a terra e sua gente.
 
UM TRECHO da carta: "Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas.Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão.Depois lhe pegaram, mas como espantados.Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo."
 
CAMINHA, Pero de Vaz.

Fonte: http://comendadoriadesantamariadocastelo.blogspot.com/

Sex | 23.08.19

Reis de Portugal - Pedro IV de Portugal

Blog Real

Pedro I do Brasil ou Pedro IV de Portugal (Queluz, 12 de outubro de 1798 – Queluz, 24 de setembro de 1834), apelidado de "o Libertador" e "o Rei Soldado", foi o primeiro Imperador do Brasil como Pedro I de 1822 até sua abdicação em 1831, e também Rei de Portugal e Algarves como Pedro IV entre março e maio de 1826. Era o quarto filho do rei João VI de Portugal e sua esposa a rainha Carlota Joaquina da Espanha, sendo assim um membro da Casa de Bragança. Pedro viveu seus primeiros anos de vida em Portugal até que tropas francesas invadiram o país em 1807, forçando a transferência da família real para o Brasil.

A eclosão da Revolução Liberal do Porto, em 1820, forçou a volta de João VI para Portugal em abril do ano seguinte, ficando Pedro no Brasil como seu regente. Ele precisou lidar com ameaças de tropas portuguesas revolucionárias e insubordinadas, com todas no final sendo subjugadas. Desde a chegada da família real portuguesa em 1808, o Brasil tinha gozado de grande autonomia política, porém a ameaça do governo português de revogar essas liberdades criou grande descontentamento na colônia. Pedro ficou do lado dos brasileiros e declarou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Foi aclamado como seu imperador no dia 12 de outubro e derrotou todas as forças fiéis a Portugal até março de 1824. Alguns meses depois, esmagou a Confederação do Equador, uma revolta separatista que havia eclodido em Pernambuco e se alastrado para outras províncias do nordeste brasileiro.

Uma nova rebelião se iniciou na província Cisplatina no começo de 1825, com a subsequente tentativa por parte das Províncias Unidas do Rio da Prata de anexá-la levando o Brasil a entrar na Guerra da Cisplatina. Nesse meio tempo Pedro também se tornou o monarca de Portugal após a morte de seu pai, rapidamente abdicando do trono em favor de sua filha mais velha Maria II. A situação piorou em 1828 quando a guerra no sul fez o Brasil perder a Cisplatina, que se tornou um país independente, denominado Uruguai. No mesmo ano o trono de Maria foi usurpado pelo infante Miguel, irmão mais novo de Pedro. Seus casos sexuais extraconjugais criaram grandes escândalos e também mancharam sua reputação. Mais dificuldades sugiram no parlamento brasileiro, onde os debates políticos passaram a ser dominados a partir de 1826 com a discussão sobre se o governo deveria ser escolhido pelo imperador ou pela legislatura. Pedro foi incapaz de lidar com os problemas simultâneos do Brasil e Portugal, por fim abdicando do trono brasileiro em 7 de abril de 1831 em favor de seu filho mais novo Pedro II e partindo para a Europa.

Pedro invadiu Portugal em julho de 1832 no comando de um exército. Inicialmente seu envolvimento parecia ser em uma guerra civil portuguesa, porém logo o conflito ficou maior e englobou toda a Península Ibérica em uma disputa entre defensores do liberalismo e aqueles que queriam a volta do absolutismo. Pedro acabou morrendo de tuberculose em 24 de setembro de 1834, poucos meses depois de ele e os liberais terem saído vitoriosos. Ele foi considerado por contemporâneos e pela posteridade como uma figura importante que auxiliou na propagação dos ideais liberais que haviam permitido que o Brasil e Portugal deixassem os regimes absolutistas para formas mais representativas de governo.

Início de Vida

Nascimento:

Pedro nasceu na manhã de 12 de outubro de 1798 no Palácio Real de Queluz, Portugal. Ele foi nomeado em homenagem a São Pedro de Alcântara e seu nome completo era Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon. Desde seu nascimento recebeu o prefixo honorífico de "Dom".

Seu pai era o então D. João, Príncipe do Brasil, com Pedro sendo assim membro da Casa de Bragança. Seus avós eram a rainha D. Maria Ie o rei D. Pedro III de Portugal, que eram sobrinha e tio além de marido e mulher. Sua mãe era a infanta Carlota Joaquina, filha do rei Carlos IV de Espanha e sua esposa Maria Luísa de Parma. Os pais de Pedro tiveram um casamento infeliz; Carlota Joaquina era uma mulher ambiciosa que sempre procurava defender os interesses espanhóis, mesmo em detrimento de Portugal. Havia relatos de que ela era infiel com o marido, chegando ao ponto de conspirar contra ele junto com nobres portugueses insatisfeitos.

Pedro era o segundo filho menino mais velho de João e Carlota Joaquina, o quarto filho no geral, tornando-se o herdeiro aparente de seu pai com o título de Príncipe da Beira em 1801 após a morte de seu irmão mais velho D. Francisco Antônio. João desde 1792 atuava como regente em nome de sua mãe Maria I, que havia sido declarada mentalmente insana e incapaz de governar. Os pais de Pedro se afastaram em 1802; João foi viver no Palácio Nacional de Mafra enquanto Carlota Joaquina ficou no Palácio do Ramalhão. Pedro e seus irmãos D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Maria Francisca, D. Isabel Maria e D. Miguel foram viver no Palácio de Queluz junto com sua avó a rainha, longe dos pais que viam apenas durante ocasiões de estado.

Educação:

No final de novembro de 1807, quando Pedro tinha apenas nove anos de idade, o exército francês do imperador Napoleão Bonaparte invadiu Portugal e toda a família real portuguesa fugiu de Lisboa. A corte atravessou o oceano Atlântico até chegar em março do ano seguinte à cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, a maior e mais rica colônia de Portugal. Pedro leu Eneida de Virgílio durante a viagem e conversou com vários membros da tripulação de seu navio, aprendendo noções de navegação. No Brasil, após uma breve estada no Paço Real, Pedro e seu irmão Miguel estabeleceram-se junto com seu pai no Paço de São Cristóvão. Pedro amava o pai, apesar de nunca ter sido íntimo dele, ressentindo a constante humilhação que João sofria nas mãos de Carlota Joaquina por causa dos casos extraconjugais dela. Como resultado, quando adulto Pedro abertamente chamava sua mãe de "vadia" e sentia por ela nada além de desprezo. As experiências de traição, frieza e negligência que passou quando criança tiveram grande impacto na formação de sua personalidade e caráter quando adulto.

Uma pequena quantidade de estabilidade durante sua infância vinha da presença de sua aia Maria Genoveva do Rêgo e Matos, quem amou como uma mãe, e seu aio e supervisor o frei Antônio de Arrábida, que tornou-se seu mentor. Ambos ficaram encarregados do crescimento do príncipe e tentaram lhe dar uma educação adequada. Seus estudos englobavam uma grande gama de assuntos que incluíam matemática, economia política, lógica, história e geografia. Pedro aprendeu a ler e escrever em português, além de latim e francês. Também conseguia traduzir textos do inglês e entender alemão. Mais tarde como imperador, Pedro dedicaria pelo menos duas horas de seu dia para ler e estudar.

Apesar da abrangência da instrução de Pedro, sua educação mostrou-se deficiente. O historiador Otávio Tarquínio de Sousa afirmou que Pedro "era sem sombra de dúvida inteligente, astuto [e] perspicaz". Entretanto, o historiador Roderick J. Barman escreveu que tinha uma natureza "muito efervescente, muito errática e muito emocional". Pedro permaneceu impulsivo, nunca aprendeu a exercer autocontrole, avaliar as consequências de suas decisões ou adaptar seu panorama para situações em mudança. João jamais permitiu que alguém disciplinasse o filho. Este às vezes contornava sua rotina de duas horas de estudos diários ao dispensar seus instrutores para poder realizar atividades que considerava como mais interessantes.

Primeiro Casamento:

Pedro encontrava prazer em atividades que necessitavam de habilidades físicas em vez de ficar na sala de aula. Ele treinou equitação na Fazenda Santa Cruz de seu pai, tornando-se um bom cavaleiro e um excelente ferrador. Pedro e seu irmão Miguel gostavam de sair caçando a cavalo através de terrenos desconhecidos e florestas, às vezes até mesmo de noite e sob mau tempo. O príncipe mostrava talento para desenho e artesanato, fazendo por conta própria mobílias e entalhando madeira. Além disso, Pedro também gostava bastante de música, transformando-se em um hábil compositor sob a tutela de Marcos Portugal. Tinha uma boa voz para o canto e era proficiente em diversos instrumentos (incluindo piano, flauta e violão), conseguindo tocar canções e danças populares. Pedro era um homem simples tanto em hábitos quanto ao lidar com outras pessoas. Exceto em ocasiões solenes quando era necessário usar vestuários elegantes, suas roupas diárias consistiam em calças brancas de algodão, uma jaqueta listrada também de algodão e um chapéu de palha com abas largas, ou ainda uma sobrecasaca e cartola para situações mais formais. Ele frequentemente entrava em conversas com pessoas nas ruas querendo saber sobre seus problemas.

A personalidade de Pedro era marcada por uma vontade enérgica que beirava a hiperatividade. Era impetuoso com uma tendência para ser dominador e temperamental. Distraia-se ou ficava entediado facilmente, entretendo-se com namoricos em sua vida pessoal além de suas atividades equestres e de caça. Seu espírito inquieto fazia-o buscar aventuras e, certas vezes, disfarçado de viajante, frequentava tavernas nos distritos de pior reputação do Rio de Janeiro. Pedro raramente bebia álcool, porém era um mulherengo incorrigível. Seu primeiro caso duradouro conhecido foi com uma dançarina francesa chamada Noémi Thierry, que teve uma criança natimorta dele. Seu pai, que em 1816 tornou-se rei João VI com a morte de Maria I, enviou Thierry para longe a fim que ela não ameaçasse o noivado de Pedro com a arquiduquesa Leopoldina da Áustria, filha do imperador Francisco I da Áustria e a princesa Maria Teresa da Sicília.

Pedro e Leopoldina casaram-se por procuração no dia 13 de maio de 1817, com ela assumindo o nome de Maria Leopoldina. Esta chegou ao Rio de Janeiro em 5 de novembro, imediatamente se apaixonando pelo marido, que era muito mais charmoso e atraente do que fora levada a esperar. Após "anos sob o sol tropical, sua pele ainda era clara, suas bochechas rosadas". Pedro, então com dezenove anos, era bonito e um pouco mais alto do que a média, possuindo olhos negros e um cabelo castanho escuro. "Sua boa aparência", segundo o historiador Neill Macaulay, "devia-se muito ao seu porte, orgulhoso e ereto mesmo em tenra idade, e sua preparação, que foi impecável. Habitualmente arrumado e limpo, ele havia adotado o costume brasileiro de tomar banho frequentemente". A missa nupcial ocorreu no dia seguinte, com a ratificação dos votos feitos anteriormente por procuração. O casal teve sete filhos: D. Maria, D. Miguel, D. João Carlos, D. Januária, D. Paula, D. Francisca e D. Pedro.

