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João Baptista da Silva Ferrão de Carvalho Martens (Olivais, 28 de Janeiro de 1824 — Florença, 15 de Novembro de 1895), mais conhecido por Martens Ferrão, foi um jurisconsulto, magistrado e político português, que entre outras funções foi deputado à Cortes e par do Reino, ministro e Procurador-Geral da Coroa. Na fase final da sua vida exerceu funções de embaixador de Portugal junto da Santa Sé, qualidade em que negociou a Concordata de 23 de Maio de 1886. Celebrizou-se com a aprovação em parlamento de uma proposta de reorganização da administração do território, a qual teve contudo vida efémera, já que a contestação popular à extinção de municípios e distritos levou às manifestações da Janeirinha e à consequente queda do governo e revogação da reforma.
O Conselheiro João Baptista da Silva Ferrão de Carvalho Martens nasceu em Lisboa, a 28 de Janeiro de 1824, filho do desembargador da Casa da Suplicação Francisco Roberto da Silva Ferrão de Carvalho Martens e de Maria Isabel Brum da Silveira, de ascendência açoriana. Foi irmão de D. José Maria da Silva Ferrão de Carvalho Martens, bispo de Bragança e Miranda e depois bispo de Portalegre, também par do Reino.
Fez estudos preparatórios em Lisboa, ingressando na Universidade de Coimbra a 24 de Outubro de 1848, para cursar Direito. Aluno brilhante, obteve o bacharelato a 8 de Maio de 1852 e a licenciatura a 24 de Julho de 1854. Doutorou-se em Direito a 31 de Maio de 1854, apresentando a dissertação inaugural para o acto de Conclusões Magnas intitulado Teoria do Homem e da Humanidade; Teoria Transcendente da Ciência Económica; Organização da Indústria.
Em 1857 concorreu a um lugar de lente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, lugar para o qual seria nomeado a 21 de Julho de 1858. Na Universidade leccionou diversas cadeiras, tendo-se afirmado como um competente jurisconsulto e um reputado especialista em Direito.
Tomou posse como Procurador-Geral da Coroa e Fazenda em 28 de Julho de 1868. Apesar dessas funções terem sido consideradas incompatíveis com as de deputado, voltou à Câmara a 13 de Janeiro de 1869, eleito, novamente por Paredes, em escrutínio suplementar realizado em Dezembro anterior. Esta situação manter-se-á nas três legislaturas subsequentes, onde será sempre eleito por Paredes. Contudo, a sua participação parlamentar será reduzida, limitando-se quase exclusivamente ao trabalho das comissões relacionadas com legislação e justiça.
Representou pela última vez o círculo de Paredes na legislatura de 1871 a 1874, naquela que seria a sua última presença como deputado, já dominada por Fontes Pereira de Melo, prestando juramento a 21 de Julho de 1871. Mais uma vez, a sua participação circunscreveu-se ao trabalho nas comissões relacionadas com a actividade legislativa.
Nesta última legislatura, apoiou o governo de António José de Ávila na decisão de proibir as Conferências do Casino, afirmando que o governo não podia permitir que continuassem a propagar-se num curso público doutrinas que profundamente ofendiam os sentimentos da Nação e da ordem pública.
Ainda no desempenho das funções de Procurador-Geral, foi designado par do Reino por decreto de 28 de Dezembro de 1871, tomando assento na respectiva Câmara a 9 de Janeiro de 1872, o que implicou a sua saída definitiva da Câmara dos Deputados.
A partir de 1874 foi encarregado das funções de aio dos príncipes D. Carlos e D. Afonso, cuja educação literária e científica lhe foi confiada, um sinal de grande confiança por parte da família real. A decisão foi muito criticada, ficando célebre o ataque que recebeu nas Farpas de Ramalho Ortigão onde era apodado de ingénuo e de incapaz. Nesse mesmo ano, foi nomeado Conselheiro de Estado.
Manter-se-á no cargo de Procurador-Geral até 1885, produzindo importantes pareceres sobre matéria tão diversas como o empréstimo que havia sido contraído por D. Miguel e o grau de vinculação do Estado português ao seu pagamento, as questões coloniais e diversas matérias de direito internacional relacionadas com as colónias portuguesas.
Tendo entrado na Câmara dos Pares em Janeiro de 1872, a sua actividade foi relativamente discreta, já que as suas funções de Procurador-Geral lhe absorviam a maior parte da sua actividade. Foi assíduo durante as sessões que decorreram até 1885, ano em que partiu para Roma como embaixador português junto da Santa Sé.
A participação de Martens Ferrão na Câmara dos Pares foi também voltada para as questões legislativas, com participação em inúmeras comissões. Depois de nomeado embaixador, a sua participação passou a restringir-se aos períodos em que estava em Lisboa, já que tinha residência quase permanente em Roma.
Nos últimos anos da sua vida, exerceu as funções de embaixador de Portugal junto da Santa Sé, qualidade em que negociou a Concordata de 23 de Maio de 1886. Nesta Concordata ficou finalmente resolvida a questão do Padroado do Oriente, problema que tinha envenenado as relações entre Portugal e Santa Sé durante várias décadas.
Faleceu em Florença, a 15 de Novembro de 1895. É recordado na toponímia da cidade de Lisboa, que lhe dedica uma importante artéria.
Foi pai de Francisco Roberto da Silva Ferrão de Carvalho Martens, o 1.º conde de Martens Ferrão, também deputado e par do reino, lugar em que sucederia a seu pai.
A partir de 1866, D. Maria Teresa de Assis Mascarenhas assume as funções de preceptora dos príncipes D.Carlos e D.Afonso.
O Rei D. Luís comprou o Palácio dos Condes de Óbidos a um particular e fez doação do edifício a D. Maria Teresa de Mascarenhas, irmã do 8.º conde de Óbidos. D. Maria Teresa legou o palácio ao sobrinho, D. Pedro de Melo de Assis Mascarenhas, 9º conde de Óbidos.
Foi D.Maria Teresa Mascarenhas quem ensinou os príncipes a ler em português e francês.
Carl Andreas Dietz, alemão, de confissão protestante foi preceptor do rei consorte Fernando II e dos seus filhos os futuros reis D.Pedro V e D.Luís I.
Carl Andeas Dietz veio para Portugal com D.Fernando e acompanhou-o muito de perto.
Manteve-se no cargo até Abril de 1847, quando Dietz foi obrigado a deixar Portugal sob acusações de intromissão na política nacional associadas à sua filiação religiosa protestante.
Luís António de Abreu e Lima (Viana do Castelo, 18 de Outubro de 1787 — Lisboa, 18 de Fevereiro de 1871), 1.º visconde e depois 1.º conde da Carreira, foi um político liberal e diplomata que se notabilizou pela sua ação junto dos governos europeus durante a Guerra Civil Portuguesa e na primeira fase do regime da Monarquia Constitucional Portuguesa.
Luís António de Abreu e Lima participou como militar nos eventos que se seguiram à Revolução Liberal do Porto sendo nomeado pelo governo vintista secretário da embaixada de Portugal em Paris e posteriormente ministro em Berlim e na Holanda. De 1814 a 1815 foi adido na Legação Portuguesa no Congresso de Viena e de 1817 a 1824 secretário da Legação Portuguesa em São Petersburgo, Rússia. Foi feito cavaleiro da Ordem de São Vladimir da Rússia. Em 1828, com a aclamação de D. Miguel foi demitido do cargo, permanecendo em França como exilado político.
Em 1862 deslocou-se a Turim como enviado em missão especial com o objectivo de arranjar o casamento de D. Luis I com a princesa D. Maria Pia de Sabóia.
Foi convidado pelo Marquês de Palmela para representar o partido liberal e as pretensões de D. Pedro, duque de Bragança e da sua filha, a futura rainha D. Maria II de Portugal, junto de diversos governos europeus, o que fez com grande sucesso. A sua acção diplomática foi instrumental no reconhecimento dos liberais, nomeadamente junto do governo dos Países Baixos, com grandes vantagens para a causa constitucional.
O rei D. Pedro IV de Portugal nomeou-o substituto interino do Marquês de Palmela no Conselho de Regência instalado em Londres e em 1830 foi nomeado pela Regência da Terceira como ministro plenipotenciário da rainha D. Maria II em Londres, cargo que exerceu em condições particularmente difíceis e com grande sucesso diplomático até Fevereiro de 1834. Em Maio desse ano foi nomeado ministro de Portugal em Paris, cargo que exerceu até 1840.