Imperador do Brasil:

O príncipe foi aclamado em 12 de outubro como Imperador D. Pedro I, o dia de seu aniversário de 24 anos e também a data oficial da fundação do Império do Brasil. Ele foi coroado em 1 de dezembro. Sua ascensão não se estendeu imediatamente por todos os territórios brasileiros e Pedro teve que forçar a submissão de várias províncias nas regiões sudoeste, nordeste e norte, com as últimas unidades ainda leais a Portugal se rendendo apenas no começo de 1824. Enquanto isso a relação de Pedro e José Bonifácio se deteriorou. A situação chegou ao ápice quando o imperador dispensou o ministro sob os motivos de conduta inapropriada. José Bonifácio tinha usado sua posição para assediar, perseguir, prender e até mesmo exilar seus inimigos políticos. Por meses os inimigos do ministro tinham trabalhado para ganhar o favor do imperador. Esses haviam conferido a Pedro em 13 de maio de 1822 enquanto ainda era regente o título de "Defensor Perpétuo do Brasil", também lhe introduzindo à Maçonaria em 2 de agosto e posteriormente o fazendo grão-mestre em 7 de outubro no lugar do próprio José Bonifácio.

A crise entre monarca e seu antigo ministro afetou imediatamente a Assembleia Geral Nacional Constituinte, que havia sido eleita com o objetivo de criar uma constituição para o país recém criado. José Bonifácio, como membro da assembleia constituinte, havia recorrido a demagogia e alegou a existência de uma grande conspiração portuguesa contra os interesses brasileiros; ele chegou até mesmo a insinuar que Pedro, nascido português, também estava implicado. O imperador ficou ultrajado pela invetiva direcionada aos leais cidadãos que eram de nascimento português, além das insinuações que o próprio estava conflituoso sobre sua lealdade ao Brasil. Pedro ordenou em 12 de novembro de 1823 a dissolução da assembleia constituinte e convocou novas eleições. No dia seguinte encarregou o recém estabelecido Conselho de Estado de elaborar um rascunho constitucional. As cópias do documento resultante foram enviadas para todos os concelhos municipais, com a enorme maioria votando a favor de sua adoção instantânea como a Constituição do Império.

A constituição foi outorgada por Pedro em 25 de março de 1824, criando um Estado altamente centralizado. Como resultado, elementos rebeldes da província de Pernambucotentaram se separar do Brasil e uniram-se aos insurgentes das províncias da Paraíba e do Ceará no que ficou conhecida como a Confederação do Equador. O imperador tentou sem sucesso impedir o derramamento de sangue ao oferecer-se para aplacar os revoltosos. Ele furioso falou que "O que estavam a exigir os insultos de Pernambuco? Certamente um castigo, e um castigo tal que se sirva de exemplo para o futuro". Pedro pediu empréstimos ao Reino Unido para contratar mercenários e as tropas seguiram para o Recife sob o comando de Thomas Cochrane. Os rebeldes, que nunca conseguiram assegurar seu controle das províncias, foram subjugados, e as rebeliões já tinha acabado por volta do final de 1824. Dezesseis revoltosos foram julgados e executados, enquanto os outros foram perdoados pelo imperador. Além disso, Pedro ordenou que Pernambuco perdesse parte de seu território, que inicialmente foi cedido para Minas Gerais e depois para a Bahia.

Sucessão Portuguesa:

Portugal acabou assinando o Tratado do Rio de Janeiro em 29 de agosto de 1825 após longas negociações, por fim reconhecendo a independência do segundo. Exceto pelo reconhecimento da independência, as provisões do tratado foram às custas do Brasil, incluindo a exigência do pagamento de reparações financeiras a Portugal, com nenhum outro requerimento ficando por parte da antiga metrópole. A compensação deveria ser paga a todos os cidadãos portugueses residentes no Brasil pelas perdas que tinham passado, como por exemplo propriedades que foram confiscadas. João também recebeu o direito de se intitular Imperador do Brasil. Mais humilhante foi que o tratado implicava que a independência havia sido concedida como um ato beneficente do rei português, ao invés de ter sido compelida pelos brasileiros através da força bruta. Pior ainda, o Reino Unido foi recompensado por seu papel no avanço das negociações ao assinar um tratado separado em que seus favoráveis direitos comerciais foram renovados, além da assinatura de uma convenção em que o Brasil concordava em abolir o comércio de escravos com a África dentro de quatro anos. Ambos os acordos prejudicaram seriamente os interesses comerciais brasileiros.

Pedro recebeu alguns meses depois a notícia de que seu pai havia morrido em 10 de março de 1826, e que sendo assim havia sucedido João no trono de Portugal como Rei D. Pedro IV. O imperador rapidamente abdicou da coroa portuguesa em 2 de maio por saber que uma união pessoal entre o Brasil e Portugal seria inaceitável para os povos de ambas as nações, passando o trono para a sua filha mais velha que se tornou a Rainha D. Maria II de Portugal . Sua abdicação foi condicional: Portugal deveria aceitar uma constituição elaborada por ele e Maria casaria-se com seu irmão Miguel. Pedro continuou a agir como rei ausente mesmo com a abdicação e intercedeu em assuntos diplomáticos e internos, como a realização de nomeações. Para o monarca foi no mínimo difícil manter separadas sua posição de imperador brasileiro e suas obrigações de proteger os interesses de sua filha em Portugal.

Miguel fingiu aceitar os planos do irmão. O infante anulou a constituição com o apoio de Carlota Joaquina logo que foi nomeado regente da sobrinha no início de 1828, sendo aclamado como rei com o suporte dos portugueses que eram a favor do absolutismo. Além da dolorosa traição de seu amado irmão, Pedro também teve que suportar a deserção de suas irmãs Maria Teresa, Maria Francisca, Isabel Maria e Maria da Assunção todas para a facção de Miguel. Apenas a sua irmã caçula Ana de Jesus permaneceu fiel, posteriormente viajando para o Rio de Janeiro a fim de ficar perto de Pedro. O imperador ficou consumido pelo ódio e começou a acreditar nos rumores que Miguel havia matado João, virando seu foco para Portugal e tentando em vão conseguir apoio internacional pelos direitos de Maria.

Segundo casamento:

Pedro percebeu depois da morte da esposa como a havia tratado miseravelmente, com sua relação com Domitila começando a ruir. Diferentemente da amante, Maria Leopoldina era popular, honesta e amava o marido sem esperar nada em troca. O imperador passou a sentir muitas saudades dela, nem mesmo sua obsessão por Domitila conseguindo fazê-lo superar seu sentimento de perda e arrependimento. Um dia a amante encontrou-o chorando no chão abraçado a um retrato de Maria Leopoldina, cujo fantasma infeliz Pedro afirmou ter visto. Posteriormente o imperador deixou a cama que estava com Domitila e gritou: "Larga-me! Sei que levo vida indigna de um soberano. O pensamento da Imperatriz não me deixa". Ele não esqueceu de seus filhos, que ficaram órfãos de mãe, sendo observado em mais de uma ocasião segurando seu filho Pedro em seus braços e dizendo: "Pobre menino, és o príncipe mais infeliz do mundo".

Domitila acabou deixando o Rio de Janeiro em 27 de junho de 1828 após insistências do imperador. Pedro decidiu casar-se novamente e tornar-se uma pessoa melhor. Ele tentou convencer seu sogro Francisco I de sua sinceridade, afirmando em uma carta "que toda minha perversidade acabou, que não hei de novamente cair nos erros em que já caí, que arrependo-me e pedi a Deus por perdão". Francisco não se convenceu, tendo ficado profundamente ofendido pela conduta que sua filha tinha passado, retirando seu apoio às preocupações brasileiras e frustrando os interesses portugueses de Pedro. Princesas de várias nações recusaram propostas de casamento uma depois da outra devido a má reputação do imperador pela Europa. O seu orgulho ficou muito ferido e ele acabou permitindo a volta de Domitila, que chegou na capital em 29 de abril de 1829 após quase um ano longe.

Entretanto, Pedro encerrou definitivamente sua relação com Domitila ao saber que um noivado tinha finalmente sido arranjado. Ela voltou em 27 de agosto a viver em sua província natal de São Paulo, onde permaneceu pelo resto da vida. Dias antes em 2 de agosto, Pedro havia se casado por procuração com a princesa Amélia de Leuchtenberg, filha Eugênio de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg, e da princesa Augusta da Baviera. O imperador ficou impressionado por sua beleza ao conhecê-la pessoalmente. Os votos realizados por procuração foram ratificados em 17 de outubro em uma missa nupcial. Amélia era bondosa e amorosa com os filhos dele e providenciou um necessitado sentimento de normalidade tanto para a família imperial quanto para o público em geral. A promessa de Pedro feita após o banimento de Domitila para alterar seu comportamento acabou mostrando-se sincera. Ele nunca mais teve quaisquer casos e manteve-se fiel à nova esposa. Pedro também fez as pazes com José Bonifácio, seu antigo ministro e mentor, em uma tentativa de mitigar e superar os seus desentendimentos do passado.

Guerra civil:

Pedro, Amélia e outros embarcaram na fragata britânica HMS Warspite na manhã do dia 7 de abril. A embarcação permaneceu ancorada no Rio de Janeiro e o antigo imperador foi transferido para o HMS Volage em 13 de abril, partindo no mesmo dia para a Europa. Ele chegou em Cherbourg-Octeville, França, em 10 de junho. Pelos meses seguintes ficou indo e voltando entre a França e Reino Unido. Pedro foi bem recebido, porém não recebeu nenhum apoio de ambos os governos.Encontrando-se em uma situação embaraçosa por não ter nenhuma posição oficial tanto na casa imperial brasileira quanto na casa real portuguesa, ele assumiu em 15 de junho o título de Duque de Bragança, que anteriormente já tinha mantido como herdeiro de Portugal. Apesar de que título deveria pertencer ao herdeiro de Maria, algo que Pedro certamente não era, sua reivindicação foi reconhecida de forma geral. A sua única filha com Amélia, a princesa D. Maria Amélia, nasceu em 1 de dezembro em Paris.