Manteve-se ao serviço da Casa Real nos anos seguintes, tendo sido aio e camareiro-mor de D. Pedro V assim como de D. Luis I, oficial-mor da Casa Real e conselheiro de Estado efectivo.
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, Santarém, 18 de Setembro de 1877) é considerado o pai da historiografia portuguesa e os seus poemas e romances transformam-no numa figura fundamental do romantismo. Colaborou e fundou várias revistas e jornais de âmbito cultural e noticioso.
Aprendeu os rudimentos da investigação histórica fora do circuito académico, que foi obrigado a abandonar por razões económicas.
Devido à sua oposição ao Miguelismo é obrigado a exilar-se, primeiro em Inglaterra e depois em França, onde contacta com obras de historiadores, romancistas e poetas estrangeiros que vão ter grande influência no futuro do seu trabalho.
Em 1832, desembarca no Mindelo com as tropas liberais e participa na defesa do Porto.
Com o regime liberal assume a gestão de diversas bibliotecas. Dirige “O Panorama”, a mais importante revista literária da época, e está na fundação de dois jornais: “O País” e “O Português”.
Membro e dirigente da Academia Real das Ciências publica, em quatro volumes, a sua “História de Portugal”, uma obra de referência na historiografia portuguesa.
Foi preceptor do futuro Rei D. Pedro V.
Alexandre Herculano casou, em 1 de Maio de 1867, com Mariana Hermínia de Meira. Morreu, sem descendência, na sua quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, (Santarém) em 18 de Setembro de 1877, onde se tornara agricultor e produtor do famoso "Azeite Herculano". Encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos transladado para aí em 6 de Novembro de 1978.
Pedro V (Lisboa, 16 de setembro de 1837 – Lisboa, 11 de novembro de 1861), apelidado de "o Esperançoso" e "o Muito Amado", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1853 até sua morte. Era o filho mais velho da rainha Maria II e seu marido o rei Fernando II. Ele ascendeu ao trono com apenas dezesseis anos de idade após a morte de sua mãe, com seu pai atuando como regente do reino até sua maioridade em 1855.
Nascimento e Formação:
O Rei D.Pedro V nasceu no dia 16 de setembro de 1837 no Palácio das Necessidades.
Teve uma notável preparação moral e intelectual. Estudou ciências naturais e filosofia, dominava bem o grego e o latim e chegou a estudar inglês. O seu espírito terá sido influenciado pela convivência que teve com Alexandre Herculano, que foi seu educador. Recebeu ainda inúmeros conselhos sobre governação e sentido de Estado por Mário Jorge de Castro Botelho, com quem trocava correspondência durante o período do seu reinado.
No dizer dos biógrafos, Pedro V: "com um temperamento observador, grave, desde criança [...] mandou pôr à porta do seu palácio uma caixa verde, cuja chave guardava, para que o seu povo pudesse falar-lhe com franqueza, queixar-se [...] O povo começava a amar a bondade e a justiça de um rei tão triste [...]".
Reinado:
Embora muito jovem quando de sua ascensão ao trono português, com apenas 16 anos, foi considerado por muitos como um monarca exemplar, que reconciliou o povo com a casa real, após o reinado da sua mãe ter sido fruto de uma guerra civil vencida. D. Fernando II, seu pai, desempenhou um papel fundamental no início do seu reinado, tendo exercido o governo da nação na qualidade de regente do reino, orientando o jovem rei no que diz respeito às grandes obras públicas efectuadas. Pedro V é frequentemente descrito como um monarca com valores sociais bem presentes, em parte devida à sua educação, que incluiu trabalho junto das comunidades e um vasto conhecimento do continente europeu.
A 16 de setembro de 1855, completando 18 anos, foi aclamado rei, presidindo nesse mesmo ano à inauguração do primeiro telégrafo eléctrico no país e, no ano seguinte (28 de outubro), inaugura o caminho de ferro entre Lisboa a Carregado. É também no seu reinado que se iniciam as primeiras viagens regulares de navio, entre Portugal e Angola.
Dedicou-se com afinco ao governo do país, estudando com minúcia as deliberações governamentais propostas. Criou ainda o Curso Superior de Letras, em 1859, que subsidiou do seu bolso, com um donativo de 91 contos de réis. Nesse mesmo ano é introduzido o sistema métrico em Portugal.
Pedro V foi um defensor acérrimo da abolição da escravatura e data do seu reinado um episódio que atesta a convicção do monarca nessa matéria e que simultaneamente demonstra a fragilidade de Portugal perante as grandes potências europeias: junto à costa de Moçambique é apresado um navio negreiro francês, tendo o seu comandante sido preso. O governo de Françanão só exigiu a libertação do navio, bem como uma avultada indemnização ao governo português.
Portugal é, por essa altura, flagelado por duas epidemias, uma de cólera, que grassa de 1853 a 1856, e outra de febre amarela, principalmente em 1856/1857. Durante esses anos o monarca, em vez de se refugiar, percorria os hospitais e demorava-se à cabeceira dos doentes, o que lhe trouxe muita popularidade.
Casamento:
Em 1858, D. Pedro V casa-se, por procuração, com a princesa Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que morreu no ano seguinte.
O casamento foi feito por procuração em 29 de abril de 1858, na Catedral de Santa Edwigesem Berlim. O Conde do Lavradio foi responsável pelo contrato do matrimónio. A 3 de maio, D. Estefânia partiu de Düsseldorf, chegando de comboio a Ostende, onde embarcou no barco a vapor Mindelo rumo a Plymouth, Inglaterra. A corveta Bartolomeu Dias estava à sua espera para a levar para Portugal.
Estefânia chegou à barra do rio Tejo no dia 17 de maio de 1858. No dia seguinte, em 18 de maio, na Igreja de São Domingos, em Lisboa, a princesa D. Estefânia casou-se com o rei D. Pedro V, tornando-se assim rainha consorte de Portugal.
Eles passaram sua lua-de-mel em Sintra, passeando de braços dados pela serra repetidas vezes.
D. Pedro V, para impressionar a sua consorte, não poupou despesas com a decoração dos aposentos de D. Estefânia, no Palácio das Necessidades. Mandou vir de Paris móveis, candeeiro, carpetes e tecidos para estofos e cortinados.
Sendo a saúde pública uma das suas preocupações, foi, juntamente com a sua esposa, a princesa Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que Pedro fundou hospitais públicos e instituições de caridade. Aliás, cumprindo os desejos por ela manifestados, o monarca fundou o Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, após a sua morte.
Morte:
Morreu com apenas 24 anos, em 11 de novembro de 1861 no Palácio das Necessidades, que segundo parecer dos médicos, devido à febre tifóide (enquanto o povo suspeitava de envenenamento e por isso viria a amotinar-se). A sua morte provocou uma enorme tristeza em todos os quadrantes da sociedade. Não tendo filhos, foi sucedido pelo irmão, o infante D. Luís, que habitava então no sul de França.
Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
Títulos, Estilos e Honrarias:
O estilo oficial de D. Pedro V enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, Pedro V, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Enquanto monarca de Portugal, D. Pedro V foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:
Fonte: Facebook Memorias do Reino de Portugal
Mais informações aqui.
O relato é longo e pormenorizado, saído da incrivelmente competente pena de António Ferro, jornalista do Diário de Notícias que conversou com alguns dos mais destacados - e inacessíveis - líderes mundiais, incluindo Salazar, Hitler e Mussolini.
Neste dia 7 de dezembro de 1930, o histórico jornalista escrevia sob uma perspetiva diferente: ele, republicano empedernido, viajara até Londres para aí falar com o homem que conduziria o país caso Portugal se tivesse mantido uma monarquia. "Em casa do Sr. D. Manuel de Bragança", titulava o DN, a que António Ferro juntava as primeiras impressões para resumir o trabalho ali feito: "Uma conversa interessante, sensacional, para a História, entre um jornalista republicano e o ex-rei de Portugal."
Num texto colorido pelo que via, pelo ambiente em que decorria a conversa, pelas impressões que lhe deixava a sala, os trejeitos de linguagem, a pose e enfim a mensagem de D. Manuel, António Ferro fazia uma vez mais história com este relato.