Pedro não esqueceu de seus outros filhos e escreveu cartas comoventes para cada um deles, expressando o quanto sentia saudades e pedindo repetidas vezes para que levassem a sério suas educações. Ele disse a seu filho e sucessor pouco depois de sua abdicação: "Tenho a intenção que eu e o mano Miguel havemos de ser os últimos malcriados da família Bragança". Charles John Napier, um comandante naval britânico que lutou com Pedro na década de 1830, comentou que "suas boas qualidades eram próprias; as ruins devido à falta de educação; e nenhum homem era mais sensível a isso do que o próprio". As suas cartas para Pedro II frequentemente continham linguajar muito além do nível de leitura do menino, com historiadores presumindo que tais passagens tinham a intenção de servirem como conselhos que o jovem monarca eventualmente pudesse consultar ao alcançar a idade adulta.

Em Paris, Pedro acabou conhecendo e ficando amigo de Gilbert du Motier, Marquês de La Fayette, um veterano da Guerra da Independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa que se tornou um de seus maiores apoiadores. O duque despediu-se em 25 de janeiro de 1832 de sua família, La Fayette e mais de duzentas pessoas que haviam ido lhe desejar boa sorte. Ele ajoelhou-se diante de Maria e disse: "Minha senhora, aqui estás um general português que irá manter os seus direitos e restaurar a sua coroa". Sua filha o abraçou em seguida em lágrimas. Pedro partiu para o arquipélago atlântico dos Açores, o único território português que permanecera leal a Maria. Ele passou alguns meses realizando preparações finais e por fim partiu para Portugal continental, entrando na cidade do Porto sem oposição no dia 9 de julho. Pedro estava na liderança de uma pequena força portuguesa composta por liberais como Almeida Garrett e Alexandre Herculano, além de mercenários estrangeiros e voluntários como o neto de La Fayette, Adrien Jules de Lasteyrie.

Morte:

O exército de Pedro estava em grande inferioridade numérica e foi cercado pelos liberais no Porto por mais de um ano. Foi nesta situação que no começo de 1833 que recebeu as notícias de que sua filha Paula estava para morrer. Meses depois em setembro Pedro se encontrou com Antônio Carlos de Andrada, um dos irmãos de José Bonifácio. Como um representante do chamado Partido Restaurador, Antônio Carlos pediu para o duque retornar ao Brasil e governar seu antigo império como regente durante a minoridade do filho. Pedro percebeu que os Restauracionistas queriam usá-lo como uma ferramenta a fim de facilitar sua chegada ao poder, frustrando Antônio Carlos ao fazer as exigências mais impossíveis para ver se o povo brasileiro também queria sua volta, não apenas uma facção política. Ele também insistiu que quaisquer pedidos de retorno como regente fossem constitucionalmente válidos. A vontade do povo teria de ser transmitida através de seus representantes locais e sua nomeação precisaria ser aprovada pelo parlamento. Apenas assim, e "sob a apresentação de uma petição a ele em Portugal por uma delegação oficial do parlamento brasileiro", Pedro consideraria aceitar o pedido.

Durante a guerra contra Miguel, Pedro montou canhões, cavou trincheiras, cuidou de feridos, comeu dentre os soldados mais baixos e lutou sob fogo pesado enquanto homens ao seu lado eram alvejados ou explodidos. A sua causa estava quase perdida até ele tomar a arriscada atitude de dividir suas forças e enviar uma parte para lançar um ataque anfíbio no sul de Portugal. A região de Algarve caiu diante da expedição, que então marchou direto para Lisboa e capturou a capital em 24 de julho. Pedro então seguiu para subjugar o restante do país, porém bem quando o conflito parecia estar direcionando-se para sua conclusão, interveio seu tio espanhol o infante Carlos, Conde de Molina e que estava tentando tomar a coroa de sua sobrinha a rainha Isabel II. Essa guerra maior englobou toda a Península Ibérica e o duque aliou-se com os exércitos espanhóis liberais leais à rainha, derrotando tanto Miguel quanto Carlos. Um tratado de paz foi assinado em 26 de maio de 1834.

Pedro sempre gozou de saúde forte durante toda sua vida, exceto por surtos de epilepsia a cada alguns anos. Porém a guerra minou sua constituição e por volta de 1834 ele estava sofrendo de tuberculose. Em 10 de setembro Pedro ficou de cama no Palácio Real de Queluz[267][268] e ditou uma carta aberta aos brasileiros em que implorava a adoção da gradual abolição da escravidão: "Escravidão é um mal, e um ataque contra os direitos e dignidade da espécie humana, porém suas consequências são menos prejudiciais para aqueles que sofrem no cativeiro do que para a Nação cujas leis permitem a escravidão. Ela é um câncer que devora a moralidade". Pedro morreu às 14h30min do dia 24 de setembro de 1834 após uma longa e dolorosa doença. Conforme seu pedido, seu coração foi colocado na Igreja da Lapa no Porto, enquanto seu corpo foi inicialmente enterrado no Panteão da Dinastia de Bragança na Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa. As notícias de sua morte chegaram no Rio de Janeiro em 20 de novembro, porém seus filhos foram informados apenas em 2 de dezembro. José Bonifácio, que havia sido removido de sua posição de guardião, escreveu a Pedro II e suas irmãs: "Dom Pedro não morreu. Apenas homens ordinários morrem, heróis não".

Títulos e Honras:

Títulos e estilos

  • 12 de outubro de 1798 – 11 de junho de 1801: "Sua Alteza, o Sereníssimo Infante D. Pedro, Grão Prior de Crato"
  • 11 de junho de 1801 – 20 de março de 1816: "Sua Alteza Real, o Príncipe da Beira"
  • 20 de março de 1816 – 9 de janeiro de 1817: "Sua Alteza Real, o Príncipe do Brasil"
  • 9 de janeiro de 1817 – 10 de março de 1826: "Sua Alteza Real, o Príncipe Real"
  • 12 de outubro de 1822 – 7 de abril de 1831: "Sua Majestade Imperial, o Imperador"
  • 10 de março de 1826 – 2 de maio de 1826: "Sua Majestade, o Rei"
  • 15 de junho de 1831 – 24 de setembro de 1834: "Sua Alteza Imperial, o Duque de Bragança"

No Brasil, seu título e estilo completo era: "Sua Majestade Imperial, D. Pedro I, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil". Já em Portugal, como rei era: "Sua Majestade Fidelíssima, D. Pedro IV, Rei de Portugal e Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."

Honras Brasileiras:

  • Grão-Mestre da Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo
  • Grão-Mestre da Imperial Ordem de São Bento de Avis
  • Grão-Mestre da Imperial Ordem de Sant'Iago da Espada
  • Grão-Mestre da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul
  • Grão-Mestre da Imperial Ordem de Pedro Primeiro
  • Grão-Mestre da Imperial Ordem da Rosa

Honras Portuguesas:

  • Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo
  • Grão-Mestre da Ordem de São Bento de Avis
  • Grão-Mestre da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
  • Grão-Mestre da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
  • Grão-Mestre da Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

Honras Estrangeiras:

  • Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro
  • Grã-Cruz da Ordem de Carlos III
  • Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica
  • Cavaleiro da Ordem de São Luís
  • Cavaleiro da Ordem de São Miguel
  • Grão-Cruz da Ordem Nacional da Legião de Honra
  • Grã-Cruz da Ordem de Santo Estêvão

Descendência:

Com Maria Leopoldina da Áustria:

  • Maria II de Portugal (4 de abril de 1819 – 15 de novembro de 1853)
  • Miguel, Príncipe da Beira (26 de abril de 1820)
  • João Carlos, Príncipe da Beira (6 de março de 1821 – 4 de fevereiro de 1822)
  • Januária do Brasil (11 de março de 1822 – 13 de março de 1901)
  • Paula do Brasil (17 de fevereiro de 1823 – 16 de janeiro de 1833)
  • Francisca do Brasil (2 de agosto de 1824 – 27 de março de 1898)
  • Pedro II do Brasil (2 de dezembro de 1825 – 5 de dezembro de 1891)

Com Amélia de Leuchtenberg:

  • Maria Amélia do Brasil (1 de dezembro de 1831– 4 de fevereiro de 1853)

Com Maria Benedita de Castro:

  • Rodrigo Delfim Pereira (4 de novembro de 1823 – 31 de janeiro de 1891)

Com Domitila de Castro, Marquesa de Santos:

  • Isabel Maria de Alcântara Brasileira, Duquesa de Goiás (23 de maio de 1824 - 3 de novembro e 1898)
  • Pedro de Alcântara Brasileiro (7 de dezembro de 1825 – 27 de dezembro de 1825)
  • Maria Isabel de Alcântara Brasileira (13 de agosto de 1827 –25 de outubro de 1828)
  • Maria Isabel de Alcântara Bourbon (28 de fevereiro de 1830 – 5 de setembro de 1896)

Com Henriette Josephine Clemence Saisset:

  • Pedro de Alcântara Brasileiro (28 de agosto de 1829 – 1902)
Sex | 23.08.19

Panteão das Duquesas de Bragança

Blog Real

Panteão das Duquesas de Bragança localiza-se no Conventos das Chagas de Cristo, em Vila Viçosa, em Portugal. Foi fundado em 1515 por D. Jaime I, 4º Duque de Bragança, para albergar o Panteão das Duquesas de Bragança, acolhendo os túmulos das Duquesas e das filhas solteiras dos Duques de Bragança. As obras prolongaram-se até ao filho do fundador, D. Teodósio I, 5º Duque de Bragança, em 1533.

O Panteão dos Duques de Bragança encontra-se igualmente localizado em Vila Viçosa, no Convento dos Agostinhos, perto do Panteão das Duquesas.