Fonte: https://www.dn.pt/
Maria II (Rio de Janeiro, 4 de abril de 1819 – Lisboa, 15 de novembro de 1853), apelidada de "a Educadora" e "a Boa Mãe", foi a Rainha de Portugal e Algarves em dois períodos diferentes, primeiro de 1826 até ser deposta em 1828 por seu tio Miguel, e depois de 1834 até sua morte. Era filha mais velha do imperador Pedro I do Brasil, que também reinou Portugal brevemente como Pedro IV, com sua primeira esposa a imperatriz Maria Leopoldina da Áustria.
Nascimento:
Cortejo acompanhando o batismo de D. Maria de Glória.
Dona Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga nasceu em 4 de abril de 1819 no Paço de São Cristóvão, cidade do Rio de Janeiro, Brasil, sob o título de Princesa da Beira e posteriormente Princesa Imperial do Brasil. Era a filha mais velha do então imperador Pedro I do Brasil e sua primeira esposa a arquiduquesa Maria Leopoldina da Áustria. Maria da Glória foi a única monarca da Europa a nascer fora de terras europeias, embora ela tenha nascido dentro de território português.
Início do reinado:
Pedro ascendeu ao trono português em março de 1826 como Pedro IV, porém rapidamente abdicou em favor de sua filha mais velha, que se tornou Rainha de Portugal e Algarves como Maria II, então com apenas sete anos de idade. A rainha Maria II deixou o Rio de Janeiro a 5 de julho de 1828, acompanhada por Felisberto Caldeira Brant, Marquês de Barbacena, que fora escolhido pelo próprio Pedro para acompanhá-la.
O infante Miguel, seu tio paterno, chegara a Lisboa em 9 de fevereiro de 1828 e desembarcou no dia 22, recebendo das mãos de sua irmã mais velha a infanta Isabel Maria a regência, ratificando em 26 de fevereiro o juramento que prestara à Carta Constitucional perante as cortes que Isabel Maria havia convocado, mas não tardou a mudar de resolução. Miguel dissolveu as cortes em 13 de março, convocando em 3 de maio o conselho dos três Estados para decidir a quem pertencia a coroa, segundo a antiga forma das cortes do país, quando se tratava de graves pontos de direito.
O conselho reuniu-se em 21 de junho e Miguel foi proclamado rei quatro dias depois em precipitada resolução, em vista do acto de reconhecimento do herdeiro da coroa prestado pela regência e real câmara dos pares, instituída pela Carta Constitucional, acerca da sucessão da Casa de Bragança nas duas coroas de Portugal e Brasil, e particularmente na de Portugal, já indicada nas conferências realizadas em Londres em agosto de 1823.
E também nos preliminares do tratado de 25 de agosto de 1823, que reconheceu a Independência do Brasil, onde a tal respeito foi apresentado na conferência de 9 de agosto o seguinte Artigo Secreto: "Como por causa da aceitação da renúncia pessoal do imperador do Brasil, Pedro, à Coroa de Portugal, as Cortes de Portugal devem determinar qual dos filhos do imperador será chamado à sucessão daquela coroa por morte do presente rei: entende-se que as ditas cortes podem chamar à sucessão o filho mais velho do dito imperador do Brasil, ou a filha mais velha, na falta de descendência masculina."
Miguel residia em Viena, para onde fora mandado, por carta régia de 12 de maio de 1824, depois da revolta de 30 de abril ou Abrilada. Os brasileiros não aceitaram que o imperador cingisse a coroa portuguesa, o que resultaria na unidade da antiga monarquia, da qual haviam se libertado.
Pedro, depois de proclamado Rei de Portugal, resolveu abdicar a coroa portuguesa na filha mais velha, Maria da Glória, em 3 de maio, tendo em 29 de abril outorgado aos portugueses uma constituição livre, a Carta Constitucional. A abdicação era condicional: a princesa casaria com seu tio, Miguel, e enquanto se não realizasse o consórcio, e o novo regime não dominasse em Portugal, continuaria a regência de Isabel Maria em nome de Pedro IV.
A 31 de julho de 1826 foi jurada a constituição em Portugal. Miguel, em Viena, também a jurou em 4 de outubro, pronto a obedecer às vontades do irmão Pedro, e efetuou, por procuração, seus esponsais com a sobrinha perante a corte de Viena, a 29 de outubro. Foi dispensado o impedimento de consanguinidade por breve do Papa Leão XII, estando a Rainha representada no acto, em virtude do alvará que para tal fim fora conferido em 28 de abril de 1826, pelo barão de Vila Seca, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário do Império do Brasil junto à corte do imperador Francisco I, como participado às cortes pela infanta regente.