Sepultamentos:

  • D. Angélica (1573-1576); D. Querubina (1572-1580); D. Isabel (1578-1582); D. Maria (1565-1592), filhas de D. João I;
  • D. Isabel de Bragança (1511-1576);
  • D. Maria das Chagas de Bragança (1527-1586), freira, filha de D. Jaime I;
  • D. Vicência do Espírito Santo de Bragança (1532-1603), freira;
  • D. Ana de Velasco e Girón, Duquesa de Bragança (1585-1607);
  • D. Catarina (1606-1610), filha de D. Teodósio II;
  • D. Catarina de Portugal, Duquesa de Bragança (1540-1614);
  • D. Joana da Trindade Mendonça (falecida em 1616), abadessa, filha do 2.º Marquês de Ferreira e D. Eugénia de Bragança, neta materna de D. Jaime I;
  • D. Beatriz de Lencastre (1542-1623);
  • D. Antónia da Encarnação (falecida em 1635) e D. Maria, freiras, filhas ilegítimas de D. Jaime I;
  • D. Angélica de Bragança, abadessa, filha de D. Fulgêncio de Bragança, neta paterna de D. Jaime I;
  • D. Maria Francisca de Orléans e Bragança (1914-1968).
Sex | 23.08.19

Panteão dos Duques de Bragança

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Panteão dos Duques de Bragança localiza-se na Igreja do Convento dos Agostinhos, em Vila Viçosa, em Portugal. Foi fundado em 1267 enquanto Mosteiro de Santo Agostinho, pertencente à Ordem dos Eremitas Calçados, no reinado de D. Afonso III, tendo sido a primeira casa de religiosos a ser instituída em Vila Viçosa. O templo monacal foi dedicado a Nossa Senhora da Graça. Posteriormente à doação régia de Vila Viçosa à Casa de Bragança, a comunidade agostinha foi favorecida pelos Duques de Bragança. D. Jaime I, 4º Duque de Bragança, procedeu a obras de ampliação do Paço Ducal e determinou que o Convento dos Agostinhos fosse alterado para albergar o Panteão dos Duques de Bragança. As obras prolongaram-se até ao 8º Duque D. João II e futuro Rei de Portugal como D. João IV, em 1635.

O Panteão das Duquesas de Bragança encontra-se igualmente localizado em Vila Viçosa, no Convento das Chagas de Cristo, perto do Panteão dos Duques.

Sepultados no Panteão:

  • D. Leonor de Meneses (1430-1452);
  • D. Afonso I, Duque de Bragança (1377-1461);
  • D. Fernando I, Duque de Bragança (1403-1478);
  • D. Fernando II, Duque de Bragança (1430-1483);
  • D. Jaime I, Duque de Bragança (1479-1532);
  • D. Teodósio I, Duque de Bragança (1505-1563);
  • D. Maria (1573-1573), filha de D. João I;
  • D. João I, Duque de Bragança (1543-1583);
  • D. Alexandre de Bragança, Arcebispo de Évora (1570-1608);
  • D. Filipe (1581-1608), filho de D. João I;
  • D. Duarte de Bragança, Marquês de Frechilla (1569-1627);
  • D. Teodósio II, Duque de Bragança (1568-1630);
  • D. Alexandre (1607-1637), filho de D. Teodósio II;
  • D. Manuel de Bragança (1640-1640);
  • Cenotáfio de D. Duarte de Bragança, senhor de Vila do Conde (1605-1649), que ficou sepultado na igreja do Castello Sforzesco;
  • D. Duarte Nuno de Bragança (1907-1976).
Ter | 20.08.19

Jorge José de Melo, Oficial-Mor Honorário da Casa Real

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Jorge José de Melo (em grafia antiga Jorge José de Mello) (Lisboa, Alcântara, 2 de Agosto de 1857 - Lisboa, Santa Isabel, 8 de Novembro de 1922), 2.º Conde do Cartaxo, foi um político português.

D. Jorge José de Melo era filho secundogénito de D. António Maria José de Melo da Silva César e Meneses, 8.º Conde e 3.º Marquês de Sabugosa, 10.º Conde de São Lourenço e 10.º Alferes-Mor do Reino, e de sua mulher D. Maria do Carmo da Cunha Portugal e Meneses e sobrinho paterno do 1.º Conde do Cartaxo.

Era Bacharel formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Oficial-Mor Honorário da Casa Real, Par do Reino e 50.º Governador Civil do Distrito de Lisboa de 4 de Maio de 1905 a 20 de Março de 1906.

O título de 2.º Conde do Cartaxo foi-lhe renovado, em sua vida, por Decreto de D. Carlos I de Portugal de 24 de Março de 1906. Armas: escudo partido, a 1.ª cortada, o 1.º de Lancastre e o 2.º de Melo, e a 2.ª César, sobre o todo da Silva; timbre: de Melo; Coroa de Conde.

Casou em Lisboa, São Mamede, a 11 de Junho de 1891 com Maria Luísa de Lima Mayer (Lisboa, São José, 1 de Janeiro de 1875 - Lisboa, São Mamede, 25 de Abril de 1958), filha de Adolfo de Lima Mayer e de sua mulher Maria Amália Rosalina Pereira Guimarães, prima-irmã do 1.º Visconde de Benalcanfor e sobrinha materna do 1.º Visconde dos Olivais, com geração.[6][7], e prima direita da Viscondessa de Meneses, Carlota Emília MacMahon Pereira Guimarães (Lisboa, 19 de Setembro de 1841 - Lisboa, 2 de Maio de 1877) e prima direita da 2ª Viscondessa dos Olivais, Clotilde da Veiga Araújo ( 1849-1916).

Dom | 18.08.19

Reis de Portugal - João VI de Portugal

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João VI (nome completo: João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança) (Lisboa, 13 de maio de 1767 — Lisboa, 10 de março de 1826), cognominado O Clemente, foi rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 1816 a 1822 (quando da independência do Brasil - que redundou na extinção do Reino Unido até então existente). De 1822 em diante foi rei de Portugal e Algarves até à sua morte, em 1826. Pelo Tratado do Rio de Janeiro de 1825, que reconhecia a independência do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, também foi o imperador titular do Brasil, embora tenha sido o seu filho D. Pedro o imperador do Brasil de facto.

Um dos últimos representantes do absolutismo, D. João VI viveu num período tumultuado, e o seu reinado nunca conheceu paz duradoura. Ora era a situação portuguesa ou europeia a degenerar, ora era a brasileira. Não esperara vir a ser rei, só tendo ascendido à posição de herdeiro da Coroa pela morte do seu irmão mais velho, D. José. Assumiu a regência quando a sua mãe, a rainha D. Maria I de Portugal, foi declarada mentalmente incapaz. Teve de lidar com a constante ingerência nos assuntos do reino de nações mais poderosas, notadamente a Espanha, França e Inglaterra. Obrigado a fugir de Portugal quando as tropas napoleônicasinvadiram o país, no Brasil enfrentou revoltas liberais que refletiam acontecimentos similares na Metrópole, sendo compelido a retornar à Europa no meio de novos conflitos. Perdeu o Brasil quando o seu filho D. Pedro proclamou a independência desse território, e viu o seu outro filho, D. Miguel, rebelar-se buscando depô-lo. Provou-se que morreu envenenado. O seu casamento foi da mesma forma acidentado, e a esposa, Carlota Joaquina de Bourbon, repetidas vezes conspirou contra o marido a favor de interesses pessoais ou de Espanha, seu país natal.

Não obstante as atribulações, deixou uma marca duradoura especialmente no Brasil, criando inúmeras instituições e serviços que sedimentaram a autonomia nacional, sendo considerado por muitos pesquisadores o verdadeiro mentor do moderno Estado brasileiro. Apesar disso é, até hoje, um dos personagens mais caricatos da história luso-brasileira, sendo acusado de indolência, falta de tino político e constante indecisão, sendo a sua pessoa retratada amiúde como grotesca, uma imagem injusta, segundo a historiografia mais recente.

Primeiros Anos:

D. João nasceu em 13 de maio de 1767, durante o reinado de seu avô, D. José I de Portugal, no Paácio Real de Queluz. Foi o segundo dos filhos de D. Maria e D. Pedro, que era também seu tio. Tinha dez anos quando o avô morreu e sua mãe ascendeu ao trono como Maria I de Portugal. Sua infância e juventude foram vividas discretamente, já que era apenas um infante de Portugal, ficando à sombra de seu irmão, D. José, o primogênito e herdeiro do trono. Formou-se um folclore a respeito de uma suposta falta de cultura no príncipe; entretanto, de acordo com Pedreira e Costa, há indícios de que tenha recebido uma educação tão rigorosa quanto a que seu irmão, na condição de herdeiro, recebeu. Por outro lado, um relato do embaixador francês não o pintou em cores favoráveis, descrevendo-o como hesitante e apagado. De qualquer forma, há pouca informação a respeito desta fase de sua vida.

Segundo a tradição, teve como professores de letras e ciências o frei Manuel do Cenáculo, Antônio Domingues do Paço e Miguel Franzini, como mestre de música, o organista João Cordeiro da Silva e o compositor João Sousa de Carvalho, e como instrutor de equitação, o sargento-mor Carlos Antônio Ferreira Monte. De seu aproveitamento, pouco se sabe. Também seguramente teve instrução em religião, legislação, língua francesa e etiqueta, e a história deve ter sido aprendida através da leitura de obras de Duarte Nunes de Leão e João de Barros.

Casamento e crise sucessória:

Em 1785 seu casamento foi arranjado com a infanta Dona Carlota Joaquina, filha do futuro rei Carlos IV de Espanha (na época, ainda era o herdeiro do trono) e de Dona Maria Luísa de Parma. Por razões políticas, temendo uma nova União Ibérica, parte da corte portuguesa não via o casamento com uma princesa espanhola com bons olhos. Apesar de sua pouca idade, Carlota era considerada uma menina muito vivaz e de educação refinada. Não obstante, teve de suportar quatro dias de testes diante dos embaixadores portugueses antes que o casamento se confirmasse. Também, sendo parentes, e pela pouca idade da infanta, os noivos precisaram de uma dispensa papal para poderem se unir. Após a confirmação, a outorga das capitulações matrimoniais foi assinada na sala do trono da corte espanhola, cercada de grande pompa e com a participação dos grandes de ambos os reinos, seguindo-se imediatamente o esponsal, realizado por procuração. D. João foi representando pelo próprio pai da noiva. À noite foi oferecido um banquete para mais de dois mil convidados.

A infanta foi recebida no Paço de Vila Viçosa no início de maio e em 9 de junho o casal recebeu as bênçãos nupciais na capela do Paço. Seu casamento ocorreu ao mesmo tempo que o de sua irmã, Dona Mariana Vitória, destinada ao infante D. Gabriel, também da casa real espanhola. A assídua correspondência de D. João com Dona Mariana na época revela que a falta da irmã lhe pesava, e, comparando-a com sua jovem esposa, dizia: "Ela é muito esperta e tem muito juízo, só o que tem é ser ainda muito pequena e eu gosto muito dela, mas por isso não te deixo de ter amor igual". Por outro lado, o temperamento da menina era pouco dado à docilidade, exigindo por vezes a intervenção da própria rainha Dona Maria. Além disso, ele com dezoito anos e ela com apenas dez, a diferença de idade entre ambos o incomodava e o punha em ansiedade. Pela excessiva juventude da esposa, o casamento ainda não se consumara, e dizia: "Cá há de chegar o tempo em que eu hei de brincar muito com a infanta. Se for por este andar julgo que nem daqui a seis anos. Bem pouco mais crescida está de que quando veio". De fato, a consumação teve de esperar até o dia 5 de abril de 1790. Em 1793 nascia Dona Maria Teresa, a primeira dos nove filhos que teriam.

Entrementes, sua vida relativamente pacata sofreu uma reviravolta em 11 de setembro de 1788, quando seu irmão mais velho, D. José, morreu. Assim D. João passava a ser o herdeiro da Coroa. Em D. José o povo depositava grandes esperanças e era tido como um príncipe alinhado aos ideais progressistas do iluminismo, mas era criticado pelos religiosos, já que parecia inclinar-se para a orientação política anticlerical do marquês de Pombal. Em contrapartida, a imagem de D. João enquanto seu irmão viveu era oposta. Sua religiosidade era notória e teria se mostrado favorável à prática do regime absolutista. A crise sucessória se agravou quando, no ano seguinte, D. João ficou gravemente enfermo, e temeu-se pela sua vida. Recuperado, em 1791 caiu doente outra vez, "deitando sangue pela boca e pelos intestinos", conforme anotações deixadas pelo capelão do marquês de Marialva, acrescentando que seu ânimo estava sempre abatido. Formara-se desta forma um clima de tensão e incertezas sobre o seu futuro reinado.

Regência:

Além disso, a rainha dava crescentes sinais de desequilíbrio mental. Em 10 de fevereiro de 1792, em documento assinado por dezessete médicos, ela foi declarada incapaz de gerir o reino, não havendo previsão de melhora em seu quadro. D. João se mostrou relutante em assumir decididamente as rédeas do poder, rejeitando a ideia de uma regência formalizada, abrindo assim caminho para elementos da nobreza formarem uma corrente que pretendia governar de facto o reino através de um Conselho. Circularam rumores de que D. João exibia sintomas da mesma insanidade, especulando-se se ele também se veria impedido de reinar. De acordo com antigas leis que norteavam a instituição regencial, caso o regente viesse a falecer ou ser impedido por qualquer motivo, e tendo filhos menores de quatorze anos — situação em que se encontraria D. João — o governo seria exercido pelos tutores dos infantes ou, se estes não houvessem sido nomeados formalmente, pela esposa do regente — uma espanhola. Complicava-se, entre temores, suspeitas e intrigas, todo o quadro institucional da nação.

Ao mesmo tempo, sentiam-se os reflexos da Revolução Francesa, que causaram perplexidade e horror entre as casas reinantes europeias. A execução do rei francês Luís XVI em 21 de janeiro de 1793 pelas forças revolucionárias precipitou uma resposta internacional. Assim, em 15 de julho foi assinada uma convenção entre Espanha e Portugal, e em 26 de setembro Portugal aliou-se à Inglaterra, ambos os tratados visando auxílio mútuo para o combate aos franceses e levando os portugueses no ano seguinte às campanhas do Rossilhão e da Catalunha (1793-1795), em que o país participou com seis mil soldados, e que depois de um início bem sucedido acabou em fracasso. Criou-se um delicado problema diplomático, em que Portugal não podia selar a paz com a França sem ferir a aliança com a Inglaterra, que envolvia múltiplos interesses, passando assim a buscar uma neutralidade que se revelou frágil e tensa.

Depois da derrota, tendo a Espanha alienado Portugal da Paz de Basileia concertada com a França, e sendo a Inglaterra poderosa demais para ser atacada diretamente, o alvo da vingança francesa passou a ser Portugal. Assumindo o poder francês em 1799, no mesmo ano em que D. João foi instalado oficialmente como regente do reino (em 14 de julho), Napoleão Bonaparte coagiu a Espanha a impor um ultimato aos portugueses, que obrigava ao rompimento com a Inglaterra e a submissão do país aos interesses franceses. Diante da negativa de D. João, a neutralidade se tornou inviável. Em 1801 Espanha e França invadiram Portugal, episódio conhecido como a Guerra das Laranjas, onde perdeu-se a praça de Olivença. Todos os países envolvidos, com interesses conflitantes, faziam movimentos ambíguos e acordos secretos. A situação se tornara crítica para Portugal, que tentava se manter fora das convulsões. Mas, de todas, era a parte mais fraca, foi usado como um joguete pelas outras potências e acabaria por ser novamente invadido.[9]

Enquanto isso, D. João teve de enfrentar o inimigo dentro de casa. Sua própria esposa, fiel aos interesses espanhóis, iniciou intrigas objetivando depor o marido e tomar o poder, tentativa que entretanto acabou abortada em 1805, com o resultado da conspiradora ser exilada da corte, passando a viver no Palácio de Queluz, enquanto o regente passou a residir no Palácio de Mafra. Além disso, o reino tinha uma longa história de aliança e mesmo dependência política da Inglaterra, e as duas nações mantinham importantes ligações econômicas, mas muitos não viam esses vínculos com bons olhos, acusando a Inglaterra de prejudicar a nação, temia-se sua tendência imperialista e uma sombra de desconfiança pairava sobre as suas verdadeiras intenções, especialmente em vista de recentes intervenções inglesas nas possessões lusas da Ilha da Madeira e da Índia. Por outro lado, nesta época a França se tornara um dos principais mercados para os produtos coloniais portugueses, atraindo a simpatia de boa parte da alta burguesia comercial lusitana. Uma campanha de panfletos pró-França fazia mais simpatizantes, o embaixador da França exercia forte pressão, e no próprio ministério, dividido entre anglófilos e francófilos, o partido francês aumentava sua influência.

Outras atividades:

Rodrigo de Sousa Coutinho, o mais importante colaborador de D. João na fase regencial

O período regencial que antecede a mudança da corte para o Brasil não foi marcado apenas pelo instável quadro político internacional. D. Maria I, nos primeiros anos de seu reinado, promoveu um retorno parcial a uma ordem anterior ao reinado de seu pai, cujo governo foi dominado pela figura do Marquês de Pombal. Influenciado pelo Iluminismo e adepto da política do despotismo esclarecido, Pombal organizou uma grande reestruturação econômica, social e cultural no reino, mas encontrando uma sociedade ainda fortemente enraizada no feudalismo e pesadamente influenciada pela Igreja, sua atuação laicizante, centralizadora e enérgica abalou o poderio da nobreza e do clero, e por isso causou muitos ressentimentos. Maria I, que detestava os métodos de Pombal, procurou reverter essa situação, na fase da chamada Viradeira, mas embora tenha devolvido privilégios aos nobres e ao clero, manteve muitas das iniciativas e políticas pombalinas, que haviam se revelado progressistas e frutíferas, e que foram entendidas como indispensáveis para a preservação não apenas do crescimento e da modernização portuguesa, mas também da própria monarquia, em um período em que o Antigo Regime agonizava.

Essa orientação mais liberal e iluminista foi mantida quando D. João assumiu o governo, auxiliado por um grupo de influentes políticos, cientistas, letrados e intelectuais reunidos na Academia de Ciências de Lisboa e na Universidade de Coimbra, destacando-se entre eles D. Rodrigo de Sousa Coutinho, conde de Linhares, que na passagem do século XVIII para o XIX produziram uma série de estudos a fim de diagnosticar os problemas que afligiam o reino e suas colônias, oferecendo soluções práticas. Sua preocupação principal foi descobrir os melhores meios de fomentar o crescimento econômico e o progresso cultural sem com isso abalar a estrutura da monarquia e a integridade do Império Português, devotando uma especial atenção à situação do Brasil, que de todas as partes do Império era considerado a mais importante e a mais imprescindível, mas como a primazia da Metrópole em relação às colônias jamais foi posta em questão, a orientação geral da política neste período foi a de mantê-lo como um fornecedor de matérias-primas e outras riquezas naturais para o abastecimento de Portugal. Ao mesmo tempo, por recomendação dos acadêmicos, D. João deu seguimento a um processo de mapeamento detalhado da sociedade e economia e dos vários potenciais das colônias, que envolveu a organização de várias expedições científicas. Para colaborar nos melhoramentos, a burocracia estatal foi reorganizada, foi incentivada a qualificação da nobreza para sua ocupação em funções e órgãos oficiais, e foram criadas outras instituições, como Real Sociedade Marítima, encarregada de produzir mapas e cartas náuticas e hidrográficas de todo o Império, e a Casa Literária do Arco do Cego, para a produção e publicação de estudos avançados sobre agricultura, manufaturas, ciências e artes. Os avanços intelectuais e científicos desta fase foram relevantes, mas sua aplicação prática, no entanto, foi muito limitada pela resistência dos setores conservadores.

Partida para o Brasil:

No fim de 1806 a situação internacional se aproximava de um ponto crítico. A França decretara o Bloqueio Continental, pretendendo isolar a Inglaterra dos seus aliados e romper sua rede comercial. Ao mesmo tempo, a invasão do Reino de Portugal e deposição do seu monarca pareciam iminentes, e uma defesa armada era considerada inútil, diante da força do inimigo. Apesar das suas divergências, o partido inglês e o partido francês concordavam que acima de tudo deveriam ser preservadas a soberania e independência da monarquia e a segurança pessoal de D. João e seus herdeiros, símbolos do Estado e a própria razão de ser do regime absolutista. Assim, em meados de 1807 ressurgiu a ideia da transferência da família real e da corte para o Brasil, que já havia sido cogitada em outras épocas de crise. Naquele contexto, a provável perda de Portugal foi vista como um mal menor, pois era uma opinião consensual que o Brasil e suas riquezas constituíam o esteio da monarquia, e de lá se poderia eventualmente agir para uma futura reconquista da Metrópole.[13]

Na mesma altura foram assinados os tratados de Tilsit, entre a França e Rússia, e de Fontainebleau, entre a França e Espanha, onde definiu-se a conquista e partilha de Portugal. O destino do reino estava traçado. D. João tentou desesperadamente ganhar tempo e até o último momento simulou uma submissão voluntária à França, chegando a sugerir ao rei inglês a declaração de uma guerra fictícia à Inglaterra. O Bloqueio Continental não foi seguido em todos os seus termos e estabeleceu-se com a Inglaterra uma convenção secreta, em que Portugal receberia ajuda para uma eventual fuga da família real. O acordo era sumamente vantajoso para os ingleses, que, preservando de uma deposição certa o governo legítimo, que sempre lhe fora simpático, manteria sua influência sobre o país, continuando a tirar grandes lucros no comércio com o império transcontinental português. A Portugal cabia escolher entre a obediência à França ou à Inglaterra, mas o ministério hesitava, ameaçando Portugal de uma guerra não apenas contra uma potência, mas contra duas, pois considerava-se certo que nada deteria a França em seu plano expansionista, e também parecia certo que se o país se alinhasse a ela a Inglaterra o invadiria e lhe tomaria também a colônia brasileira. Logo os eventos se precipitaram: em outubro de 1807 chegaram informações de que um exército composto de franceses e espanhóis se aproximava, em 1º de novembro foi conhecido na corte que Napoleão divulgara uma notícia dizendo que a Casa de Bragança em dois meses deixaria de reinar, e em 6 de novembro a esquadra inglesa entrou no porto de Lisboa com uma força de sete mil homens, com ordens de ou escoltar a família real para o Brasil ou, se o governo se rendesse aos franceses, atacar e conquistar a cidade. Depois de angustiada ponderação, pressionado por todos os lados, D. João decidiu aceitar a proteção inglesa e partir para o Brasil.

 

O exército invasor, comandado por Jean-Andoche Junot, iniciara seu avanço, mas chegou às portas da capital somente em 30 de novembro de 1807. Tendo enfrentado várias dificuldades no caminho, esta milícia estava alquebrada e faminta, suas fardas estavam em farrapos e os soldados, em sua maioria novatos inexperientes, mal conseguiam carregar suas armas. Alan Manchester descreveu-os dizendo que "sem cavalaria, artilharia, cartuchos, sapatos ou comida, cambaleando de fadiga, a tropa mais parecia a evacuação de um hospital do que um exército marchando triunfalmente para a conquista de um reino", e por isso acredita-se que uma resistência poderia ter sido bem sucedida, mas o governo não estava a par da situação do inimigo, e de qualquer modo já era tarde para eles. D. João, acompanhado de toda a família real e grande séquito de nobres, prelados, funcionários de Estado e criados, bem como volumosa bagagem onde se incluía valioso acervo de arte, os arquivos de Estado e o tesouro real, já partira, deixando o país sob a responsabilidade de um Conselho de Regência. A ideia de uma mudança da sede da corte para a Américacomo ato geopolítico já existia em Portugal há muito tempo, e de fato alguns meses antes já haviam sido feitos alguns preparativos para a eventualidade, mas neste momento a fuga teve de ser realizada às pressas, debaixo de chuvas que deixaram as ruas um lamaçal, e causou enorme tumulto em Lisboa, em meio a uma população atônita e revoltada, que não podia acreditar que seu príncipe a abandonava. Na confusão foram esquecidas no cais inúmeras malas e pertences, os caixotes com toda a prataria das igrejas, que foi confiscada e fundida pelos franceses, e o precioso acervo de sessenta mil volumes da Biblioteca Real, que foi no entanto salvo e enviado ao Brasil mais tarde. No relato de José Acúrsio das Neves, a partida causou profunda comoção no príncipe regente:

"Queria falar e não podia; queria mover-se e, convulso, não acertava a dar um passo; caminhava sobre um abismo, e apresentava-se-lhe à imaginação um futuro tenebroso e tão incerto como o oceano a que ia entregar-se. Pátria, capital, reino, vassalos, tudo ia abandonar repentinamente, com poucas esperanças de tornar a pôr-lhes os olhos, e tudo eram espinhos que lhe atravessavam o coração".

Para explicar-se ao povo, D. João mandara afixar cartazes pelas ruas afirmando que a partida fora inevitável, a despeito de todos os esforços feitos para assegurar a integridade e a paz do reino; recomendando calma a todos, ordenou que não resistissem aos invasores para que não se derramasse sangue em vão. Em virtude da pressa, no mesmo navio que o príncipe, seguiram sua mãe a rainha e os seus herdeiros D. Pedro I e D. Miguel, uma decisão imprudente, dados os perigos de uma viagem transatlântica naquela época, pondo em risco a sucessão da Coroa caso naufragassem, enquanto que Dona Carlota e as infantas iam em dois outros barcos. O número de pessoas embarcadas é muito controverso; no século XIX falava-se em até 30 mil emigrados;estimativas mais recentes oscilam de quinhentas a quinze mil, mas a esquadra, composta por quinze embarcações, de fato só podia levar de doze a quinze mil pessoas, estando neste número inclusos os tripulantes. Porém, há vários relatos a respeito da superlotação dos navios. Segundo Pedreira e Costa, levando em conta todas as variáveis, é mais provável que tenham sido de quatro a sete mil pessoas, excluindo tripulantes. Muitas famílias foram separadas, e mesmo altos dignitários não encontraram uma colocação nos navios, ficando para trás.

A viagem não foi nada tranquila; logo de início enfrentaram uma tormenta que obrigou a um considerável desvio na rota, vários navios estavam em precária condição, a superlotação impunha situações humilhantes para a nobreza, a maioria teve de dormir amontoada, sob vento e chuva, nos tombadilhos; a higiene era péssima, surgindo até uma epidemia de piolhos, muitos não haviam conseguido trazer mudas de roupa, várias pessoas adoeceram, os mantimentos e a água eram escassos e foram racionados. O ânimo de todos azedou e iniciaram murmurações, e a frota, atravessando um denso nevoeiro em que se perdeu contato visual entre os navios e, em seguida, sendo fustigada por outra tempestade que danificou seriamente vários barcos, acabou por se dispersar na altura da Ilha da Madeira. Logo depois o príncipe mudou seus planos, e por sua ordem o grupo de navios que ainda o acompanhava se dirigiu para Salvador, provavelmente por uma razão política — agradar os habitantes da primeira capital da colônia, que já haviam dado vários sinais de descontentamento com a perda do antigo status —, enquanto os navios restantes seguiam para o Rio de Janeiro, como era o plano original.

A transformação da colónia em reino:

Em 22 de janeiro de 1808 o navio que levava o regente mais duas outras naus aportaram na Baía de Todos os Santos, no Brasil. Mas em Salvador o cais estava deserto, pois o governador, o conde da Ponte, preferiu primeiro aguardar as ordens do príncipe para depois permitir que o povo o recepcionasse. Estranhando a atitude, ordenou D. João que todos viessem como quisessem. Entretanto, para permitir que a nobreza se recompusesse depois de tão penosa jornada, o desembarque foi protelado para o dia seguinte, quando foram recebidos festivamente, em meio a uma procissão, repicar de sinos e a celebração de um Te Deum na Catedral. Nos dias seguintes o príncipe recebeu todos os que o quiseram homenagear, prestando-se ao cerimonial do beija-mão e concedendo várias mercês. Entre elas, decretou a criação de uma aula pública de economia e uma escola de cirurgia, mas sobretudo foi decisiva neste primeiro momento a abertura dos portos às nações amigas, uma medida de vasta importância política e econômica e a primeira de muitas que tomaria para melhorar as condições da colônia. Entretanto, naturalmente, a Inglaterra, cuja economia dependia em grande parte do comércio marítimo, e que agora se convertera em uma espécie de tutora do reino, foi diretamente beneficiada, obtendo diversos privilégios.

Salvador passou um mês em comemorações pela presença da corte, e tentou seduzi-la para transformá-la em nova sede do reino, oferecendo-se até para construir um luxuoso palácio para abrigar a família real, mas D. João, lembrando aos locais que anunciara a todas as nações sua intenção de fixar-se no Rio de Janeiro, declinou, e prosseguiu viagem. O navio que o levava entrou na Baía de Guanabara em 7 de março, onde encontrou-se com as infantas e outros membros da comitiva, cujos navios haviam chegado antes. No dia 8 finalmente toda a corte desembarcou, encontrando a cidade engalanada para recebê-la. Foram nove dias de celebrações ininterruptas. Um conhecido cronista da época, o padre Perereca, testemunha ocular da chegada, ao mesmo tempo em que lamentava as notícias da invasão da Metrópole, já intuía o que significava a corte em solo brasileiro:

"Se tão grandes eram os motivos de mágoa e aflição, não menores eram as causas de consolo e de prazer: uma nova ordem de coisas ia a principiar nesta parte do hemisfério austral. O império do Brasil já se considerava projetado, e ansiosamente suspirávamos pela poderosa mão do príncipe regente nosso senhor para lançar a primeira pedra da futura grandeza, prosperidade e poder de novo império".

Com a corte viera o essencial do aparato de um Estado soberano: a alta hierarquia civil, religiosa e militar, aristocratas e profissionais liberais, artesãos qualificados, servidores públicos. Para muitos estudiosos na transferência da corte para o Rio se iniciou a fundação do Estado brasileiro moderno e deu-se o primeiro passo em direção à sua verdadeira independência. Mesmo que formal e juridicamente o Brasil ainda permanecesse algum tempo como colônia portuguesa, nas palavras de Caio Prado Jr,

"Estabelecendo no Brasil a sede da monarquia, o regente aboliu ipso facto o regime de colónia em que o país até então vivera. Todos os caracteres de tal regime desaparecem, restando apenas a circunstância de continuar à frente de um governo estranho. São abolidas, uma atrás da outra, as velhas engrenagens da administração colonial, e substituídas por outras já de uma nação soberana. Caem as restrições econômicas e passam para um primeiro plano das cogitações políticas do governo os interesses do país".

Mas primeiro era preciso acomodar todo o pessoal recém-chegado, um problema difícil de resolver dadas as acanhadas proporções da cidade então. Principalmente faltavam casas dignas o bastante para satisfazer o alto padrão de vida da nobreza, em especial da própria família real. Esta foi instalada no Palácio dos Vice-reis, um grande casarão, mas sem maior conforto e em nada semelhante aos palácios portugueses. Mesmo grande, não foi suficiente para acomodar a todos, e foi necessário requisitar os edifícios vizinhos, como o Convento do Carmo, a Casa da Câmara e a cadeia. Para atender aos outros nobres e instalar novas repartições públicas, inúmeras residências menores foram desapropriadas às pressas, despejando-se arbitrariamente seus proprietários, às vezes usando de meios violentos diante de resistências. Como o regente, a despeito dos esforços do vice-rei Marcos de Noronha e Brito e de Joaquim José de Azevedo, ainda estava mal instalado, o comerciante Elias Antônio Lopes ofereceu sua casa de campo na Quinta da Boa Vista, um palacete suntuoso em excelente localização que imediatamente caiu no agrado do príncipe. Depois de várias reformas e ampliações, o palacete se transformaria no Paço de São Cristóvão. Dona Carlota Joaquina, por outro lado, preferiu ficar em uma chácara na praia de Botafogo, continuando seu hábito de viver apartada do marido.

A cidade, na época com cerca de sessenta mil habitantes, se viu transformada do dia para a noite. A população adicional, cheia de novas exigências, impôs uma nova organização no abastecimento de alimentos e outros bens de consumo, incluindo itens de luxo. O processo de instalação dos portugueses ainda levaria anos para se completar e o cotidiano do Rio permaneceu caótico durante um bom tempo; os aluguéis dobraram, subiram os impostos e os víveres sumiram, requisitados para a nobreza. Isso logo dissipou o entusiasmo popular pela chegada do príncipe. Com o tempo a fisionomia urbana também começou a mudar, com a construção de inúmeras novas residências, palacetes e outras edificações, e foram implementadas várias melhorias nos serviços e na infraestrutura. Igualmente, a presença da corte introduziu novos padrões de etiqueta, novas modas e novos costumes, incluindo uma nova estratificação social.

Entre os ditos costumes, D. João continuou no Brasil o antigo cerimonial português do beija-mão, pelo qual tinha grande apreço, e que entrou para o folclore, exercendo grande fascínio sobre o povo.Recebia seus súditos todos os dias, excetuando domingos e feriados, que em longas filas, onde se misturavam nobres e plebeus, esperavam para mostrar seu respeito pelo monarca e pedir-lhe mercês. Disse o pintor Henry L'Evêque que "o Príncipe, acompanhado por um Secretário de Estado, um Camareiro e alguns oficiais de sua Casa, recebe todos os requerimentos que lhe são apresentados; escuta com atenção todas as queixas, todos os pedidos dos requerentes; consola uns, anima outros. [...] A vulgaridade das maneiras, a familiaridade da linguagem, a insistência de alguns, a prolixidade de outros, nada o enfada. Parece esquecer-se de que é senhor deles para se lembrar apenas de que é o seu pai". Oliveira Lima registrou que ele "nunca confundia as fisionomias nem as súplicas, e maravilhava os requerentes com o conhecimento que denotava das suas vidas, das suas famílias, até de pequenos incidentes ocorridos em tempos passados e que eles mal podiam acreditar terem subido à ciência d'el-rei".

Ao longo de sua permanência no Brasil D. João formalizaria a criação de um grande número de instituições e serviços públicos e fomentaria a economia, a cultura, as artes e outras áreas da vida nacional. Estruturou a administração pública incorporando muitos brasileiros aos quadros funcionais, autorizou a instalação da imprensa e de manufaturas, introduziu novas culturas agrícolas, proibiu a Inquisição, melhorou estradas, criou diversas aulas, escolas e academias públicas, e incentivou a fundação de sociedades científicas e culturais.[44][45][46][47] Todas essas medidas foram tomadas a princípio pela necessidade prática de se administrar um grande império em um território antes desprovido desses recursos, pois a ideia predominante era a de que o Brasil permaneceria como uma colônia, visto que se esperava um retorno da corte para a antiga Metrópole assim que a situação política europeia se normalizasse. Entretanto, esses avanços se tornaram a base da futura autonomia do Brasil.

Isso não quer dizer que tudo fosse amenidades e progresso. Houve sérias crises políticas, que iniciaram antes mesmo de sua chegada. O Conselho de Regência estabelecido na Metrópole não pôde resistir à invasão francesa e foi dissolvido por Junot em 1º de fevereiro de 1808, criando em seu lugar um conselho militar e instalando franceses na administração de todas as províncias e da polícia. Uma reação não se fez esperar, e grandes massas populares reorganizaram a administração criando juntas locais, reunidas em duas juntas gerais sediadas no Faro e no Porto, que reivindicaram poderes regenciais sobre todo Portugal. Foi solicitada ajuda britânica, que sob o comando do duque de Wellington expulsou os invasores em agosto. Em 2 de janeiro de 1809 a Regência foi reorganizada, quando se definiu as funções e poderes dos governadores provinciais e o Erário português foi subordinado ao presidente do Real Erário, nomeado no Brasil. Em março o norte de Portugal sofreu nova invasão francesa, repelida prontamente pelas forças do general britânico William Beresford, que foi responsável também por uma reorganização do exército português, reforçado por ingleses e por populares locais. No mesmo ano a Guiana Francesa foi invadida em represália à invasão de Portugal.

Mas a situação em Portugal se tornava perigosa, por outros motivos. A limitada autoridade conferida aos governadores provinciais desencadeou protestos, alegando-se que ela não permitia uma eficiente defesa contra o inimigo externo e nem mesmo o controle da agitada população residente, que a esta altura havia produzido a anarquia, ameaçando a conservação da autoridade régia sobre a Metrópole e clamando pela restauração do status quo anterior à invasão, descontente por agora estar numa posição de "colônia". Temia-se que Portugal pudesse acabar se rebelando contra o rei distante. Assim, procedeu-se à imposição da censura à imprensa e às sociedades secretas, para coibir a circulação de ideias potencialmente sediciosas, e os antigos membros do partido francês foram postos sob suspeita, como D. Pedro de Almeida Portugal, marquês de Alorna, o qual, acusado de "francesismo" e de atos de lesa-majestade, foi banido e despojado de todos os seus títulos e privilégios. Por causa da pressão, em 30 de agosto de 1809 a Regência passou por nova reforma, ampliando os poderes dos governadores. Não obstante, os governadores escolheram um novo responsável pelo Erário, contrariando as ordens reais. Esta crise exigia providências corretivas duras, mas sua aplicação era dificultada pelo esvaziamento do Tesouro, pela distância e pelo entendimento de que em tal situação era necessário evitar medidas impopulares, e a tensão entre Metrópole e colônia permaneceria sempre alta. Um dos efeitos desse contexto foi uma significativa migração de portugueses para o Brasil, onde esperavam desfrutar de privilégios negados em Portugal, chegando ao ponto de suscitar comentários irônicos de funcionários reais, dizendo que se fosse permitido, Portugal todo se mudaria para o Brasil. Ao mesmo tempo, os ingleses aproveitaram as fraquezas da administração para ampliar incisivamente sua influência política em Portugal, que não pôde ser obstaculizada devido à total dependência do reino da proteção britânica. Uma terceira invasão francesa ocorreu em 1810 e o combate à França com a participação de forças portuguesas, na continuidade da Guerra Peninsular, ainda se estenderia até 1814.

Na área econômica os problemas também foram grandes, a começar com o penoso acordo comercial de 1810 imposto pela Inglaterra, que inundou o mercado de aquém e além-mar com quinquilharias inúteis e prejudicou as exportações e a criação de novas indústrias; o deficit público se multiplicou por vinte e a corrupção grassava à solta nas instituições, incluindo o primeiro Banco do Brasil, que acabou falindo. Além disso a corte era extravagante e perdulária, acumulava privilégios sobre privilégios e sustentava uma legião de sicofantas e aventureiros. O cônsul britânico James Henderson observou que poucas cortes europeias eram tão grandes como a portuguesa. Diz Laurentino Gomes que D. João distribuiu mais títulos hereditários durante os primeiros oito anos de sua estada no Brasil do que foram outorgados em todos os trezentos anos anteriores da história de Portugal, sem contar mais de cinco mil insígnias e comendas de ordens honoríficas.

Quando Napoleão foi apeado do poder, em 1815, as potências europeias instalaram o Congresso de Viena para reorganizar o mapa político do velho continente. Portugal participou das negociações, mas diante das maquinações inglesas contrárias aos interesses da Casa de Bragança, o regente foi aconselhado a permanecer no Brasil pelo conde de Palmela, embaixador português junto ao Congresso, e pelo poderoso príncipe de Talleyrand, a fim de estreitar os laços entre Metrópole e colônia, sugerindo-se inclusive a elevação da colônia à condição de reino unido a Portugal. O representante inglês também acabou concordando com a ideia, que resultou na efetiva criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 16 de dezembro de 1815, instituição jurídica rapidamente reconhecida por outras nações.

Reinado:

Em 20 de março de 1816, morreu a rainha Dona Maria, abrindo caminho para o regente assumir o trono. Mas embora passasse a governar como rei no dia 20, sua sagração não se realizou de imediato, sendo aclamado somente em 6 de fevereiro de 1818, com grandes festividades. Entrementes, vários assuntos políticos ocupavam o primeiro plano. Dona Carlota Joaquina continuava a conspirar contra os interesses portugueses. Na verdade isso havia iniciado em Portugal, e, ambiciosa, logo após sua chegada ao Brasil estabelecera entendimentos tanto com espanhóis como com nacionalistas platinos, pretendendo conseguir um reino para si própria, fosse como regente da Espanha, fosse como rainha de um novo reino a ser criado nas colônias espanholas no sul da América, ou mesmo através da deposição de D. João. Isso tornara sua convivência com D. João impossível, apesar da paciência que o marido lhe demonstrava, e só por força das conveniências se apresentavam juntos em público. Embora Dona Carlota tenha conseguido angariar muitas simpatias, todos esses seus planos malograram. Apesar disso, conseguiu influenciar o marido a se envolver mais diretamente na política colonial espanhola, o que acabou desembocando na tomada de Montevidéu em 1817 e na anexação da Província Cisplatina em 1821.

Na mesma época se colocava o problema de casar o príncipe herdeiro D. Pedro. O Brasil era visto na Europa como um país distante demais, atrasado e inseguro, e encontrar boas candidatas não foi tarefa simples. Depois de um ano de buscas, o embaixador, marquês de Marialva, conseguiu enfim uma aliança com uma das mais poderosas casas reinantes da Europa, os Habsburgo, imperadores da Áustria, depois de seduzir a corte austríaca com algumas mentiras, uma faustosa exibição de pompa e a distribuição de barras de ouro e diamantes entre a nobreza. Casou-se então D. Pedro com Dona Leopoldina, filha do imperador Francisco I, em 1817. O imperador e o seu ministro Metternich consideraram a aliança "um pacto vantajosíssimo entre a Europa e o Novo Mundo", podendo fortalecer o regime monárquico em ambos os hemisférios e criando para a Áustria uma nova zona de influência.

Registro da cerimônia do beija-mão na corte carioca de D. João, um costume típico da monarquia portuguesa

 

Regresso a Portugal:

Patenteado o fracasso do seu projeto de construir uma monarquia forte e unificada, centralizada na América, e perdendo importantes apoios brasileiros, D. João não pôde mais resistir à pressão portuguesa, e seu retorno se tornou inevitável. Nomeou D. Pedro regente em seu nome e partiu para Lisboa em 25 de abril de 1821, após uma permanência de treze anos no Brasil, do qual levou saudades.

Os navios com o rei e sua comitiva entraram no porto de Lisboa em 3 de julho. Sua volta fora orquestrada de modo a não dar a entender que o rei se sentira coagido, mas de fato já se havia instaurado um novo ambiente político. Elaborada a Constituição, o rei foi obrigado a jurá-la em 1º de outubro de 1822, perdendo diversas prerrogativas. Dona Carlota negou-se a imitar o marido, e com isso seus direitos políticos foram cassados, sendo despojada do título de rainha. Nesta data, do outro lado do oceano, a tendência separatista havia triunfado, e o rei já havia perdido também o Brasil. Seu filho, optando por ficar no país, liderou uma revolta proclamando a Independência do Brasil em 7 de setembro, assumindo o título de imperador. Diz a tradição que antes de seguir viagem para Portugal D. João teria antecipado os futuros acontecimentos dizendo para o herdeiro: "Pedro, o Brasil brevemente se separará de Portugal: se assim for, põe a coroa sobre tua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela". Segundo as memórias do conde de Palmela, a independência brasileira teria sido realizada em comum acordo entre o rei e o príncipe. De qualquer modo, a correspondência posterior entre os dois registra a preocupação do príncipe de que isso não perturbasse o pai. O reconhecimento oficial da independência, porém, demorou.

A constituição liberal jurada pelo rei vigoraria apenas durante alguns meses. O liberalismo não agradava a todos e ergueu-se um movimento absolutista. Em 23 de fevereiro de 1823, em Trás-os-Montes, o conde de Amarante proclamou a monarquia absoluta, mas novas agitações se seguiram. Em 27 de maio o infante D. Miguel, instigado por sua mãe Dona Carlota, liderou outra revolta, conhecida como a Vilafrancada, tentando restaurar o absolutismo. Mudando o jogo, o rei apoiou o filho a fim de evitar sua própria deposição — desejada pelo partido da rainha — e apareceu em público no dia de seu aniversário ao lado do infante, que vestia um uniforme da Guarda Nacional, um corpo militar que embora desorganizado tendia para o liberalismo, recebendo os aplausos da milícia. A seguir o monarca se dirigiu pessoalmente a Vila Franca para melhor administrar a crise, e seu retorno para Lisboa foi um verdadeiro triunfo. A situação política se mostrava incerta, e com isso mesmo os mais firmes defensores do liberalismo recearam se comprometer em demasia. As Cortes, antes de serem dissolvidas, protestaram contra qualquer mudança que se operasse no texto constitucional recém aprovado, mas o regime absoluto foi restaurado,[10][73] os direitos da rainha, restabelecidos, e o rei, aclamado pela segunda vez em 5 de junho de 1823. D. João, além disso, reprimiu manifestações em contrário, deportou alguns liberais, prendeu outros, ordenou a recomposição de magistraturas e instituições mais de acordo com a nova orientação política e criou uma comissão para elaborar estudos para uma nova constituição.

A aliança do rei com D. Miguel não frutificou, já que, sempre influenciado pela mãe, o infante em 29 de abril de 1824 levantou a guarnição militar de Lisboa e colocou o pai sob custódia no Paço da Bemposta, na chamada Abrilada, a pretexto de esmagar os maçons e defender o rei das ameaças de morte que aqueles supostamente teriam-lhe feito, prendendo na ocasião diversos inimigos políticos. Tentava o infante, na verdade, forçar a abdicação do pai. Alertado da situação, o corpo diplomático penetrou no palácio e, diante de tantas autoridades, os custódios do rei não resistiram, moderando-se. Em 9 de maio, por conselho de embaixadores amigos, D. João simulou um passeio a Caxias, mas de fato foi buscar refúgio junto à armada britânica ancorada no porto. A bordo da nau Windsor Castle chamou o filho, repreendeu-o, destituiu-o do comando do exército e ordenou-lhe a libertação dos presos que fizera. D. Miguel foi exilado. Vencida a rebelião, o povo foi às ruas comemorando a permanência do governo legítimo, onde se uniram absolutistas e liberais. No dia 14 o rei voltou à Bemposta, reconstituindo o ministério e mostrando generosidade para com os outros rebeldes. Porém, não cessava a rainha de conspirar. A polícia descobriu que outra rebelião deveria estourar em 26 de outubro, diante do que a D. João não restou senão mostrar-se enérgico, mandando a esposa para prisão domiciliar em Queluz.

Anos finais:

No fim de seu reinado D. João ordenou a criação de um porto-franco em Lisboa, mas a medida não foi implantada. Mandou prosseguir a devassa para averiguar a morte do marquês de Loulé, seu antigo amigo, mas a sentença final nunca foi proferida. Em 5 de junho de 1824 anistiou os envolvidos na revolução do Porto, excetuando nove oficiais que foram desterrados, e no mesmo dia mandou entrar em vigor a antiga constituição do reino e convocar novamente as Cortes para a elaboração de um novo texto. A mudança constitucional enfrentou diversos obstáculos, principalmente da Espanha e de partidários da rainha.

Contudo, os maiores problemas que enfrentou foram os ligados à independência do Brasil, até então a maior fonte de riqueza de Portugal, e cuja perda fora de grande impacto sobre a economia portuguesa. Foi imaginada inclusive uma expedição de reconquista da antiga colónia, mas logo a ideia foi abandonada. Negociações difíceis entabuladas na Europa e no Rio de Janeiro, com a mediação e pressão de Inglaterra, resultaram no definitivo reconhecimento da independência em 29 de agosto de 1825. Ao mesmo tempo, o rei libertou todos os brasileiros que estavam presos e autorizou o comércio entre ambas as nações. Quanto a D. Pedro, foi acertado que governaria soberano com o título de Imperador Regente, mantendo D. João para si o título de Imperador Titular do Brasil, passando a assinar os documentos oficiais como "Sua Majestade o Imperador e Rei D. João VI". O Brasil ficava ainda obrigado ao pagamento do último empréstimo contraído com Portugal. Sobre a sucessão das duas coroas, nada ficou dito no tratado, mas D. Pedro, continuando na qualidade de Príncipe Real de Portugal e Algarves, permanecia implicitamente na linha de sucessão ao trono português.

Em 4 de março de 1826, D. João, vindo do Mosteiro dos Jerônimos onde almoçara, recolheu-se ao Paço da Bemposta sentindo-se mal. Iniciaram vómitos, convulsões e desmaios, que duraram alguns dias. O enfermo pareceu melhorar, mas por prudência designou sua filha, a infanta Isabel Maria, como regente. Na noite do dia 9 a moléstia se agravou, e perto das 5 horas do dia 10, faleceu. Os médicos não puderam determinar exatamente a causa mortis, mas suspeitou-se de envenenamento. Seu corpo foi embalsamado e sepultado no mausoléu dos reis de Portugal, o Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. A infanta assumiu imediatamente o governo interino e D. Pedro foi reconhecido legítimo herdeiro, como D. Pedro IV de Portugal. Recentemente uma equipa de pesquisadores exumou o pote de cerâmica chinesa que continha as suas vísceras. Fragmentos do seu coração foram submetidos a análises, que detectaram uma quantidade de arsénico suficiente para matar duas pessoas, confirmando as suspeitas de que o rei foi em verdade assassinado.

Descendência:

Com a sua esposa, Carlota Joaquina de Bourbon, Infanta de Espanha (1775-1830), teve os filhos:

  1. D. Maria Teresa de Bragança (1793-1874), casada em primeiras núpcias com D. Pedro Carlos de Bourbon e Bragança, Infante de Portugal e de Espanha, e pela segunda vez com Carlos de Bourbon, Conde de Molina, também Infante de Espanha e seu cunhado; com descendência.
  2. D. Francisco António Pio de Bragança (1795-1801), Príncipe da Beira; sem descendência.
  3. D. Maria Isabel de Bragança (1797-1818), casou-se com Fernando VII de Espanha; uma filha natimorta.
  4. D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, Imperador do Brasil e Rei de Portugal (1798-1834), casado em primeiras núpcias com Maria Leopoldina de Áustria e em segundas com Amélia de Leuchtenberg; com descendência.
  5. D. Maria Francisca de Assis de Bragança (1800-1834), casou com Carlos de Bourbon, Conde de Molina; com descendência.
  6. D. Isabel Maria de Bragança (1801-1876); sem descendência.
  7. D. Miguel de Bragança (1802-1866), com duas filhas naturais legitimadas, casou posteriormente com Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg e teve descendência do casamento.
  8. D. Maria da Assunção de Bragança (1805-1834); sem descendência.
  9. D. Ana de Jesus Maria de Bragança (1806-1857), casou com Nuno José Severo de Mendoça Rolim de Moura Barreto, 1º duque de Loulé; com descendência.

Estátua equestre do rei na Praça de Gonçalves Zarco, Porto

 

Títulos, Estilos e Honrarias:

Títulos e estilos

  • 13 de Maio de 1767 – 11 de Setembro de 1788: Sua Alteza, O Infante Dom João
  • 11 de Setembro de 1788 – 10 de Fevereiro de 1792: Sua Alteza Real, O Príncipe do Brasil, Duque de Bragança, etc.
  • 10 de Fevereiro de 1792 – 14 de Julho de 1799: Sua Alteza Real, O Príncipe Regente em nome da Rainha
  • 14 de Julho de 1799 – 20 de Março de 1816: Sua Alteza Real, O Príncipe Regente
  • 20 de Março de 1816 – 7 de Setembro de 1822: Sua Majestade Fidelíssima, El-Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves
  • 7 de Setembro de 1822 – 10 de Março de 1826: Sua Majestade Fidelíssima, El-Rei de Portugal e dos Algarves
    • 29 de Agosto de 1825 – 10 de Março de 1826: Sua Majestade Imperial e Fidelíssima, O Imperador Titular do Brasil

O estilo oficial de D. João VI enquanto Rei de Portugal: Pela Graça de Deus, João VI, Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.

Ao reconhecer a independência do Império do Brasil pelo Tratado do Rio de Janeiro, D. João VI passa a usar, por carta de lei de 15 de Novembro de 1825, o título de imperador do Brasil, que lhe fora deferido pelo seu filho: Pela Graça de Deus, João, Imperador do Brasil, e Rei do Reino Unido de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.

Outros títulos e honrarias:

D. João VI foi também o 8º Príncipe da Beira e do Brasil, o 21º Duque de Bragança, 18º Duque de Guimarães, 16º Duque de Barcelos, 20º Marquês de Vila Viçosa, 24º Conde de Arraiolos; 22º Conde de Ourém, de Barcelos, de Faria e de Neiva; Grão‑prior do Crato e Senhor da Casa do Infantado; Grão-mestre das ordens de Cristo, de Avis, de São Tiago da Espada, da Torre e Espada, de São João de Jerusalém, e Grão‑prior em Portugal; Grã-cruz das ordens de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de Carlos III, de São Fernando, de Isabel a Católica, do Espírito Santo, de São Luís, de São Miguel, da Legião de Honra, de Leopoldo, de Santo Estêvão, da Coroa de Ferro, de Santo André, de Santo Alexandre Nevsky, de Sant'Ana, do Elefante, do Leão Neerlandês, da Águia Negra; Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro e da Ordem da Jarreteira, e serviu de Condestável no ato da aclamação de sua mãe, a rainha Dona Maria I.

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