Em vista do procedimento do infante Miguel no acto de jurar a Carta Constitucional, quando tempos depois, no meio da agitação dos partidos que se gladiavam, dos tumultos e das revoltas, Isabel Maria adoeceu, Pedro não hesitou em nomear, em nome da rainha Maria II, Miguel seu lugar-tenente e regente do reino, por decreto de 3 de setembro de 1827, resolvendo enviar a filha para Viena a completar a educação na corte de seu avô.
Após a revolução liberal, na sequência da reforma administrativa de 1836, a rainha Maria II entrega o foral de concelho ao Seixal, no dia 6 de novembro.
Levantamento absolutista:
O reinado foi interrompido pelo levantamento absolutista liderado por seu tio, noivo e regente Miguel I, que se proclamou Rei de Portugal a 23 de Junho de 1828. Começaram então as Guerras Liberais que se prolongam até 1834, ano em que Maria foi reposta no trono e Miguel exilado para a Alemanha.
O marquês de Barbacena, chegando a Gibraltar com a princesa em 3 de setembro de 1828, teve conhecimento por um emissário do que se passava em Portugal. Teve a perspicácia de compreender que Miguel viera de Viena resolvido a pôr-se à frente do movimento absolutista, aconselhado pelo príncipe Klemens Wenzel von Metternich, que dirigia a política europeia, sendo assim perigoso a jovem Rainha ir para Viena. Tomando a responsabilidade, mudou a direção da viagem, e partiu para Londres, onde chegou a 7 de outubro. A política inglesa nada favorecia seus intuitos. O gabinete do Duque de Wellington patrocinava abertamente Miguel, de sorte que o asilo que o marquês procurara não era seguro. Maria II foi recebida na corte com as honras devidas à sua elevada hierarquia, mas os ingleses impediam os seus súbditos ali emigrados de irem reforçar a guarnição da ilha Terceira.
O golpe de Estado de Miguel não passara sem protestos. A 16 de maio de 1828 revoltava-se a guarnição do Porto, a 25 em Lagos um batalhão de infantaria. As revoltas foram sufocadas. Saldanha, Palmela, e outros, que tinham vindo para tomar a direção do movimento do Porto, reembarcaram no Belfast, que os trouxera; a guarnição do Porto, reforçada pelos voluntários académicos de Coimbra e por outras tropas liberais, emigrava para a Galiza e dali para Inglaterra. À frente duma pequena expedição liberal tentou Saldanha desembarcar na Terceira, mas não lho consentiu o cruzeiro inglês, cuja vigilância não pôde, contudo, evitar algum tempo depois que o Conde de Vila Flor, mais tarde da Terceira, conseguisse desembarcar. A tempo, porque em agosto de 1829 aparecia na frente da ilha a grande esquadra miguelista que lançou em terra um corpo de desembarque. Deu-se então a batalha de 11 de agosto na vila da Praia, em que os miguelistas foram derrotados. Quando os emigrados na Inglaterra receberam a notícia da vitória, sentiram grande entusiasmo. Logo perderam as esperanças ao saber que a jovem Rainha voltava para o Brasil. Na verdade, a situação de Maria II na corte inglesa, ao lado do ministério no poder, tornava-se embaraçosa e humilhante. A Rainha saiu de Londres para ir encontrar com sua futura madrasta, Amélia de Leuchtenberg. Partiram juntas em 30 de agosto de 1829 para o Rio, chegando a 16 de outubro.
Julgava-se perdida a causa constitucional. Os emigrados dispersos (França, Inglaterra e Brasil) dividiam-se em fações rivais. Só a ilha Terceira reconhecia os princípios constitucionais, e mesmo ali apareciam guerrilhas miguelistas. França estava já disposta a reconhecer o governo de Miguel quando em 1830 rebentou em Paris a revolução de julho, o que fez animar os liberais portugueses.
Guerra civil:
A Carta Constitucional e a família real
Em 1831, Pedro I abdicou, a 7 de abril, da coroa imperial do Brasil em nome do seu filho Pedro II, irmão de Maria II, e veio para a Europa com a filha e a segunda mulher, sustentar os direitos da filha à coroa de Portugal. Tomou o título de duque de Bragança, e de Regente em seu nome.
Quase ao mesmo tempo a regência da ilha Terceira, nomeada por Pedro e composta do marquês de Palmela, do conde de Vila Flor e de José António Guerreiro, pode preparar uma expedição que em pouco tempo se apossou dos Açores. Enquanto se ampliava assim o território constitucional, Pedro desembarcava em França, sendo acolhido com simpatia pelo novo governo e por Luís Filipe I. O governo de Miguel desacatara as imunidades dos súbditos franceses, não satisfizera de pronto as reclamações do governo francês, que mandara uma esquadra comandada pelo almirante Roussin forçar a barra de Lisboa e impor humilhantes condições de paz.
Pedro deixou a filha em Paris para acabar a sua educação, entregue à madrasta, com bons mestres, e partiu para os Açores à frente duma expedição organizada na ilha de Belle-Isle, reunindo seus partidários. Chegando aos Açores a 3 de março de 1832, formou novo ministério, juntou um pequeno exército, cujo comando entregou ao conde de Vila Flor, meteu-o a bordo duma esquadra que entregou ao oficial inglês Sartorius, e partiu para Portugal continental, desembarcando a 8 de julho na Praia da Memória, em Matosinhos. Seguiu-se o cerco do Porto e uma série de combates, até que, a 24 de julho de 1833, o duque da Terceira entrou vitorioso em Lisboa, depois de ter ganho, na véspera, a batalha da Cova da Piedade. Porto e Lisboa, as principais cidades, estavam no poder dos liberais. Pedro veio para Lisboa, e mandou vir sua filha de Paris.
O Teatro Nacional Maria II, no Rossio (zona central de Lisboa), tem o seu nome por ter sido inaugurado no dia de aniversário da rainha.
Morte:
Desde sua primeira gravidez, aos dezoito anos de idade, Maria II enfrentou problemas para dar à luz, com trabalhos de parto prolongados e extremamente difíceis. Exemplo disso foi a sua terceira gestação, cujo trabalho de parto durou 32 horas, findas as quais, foi retirada a fórceps uma menina, baptizada in articulo mortis com o nome de Maria (1840).
Aos 25 anos de idade e em sua quinta gestação, a soberana tornou-se obesa e seus partos tornaram-se ainda mais complicados. Em 1847 o sofrimento fetal que precedeu o nascimento de seu oitavo filho – o infante Dom Augusto – trouxe ao mundo uma criança "bastante arrouxada e com pouca respiração".
A perigosa rotina de gestações sucessivas, somada à obesidade (que terminou por causar-lhe problemas cardíacos) e à frequência de partos distócicos (preocupante, especialmente por tratar-se de uma multípara) levaram os médicos a alertarem a Rainha sobre os sérios riscos que corria. Indiferente aos avisos, Dona Maria II limitava-se a retrucar: "Se morrer, morro no meu posto".
Em 15 de novembro de 1853, treze horas após o início do trabalho de parto do natimorto infante Dom Eugénio, seu 11.º filho, Dona Maria II morreu, aos 34 anos de idade. O anúncio da morte foi publicada no Diário do Governo de 16 de novembro de 1853:
Em carta datada de 28 de novembro de 1853, a duquesa de Ficalho, camareira da rainha, relata o desenlace a seu irmão, o 2.º conde do Lavradio:
Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
Chegada do cortejo fúnebre de Maria II ao Mosteiro de São Vicente de Fora
Casamentos:
Havia necessidade de um segundo marido. Apareceram candidatos de França, Nápoles, Alemanha e Sardenha e foi escolhido o sobrinho do rei Leopoldo I dos belgas:
Descendência:
De Fernando de Saxe-Coburgo-Gota esteve grávida 12 vezes, sendo que deu à luz 11 vezes, e só 7 dos seus filhos sobreviveram, e acabou por morrer no seu 11º parto:
Bandeira pessoal de João V e de Maria II
Títulos, Estilos e Honrarias:
O estilo oficial de Maria como rainha era: "Sua Majestade Fidelíssima, Maria II, pela Graça de Deus, Rainha de Portugal e Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhora da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honrarias:
Enquanto monarca de Portugal, Maria foi Grã-Mestre das seguintes Ordens: