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A Monarquia Portuguesa

Este blog pretende ser o maior arquivo de fotos e informações sobre a monarquia portuguesa e a Família Real Portuguesa.

Dom | 29.12.19

Biografias - Francisca Josefa de Bragança

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A infanta D. Francisca Josefa de Bragança (Lisboa, 30 de Janeiro de 1699 - Lisboa, 15 de Julho de 1736), cujo nome completo de desconhece, foi a oitava e última filha a nascer do casamento de Pedro II de Portugal e Maria Sofia de Neuburgo.

Batizada em 24 de fevereiro na Capela Real dos Paços da Ribeira pelo Capelão-Mor D. Luís de Sousa, o primeiro Duque de Cadaval D. Nuno Álvares Pereira de Melo, a carregou nos braços, sendo padrinho mas ausente «o augustissimo Imperador José I, naquele tempo Rei dos Romanos, da Hungria e Boêmia».

Não se casou nem teve filhos. Está sepultada no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora.

Dom | 29.12.19

Biografias - Manuel de Bragança, Infante de Portugal

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O Infante D. Manuel de Bragança (Lisboa, 3 de Agosto de 1697 - Belas, 3 de Agosto de 1766), de seu nome completo Manuel José Francisco António Caetano Estêvão Bartolomeu de Bragança, era o sétimo filho de Pedro II de Portugal e da rainha Maria Sofia de Neuburgo, portanto irmão do rei João V de Portugal. Chamado conde de Ourém e de infante D. Manuel Bartolomeu. «Durante mais de 20 anos percorreu as grandes capitais, onde sempre foi acolhido com deferência. Obrou feitos de guerra nos Bálcãs; com o apoio do imperador da Áustria [santo imperador Romano-Germânico, arquiduque da Áustria, rei da Hungria, da Boémia e da Croácia], esteve quase a ser rei da Polónia [e grão-duque da Lituânia]; em 1732 foi o seu nome lembrado para receber a nova coroa da Sardenha e da Córsega; e nas suas andanças estabeleceu laços de amizade com figuras notáveis da cultura europeia».

Dados biográficos resumidos:

Aos 18 anos o Infante embarcou no dia 5 de novembro secretamente para os Países Baixos num barco inglês, sem consentimento do rei seu irmão, e se dirigiu à Holanda. Pedido seu regresso à pátria, veio por Paris, onde foi hóspede do conde da Ribeira Grande. Mas voltou a fugir, frustrando os intentos de D. João V, seu irmão. Guerreiro e aventureiro, se distinguiu com o Príncipe Eugénio de Saboia. Em 4 de novembro de 1715 fugiu de Lisboa sem ordem, deixando extensa carta ao irmão rei, afirmando que «ia servir ao Imperador seu primo na guerra da Hungria» onde lhe pedia que lhe assistisse «com o que cá lhe dava e com o mais que esperava da sua real grandeza.»

Segundo Rebelo da Silva o «infante, moço ambicioso e inquieto, ardendo em desejos de se mostrar e ganhar fama, cobiçando ver o mundo, desvinculado da tutela da corte do irmão e muito em segredo» tramou a fuga, atribuindo-a a concluio com a Rainha, grávida do Infante D. Carlos, a fim de dissuadir o Rei de uma viagem que, a pretexto de pagar promessa a Nossa Senhora de Loreto, resolvera efetuar. Obrigado a desaprovar publicamente o procedimento do Infante, suspenderia sua própria viagem - o que fez, satisfazendo a Rainha.»

D. António Caetano de Sousa diz que partiu porque seu espírito belicoso ansiava pela gloria dos combates e Portugal estava em paz. Outros comentam que o rei queria que o irmão tomasse Ordens sacras, quando se tratava da criação da Patriarcal. Pinheiro fugira para apagar a nodoa na sua honra, em movimento de arrebatada indignação. Sua popularidade aumentou.» Veríssimo Serrão, em »História de Portugal», volume V, página 248, diz que «Bebeu na educação uma forma de altivez que tinha as marcas da valentia e do pundonor, haja vista uma das divisas que compôs aos 10 anos: ´Mais devem os homens estimar a perda da vida com honra do que viver com infâmia´.»

Levou um filho do conde de Tarouca, Manuel Teles da Silva, da sua idade, um reposteiro e outro moço mais de serviço, algumas jóias, 20 mil cruzados em prata e uma letra do mesmo valor, da parte do comerciante Manuel de Castro Guimarães, para receber em Londres. Foi para a Holanda, apesar da fragata inglesa que D João mandou para persegui-los. Em 14 de novembro de 1715 desembarcou em Amsterdam. Levou ali vida alegre e dissipada, em funções de todo o gênero, do que se lamentava o velho embaixador D. Luís da Cunha ao descrever ao conde de Assumar as «festas, corridas de trenós e bailes em que se dansava até as 7 da manhã, o que o deixava ´meio morto´ de assistir».

Passou para a Haia, com o conde de Tarouca, recebido com grandes festas, e ali passou três meses. Passou à França, indo para a Alemanha depois. Passou à Hungria, no período da 2ª guerra entre os Habsburgos e a Turquia. Em 1º de agosto de 1716 se apresentou voluntario ao Príncipe Eugênio para combater os turcos (150 mil homens)… Na Batalha de Petrovaradin em 1716 nas operações de limpeza depois do combate, tomou o comando de um destacamento designado para flagelar os turcos em fuga, mas esta surtida teria acabado mal se não lhe acudissem oficiais mais experimentados. Assistiu à batalha, em Peterwerden tomou parte nela, saiu ferido e coberto de glória, do ataque à praça de Temeswar. Em dezembro de 1716 estava em Viena, ingressou no exército austriaco, tomando parte na campanha de Belgrado com o Príncipe Eugênio, com a qual a guerra terminou, firmando-se em 1718 o Tratado de Passarowitz. Nomeado Marechal de campo dos exércitos imperiais, obteve o comando de um Regimento de couraceiros com o elevado soldo de 50 mil cruzados. Dai por diante viveu em constante peregrinação pelas cortes da Europa, vida de dissipação, boêmia e amores. Pretendente infeliz ao trono da Polônia e da Lituânia, impôs-se seu imediato regresso ao reino em 21 de outubro de 1734.

Suas proezas encontraram eco nas folhas volantes da época na literatura portuguesa: o Eclipse da Lua Otomana e a Notícia Sumária da Gloriosa Vitória Alcançada pelo Sereníssimo Príncipe Eugénio Francisco de Sabóia. Após as proezas bélicas do infante, a quem chamam «filho de Vénus e Marte» ou ainda o «Marte Lusitano», fácil era dar uma explicação para a sua saída do país: vendo Portugal em paz, D. Manuel procurara zonas em guerra pois setntia falta do combate, segundo António Caetano de Sousa.

Conhecido nas altas rodas aristocráticas europeias, o Journal de Verdun regista os movimentos do príncipe; e a sua fama mundana inspirou dois escritores franceses contemporâneos: Madame Dunoyer, nas suas Lettres Historiques et Galantes, descreve com admiração as graças do príncipe e as festas dadas em sua honra pelo conde de Tarouca. O abbé Prévost no seu livro Mémoires et Aventures d'un Homme de Qualité que s'est retiré du Monde, vol. IX, conta à sua maneira, as razões por que teria deixado Portugal: uma história de amor, rematada pelo suicídio da amada.

Durante 17 anos viveu com a alta aristocracia europeia, aspirando à mão de princesas. Esteve na Itália, na Rússia (em 1730), em Riga e em Varsóvia, tendo sido aventado o seu nome para rei da Polónia e grão-duque da Lituânia (1733). Sem meios, pois a coroa portuguesa não sustentava seu estadão e pretensões, conforme documentos, acabou por regressar a Portugal em 1734. Suas dívidas foram parcialmente pagas mediante um adiantamento da herança paterna.

A partir de 1734, estabeleceu «corte na aldeia»: em Belas, numa propriedade do conde de Pombeiro. Houve quem pretendesse, mais tarde, ter havido uma conspiração em Minas Gerais no intuito de o aclamar Rei do Brasil, o que é tolice, mas efetivamente o infante foi contactado por um português que vivera 20 anos no Brasil, de 1702 a 1722: trata-se de Pedro de Rates Henequim, imediatamente preso pela Inquisição e condenado quatro anos mais tarde em um auto-da-fé em 1744 como cristão-novo e por suas idéias nitidamente milenaristas.

O infante sobreviveu ao monarca e ao terramoto, falecendo solteiro e com poucos meios na quinta de Belas, entregue à vida social e ao convício com letrados e artistas.

Está sepultado no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Dom | 29.12.19

Biografias - Infanta D. Teresa de Bragança

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A infanta D. Teresa de Bragança (Lisboa, 24 de Fevereiro de 1696 (ano bissexto) - Lisboa, 16 de Outubro de 1704), de seu nome Teresa Maria Francisca Xavier Josefa Leonor de Bragança - foi a 6ª filha do casamento de Pedro II de Portugal e Maria Sofia de Neuburgo.

Faleceu com oito anos, de "bexigas malignas" (carcinoma urotelial), encontra-se sepultada no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora.

Dom | 29.12.19

Biografias - António Francisco de Bragança

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António de Bragança, de seu nome completo António Francisco Xavier José Bento Teodósio Leopoldo Henrique de Bragança (Lisboa, 15 de Março de 1695 - quinta da Tapada, arredores de Lisboa, 20 de Outubro de 1757) foi o quinto filho resultante da união de Pedro II de Portugal e Maria Sofia de Neuburgo.

Biografia:

O Infante era «apático e egoísta, e em sua casaca verde se metia e protegia a Companhia do Olho Vivo, bando de ladrões que alarmou Lisboa e aos quais o Infante quis por vaidade salvar, pois dele fazia parte seu mordomo.» Não deixava de ser simpático e se tratava do irmão dilecto do rei João V de Portugal, mas viveu sempre retirado da Corte, nos arredores. D. António tinha um grande interesse na música, tocava o cravo e o pianoforte, era aluno do famoso compositor italiano e cravista Domenico Scarlatti, e em 1732 o compositor Lodovico Giustini dedicou-lhe a primeira colecção já mais editada de sonatas para o pianoforte.

Aquando da morte do seu irmão D. Francisco de Bragança, em 1742, D. António reclamou para si a sucessão na chefia da Casa do Infantado, que viria contudo a ser entregue ao seu sobrinho D. Pedro, filho secundogénito de D. João V, o que muito agravou a relação entre os dois irmãos.

Foi sepultado no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora. Nunca se casou, mas através de seu filho natural, Duarte, é um antepassado de José de Alencar.

Dom | 29.12.19

Biografias - Francisco de Bragança, Duque de Beja

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D. Francisco de Bragança (Lisboa, 25 de Maio de 1691 - Óbidos, 21 de Julho de 1742), de seu nome completo Francisco Xavier José António Bento Urbano de Bragança, foi um infante de Portugal, 3º filho do rei D. Pedro II de Portugal e de sua 2ª esposa Maria Sofia de Neuburgo. Foi batizado pomposamente a 20 de junho de 1691 em Lisboa, na capela real, pelo arcebispo de Lisboa e capelão-mor D. Luís de Sousa, sendo padrinho o Eleitor Palatino, irmão de sua mãe, em seu nome o Cardeal Veríssimo de Lencastre, arcebispo primaz de Braga e Inquisidor-Geral do Reino.

Biografia:

Foi feito pelo pai 7.º Duque de Beja, Condestável de Portugal, Prior do Crato e ainda foi o 2º Senhor da Casa do Infantado. Já em 1° de dezembro de 1697, nas Cortes que juraram o príncipe D. João como herdeiro do Reino, D. Francisco desempenhou a função de Condestável. Jamais um infante obtivera tantos bens e deles usufruiu largamente, pois ao morrer estava cheio de dívidas.

Em 1699, com a morte da rainha D. Maria Sofia de Neuburgo, a figura feminina na educação dos infantes foi ocupada pela tia paterna, D. Catarina Henriqueta de Bragança, rainha da Inglaterra, irmã de D. Pedro II. Aos 13 anos, em 1704, foi acometido do mal das bexigas. Apesar da gravidade da doença, D. Francisco recuperou-se. Todavia, sua irmã mais nova, a infanta D. Tereza, então prometida em casamento ao arquiduque Carlos, pretendente ao trono espanhol durante a Guerra de Sucessão espanhola, não resistiu e faleceu. Nos dois anos seguintes faleceram a tia D. Catarina (1705) e o pai D. Pedro II (1706).

D. João V foi aclamado em 01 de janeiro de 1707 e poucos dias depois, por alvará do dia 12, dispensou D. Francisco, então com 15 anos, da Lei de Maioridade, para que pudesse administrar a Casa do Infantado. A Guerra da Sucessão espanhola e a juventude do infante fizeram-no desejar visitar a frente de Batalha. Porém, o Conselho de Estado não concedeu a permissão necessária para deixar Lisboa. Anos depois, seu irmão mais novo, infante D. Manuel, mais ousado que D. Francisco, fugiu de Lisboa. Ocupou-se ainda D. Francisco de assuntos náuticos, armando navios com recursos próprios e que tiveram participação decisiva na Batalha de Matapão em 1716.

Tristemente célebre pela perversidade da índole. Diz dele Veríssimo Serrão que «continua a ser uma personagem enigmática da nossa história», «a quem se atribui o projecto de, por meios violentos, substituir o irmão no trono. Faltam as provas seguras do asserto, ainda que o infante não deixasse boa lembrança de seu nome, pelo instinto cruel e pela rudeza do seu viver. Dedicava o tempo ao exercício da caça, primeiro em Salvaterra e depois na tapada de Samora, raramente vindo ao Paço para participar nas solenidades religiosas. (...) Tudo é misterioso no seu comportamento sendo quase certo que a partir de 1715 se consumou a sua ruptura com a família real».

Verdadeiro criminoso, «muito novo, um dos seus diletos divertimentos, para mostrar a perícia em atirar ao alvo, era fazer fogo sobre os pobres marujos, que no serviço de bordo se empoleiravam nos mastros dos navios no Tejo, e que o saudavam quando o viam passar pelo rio. Em Queluz, era o terror de toda a gente pelas crueldades. Ambicioso, alimentava a ideia de usurpar a coroa ao irmão como seu pai havia feito a seu tio, D. Afonso VI; por isso, para em tudo seguir aquele exemplo, quando D. João V saía de Lisboa, chegava a incomodar a rainha D. Maria Ana de Áustria, sua cunhada, fazendo-lhe corte descarada e inconveniente, procurando indispô-la contra o marido com intuitos ambiciosos. A rainha, receando muito do seu caráter, procurou impedir a devota peregrinação que o rei projectava a Nossa Senhora do Loreto, na Itália. Seus lisongeiros dizem que tinha grandes conhecimentos de náutica, teóricos e práticos. Rebelo da Silva, na Mocidade de D. João V, e A. F. Barata, nos Jesuitas da côrte, falam do antipático personagem que se distinguiu pela crueldade e ambição.

Descendência:

D. Pedro II havia recomendado ao Príncipe em Testamento datado de setembro de 1704, o casamento de D. Francisco. E o Conde de Vila Maior, nomeado embaixador na corte de Viena pouco antes da morte de D. Pedro II, tinha a missão de solicitar a mão de uma das arquiduquesas ao Príncipe D. João e arranjar um casamento para D. Francisco. A corte imperial cedeu ao pedido de D. João V para casar-se com a arquiduquesa D. Maria Anna, mas recusou o pedido de casamento de outra arquiduquesa, D. Maria Magdalena, para o infante D. Francisco. Alegou-se o péssimo estado de saúde da arquiduquesa, os custos elevados para mais uma viagem e a condição de príncipe não-reinante de D. Francisco.

Celibatário, deixou dois filhos de Mariana da Silveira, freira, morta no quarto que habitava no Convento de Santana em Lisboa, aquando do terramoto de 1755:

  • 1 - Pedro de Portugal (morto em 1741)
  • 2 - João da Bemposta (1726-1780), reconhecido como sobrinho natural de el-rei D. João V, foi capitão-general das armadas reais e galeões de alto bordo, mordomo-mor, conselheiro de Estado e guerra, e senhor de uma grande casa, precedendo a todos os titulares da corte nas funções em que esta se reunia na presença do monarca. Casado com a duquesa de Abrantes, mas sem geração.

Faleceu na Quinta das Gaeiras, de Bernardo Freire de Sousa, em Óbidos. Foi sepultado no Panteão dos Braganças no Mosteiro de São Vicente de Fora. Por sua morte sem descendentes legítimos, a herança da Casa do Infantado foi disputada pelos infantes D. Antônio e D. Pedro, respectivamente irmão e sobrinho de D. Francisco. D. João V decidiu a demanda em favor de seu filho D. Pedro, que mais tarde casou-se com D. Maria I e reinou como D. Pedro III de Portugal.

Dom | 29.12.19

Biografias - João de Bragança, Príncipe do Brasil

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João de Bragança (João Carlos Francisco António Xavier de Paula Domingos Miguel Gabriel Rafael; Lisboa, 30 de agosto de 1688 – Lisboa, 17 de setembro de 1688) foi o filho primogénito resultante do segundo casamento de Pedro II de Portugal com Maria Sofia de Neuburgo, tendo nascido em 30 de agosto de 1688.

O seu nascimento foi motivo de grande satisfação para o rei, que via assim a sua sucessão mais segura (do seu anterior casamento com Maria Francisca Isabel de Saboia nascera apenas uma menina, Isabel Luísa Josefa de Bragança, até então a herdeira presuntiva do trono. Para comemorar o acontecimento, D. Pedro fez do recém-nascido príncipe do Brasil, declarando-o novo herdeiro da coroa.

Foi, porém, precipitada tal decisão. O jovem infante morreria decorridas pouco mais de duas semanas, a 17 de setembro, tendo a família real mergulhado no luto.

Os seus restos mortais se encontram junto de seus familiares, no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora.

Dom | 29.12.19

Rainhas de Portugal - Maria Sofia Isabel de Neuburgo

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Maria Sofia Isabel de Neuburgo (em alemão: Marie Sophie Elisabeth von der Pfalz; Palácio Benrath, 6 de agosto de 1666 — Paço da Ribeira, 4 de agosto de 1699) foi a segunda mulher de D. Pedro II e mãe de D. João V. Era filha do eleitor palatino do Reno, Filipe Guilherme, Duque soberano de Neuburgo, chefe de um ramo segundo da casa reinante da Baviera, os Wittelsbach, e de sua segunda mulher, Isabel Amália de Hesse-Darmstadt.

Biografia:

A escolha desta princesa para futura rainha de Portugal deveu-se ao renome, entre as cortes europeias, da extraordinária fertilidade de seus pais, aparentando garantir rápida e abundante sucessão na Coroa portuguesa, dependente então ainda da frágil saúde da princesa D. Isabel Luisa Josefa, filha única do rei.

Com efeito, os pais da princesa palatina D. Maria Sofia haviam tido 23 filhos, tendo sobrevivido saudavelmente dezassete. Fora também esta mesma a razão porque onze anos antes sua irmã mais velha, Leonor Madalena de Neuburgo, havia sido escolhida em Viena para terceira mulher do imperador Leopoldo I, estando então a família imperial em igual crise de falta de sucessores; assim como, dois anos depois do casamento de D. Maria Sofia, será escolhida uma outra sua irmã, Maria Ana de Neuburgo, para segunda mulher do impotente Carlos II de Espanha, em desesperada e inglória tentativa de sucessão do último rei Habsburgo em Madrid. Esta rainha Maria Ana veio no entanto a contrair segundas núpcias, discretamente, com um nobre basco francês, com descendência fácil por esse seu outro discreto casamento.

Luís XIV, desejando manter em Lisboa uma rainha francesa, sugerira Mademoiselle de Bourbon, entre outras princesas a ele ligadas, para noiva de D. Pedro, tendo, segundo a historiografia inglesa, ficado muito contrariado com o insucesso do seu projecto; pois no final venceu D. Maria Sofia não só pelo renome de fertilidade da sua família, como pelas informações mandadas ao Rei por António de Freitas Branco, encarregado de ver pessoalmente as duas princesas a fim de melhor informar o soberano.

A negociação das segundas núpcias de D. Pedro II, na altura o mais grave assunto diplomático da chancelaria portuguesa, correu em Viena sob o patrocínio da irmã mais velha de D. Maria Sofia, a imperatriz Leonor Madalena, que veio a conseguir que o embaixador português nomeado para o efeito seguisse para Heidelberga a fim de pedir a mão de sua irmã.

A princesa alemã tinha 20 anos ao ser pedida em casamento por D. Pedro II, então já viuvo há três anos. A sua única herdeira, D. Isabel, era fraca e doente, pelo que ao completar esta 16 anos os conselheiros de Estado haviam pedido oficialmente ao Rei um segundo casamento.

D. Pedro II nomeara anteriormente para o efeito a Manuel Teles da Silva, conde de Vilar Maior e futuro 1º marquês de Alegrete, como seu embaixador extraordinário enviado a ir pedir a mão da Princesa Palatina. Partiu o Conde Embaixador a 8 de Dezembro de 1686, sendo o contrato de casamento assinado em 22 de Maio de 1687. Casando por procuração, a futura rainha recebeu do Eleitor Palatino seu pai 100.000 florins de dote, tal como as suas irmãs a imperatriz, a duquesa de Parma, e mais tarde a futura rainha de Espanha.

Casamento:

A princesa D. Maria Sofia casou em 2 de julho de 1687 na capela eleitoral de Heidelberga, por procuração. Deixou Heidelberga no início de agosto, fazendo a viagem pelo rio Reno, com homenagens dos governadores e magistrados das cidades e fortalezas nas duas margens do rio, assim como príncipes e os governos das terras circunvizinhas, quais foram os Arcebispos eleitores de Mogúncia, de Treves, de Colónia, e o Bispo de Vormes, primo do Imperador; Carlos II de Espanha, o Príncipe Guilherme de Orange, futuro Rei da Inglaterra, e os Estados Gerais das Províncias Unidas, assim como a Holanda, por seus deputados.

Em Brila embarcou D. Maria Sofia de Neuburgo num navio inglês, que Jaime II, cunhado de seu marido, pôs à sua disposição, sendo escoltada por uma esquadra comandada pelo Duque de Grafton, filho do rei Carlos II, com quem vinha o Príncipe Fitz James, e alguns lordes. A armada arribou a Plymouth, chegando a Lisboa a 12 de agosto de 1687, fundeando pelo meio-dia.

Havia numerosas embarcações pelo Tejo, navios de guerra fundeados adornados de bandeiras e flâmulas, salvas de castelos e fortalezas, sinos de igrejas, girândolas de foguetes. Pelas três horas embarcou D. Pedro II no bergantim real com os oficiais de sua casa, presidentes dos tribunais e oficiais da sua casa. Era precedido por 24 bergantins adornados de toldos, onde iam os fidalgos. Ao sair do bergantim o soberano era esperado pelo General Crafton e por Luís de Meneses, 3.º Conde da Ericeira. Entrou na câmara da rainha a cumprimentá-la e vieram ambos para bordo do bergantim real entre as salvas repetidas das armadas portuguesa e inglesa. Desembarcaram em pavilhão levantado na ponte da Casa da Índia, e desde ali até à Capela Real do Paço da Ribeira tudo se via adornado. Receberam as bênçãos nupciais do arcebispo de Lisboa e capelão-mor do Rei, D. Luís de Sousa.

Houve vários dias de festas públicas e brilhantes iluminações. D. Maria Sofia era bondosa, e D. Pedro II consagrava-lhe afeto e respeito. D. Isabel, que tinha quase a mesma idade que a sua madrasta, muito se lhe afeiçoou. A Rainha teve dissidências com a cunhada D. Catarina de Bragança, rainha viuva de Inglaterra, então residente na corte de Lisboa, por questões de etiqueta e de precedências, sempre tão graves no século XVII. Devota e caritativa, do seu bolso sustentava viúvas e órfãs, chegando a recolher no Paço doentes pobres. Tinha muita afeição ao Padre Bartolomeu do Quental, que faleceu com fama de santidade. Fundou em Beja um colégio para os religiosos franciscanos, que dotou com rendimentos. Faleceu cedo, vítima de ataque de erisipela no rosto e na cabeça. Foi sepultada envolta no hábito de São Francisco no Panteão Real em São Vicente de Fora. Esteve casada 12 anos e teve sete filhos.

Morreu aos 33 anos, amada na Corte, com a sua missão reprodutiva largamente cumprida, e apesar dos pomposos elogios fúnebres proferidos em Lisboa e em Lagos, não se salientou mais que pela missão caritativa e familiar plenamente exercida.

Descendência:

Do seu casamento com o Rei D.Pedro II teve os seguintes filhos:

  • D.João de Bragança, Príncipe do Brasil (30 de Agosto de 1698 - 17 de Setembro de 1688)
  • Rei D.João V de Portugal (22 de Outubro de 1689 – 31 de Julho de 1750)
  • Infante D.Francisco de Bragança, Duque de Beja (25 de Maio de 1691 – 21 de Julho de 1742)
  • Infante D.António Francisco de Bragança (15 de Março de 1695 – 20 de Outubro de 1757)
  • Infanta D.Teresa de Bragança (24 de Fevereiro de 1696 – 16 de Outubro de 1704)
  • Infante D.Manuel Bartolomeu de Bragança (3 de Agosto de 1697 – 3 de Agosto de 1766)
  • Infanta Francisca Josefa de Bragança (30 de Janeiro de 1699 – 15 de Julho de 1736)
Dom | 29.12.19

Biografias - Isabel Luísa, Princesa da Beira

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D. Isabel Luísa Josefa de Bragança, cognominada a Sempre Noiva (Lisboa, 6 de janeiro de 1669 - Lisboa, 21 de outubro de 1690) foi uma Infanta de Portugal. Única filha do então regente Infante D. Pedro (futuro Rei Dom Pedro II de Portugal) com sua esposa e cunhada D. Maria Francisca de Saboia.

Biografia:

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Isabel Luísa era filha única de Pedro II de Portugal e sua primeira esposa, a francesa Maria Francisca de Saboia. Nasceu no Paço da Ribeira, em Lisboa, em 1669. Ela sempre teve uma saúde frágil. O pai procurou casá-la com numerosas cabeças coroadas (entre as quais Vítor Amadeu II de Saboia, rei da Sardenha), esforço que não logrou nunca concretizar, o que lhe valeu o epíteto de "a Sempre-Noiva".

Isabel Luísa era muito instruída; falava francês, italiano e espanhol, sabia latim e dedicava-se ao estudo da história. O verdadeiro motivo de se ter desmanchado o casamento do Duque de Saboia teria sido o receio dos saboianos da influência preponderante de Luís XIV: a coroa de Portugal seria uma compensação ao Duque Vítor Amadeu pela perda do Piemonte, desejado pela França.

Noiva em 1680 do primo, futuro Vítor Amadeu II de Saboia, duque de Saboia e depois rei da Sardenha. Reconhecida herdeira presuntiva nas cortes de Lisboa, 23 de novembro de 1674. Estando ainda vivo o rei Afonso VI de Portugal, impunha-se criar doutrina jurídica para fundamento da homenagem a ela prestada. As cortes, reunidas em Lisboa, derrogaram só por esta vez a lei «das Cortes de Lamego», que excluía qualquer príncipe estrangeiro de acesso à Coroa. A 25 de março de 1681, o Marquês de Droné, embaixador da Saboia, fez a cerimônia dos esponsais em nome do Duque seu amo, no salão dos Embaixadores, e ali se deu o costumado presente à princesa.

Em 1682 foi enviado embaixador o duque de Cadaval para acompanhar a Lisboa o Real noivo. A esquadra que o conduzia compunha-se de oito navios. Chegou a Villafranca, onde o Duque de Cadaval passou a Turim e ali se encontrava o Duque de Saboia doente, ou dizendo-se doente, de febre pertinaz. O facto serviu de pretexto ao partido contrário de Madame Real, mãe do Duque e regente em sua menoridade, para adiar a viagem que muito desejava, a fim de assegurar uma coroa real ao filho. Dizia o partido inimigo que era para ficar governando sem competidor aos seus Estados, favorecendo nesse caso as ideias de Luís XIV. O embaixador português, vendo que o Duque se não restabelecia, que o partido contrário à sua vinda para Portugal aumentava e que o próprio Duque o animava, resolveu voltar para seu país, não querendo invernar nos portos do Piemonte.

Como filha mais velha de D. Pedro II, assumiu em 12 de setembro de 1683 o título de Princesa da Beira. Foi reconhecida nas Cortes de Lisboa como herdeira presuntiva até ao nascimento do irmão, o Príncipe D. João.

O incidente e a enfermidade que sobreveio a D. Maria Francisca Isabel de Saboia (morta em 27 de dezembro de 1683), romperam a aliança, não desejando outra coisa os portugueses senão ver casado de novo o Príncipe D. Pedro; que já tinha assumido o titulo de rei Pedro II de Portugal por D. Afonso VI ter morrido em setembro. D. Pedro II casou assim em 1687 com D. Maria Sofia de Neuburgo, filha do eleitor palatino Filipe Guilherme de Neuburgo.

Pensou-se em casá-la com Luís XIV, com o Luís, o grande delfim de França, com Carlos II de Espanha, com Fernando de Médici, Grão-príncipe da Toscana, com o duque de Parma e com Carlos III Filipe, Eleitor Palatino[2].

Com o nascimento em 1688 do primeiro filho de D. Pedro II e da sua nova consorte D. Maria Sofia, D. João de Bragança, Príncipe do Brasil, assim, a Princesa deixa de ser a herdeira do trono mas este filho só vive uns dias, tornando-a pela segunda vez herdeira do trono até que em 22 de outubro de 1689 nasceu outro príncipe, o futuro D. João V de Portugal.

Adoecendo ela de varíola, não se restabeleceu; desesperando os médicos da sua vida, preparou-se para morrer cristãmente, recorrendo aos sufrágios da igreja.

Faleceu no Palácio de Palhavã, em Lisboa, tendo sido sepultada ao lado da mãe na igreja do convento do Santo Crucifixo ou Convento das Francesinhas, que sua mãe fundara. Em 1912 foi, com a mãe, trasladada para o Panteão dos Braganças no Mosteiro de São Vicente de Fora.

Dom | 29.12.19

Rainhas de Portugal - Maria Francisca de Saboia

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Maria Francisca Isabel de Saboia (Marie Françoise Élisabeth; (Paris, 21 de junho de 1646 –Lisboa, 27 de dezembro de 1683) foi Rainha Consorte de Portugal em dois períodos diferentes, primeiro de 1666 até 1668 como esposa de D. Afonso VI, e depois de setembro até dezembro de 1683 como esposa de D. Pedro II, irmão do precedente.

Origens:

Maria Francisca foi princesa de Saboia, a segunda filha do 4º duque de Aumale e duque de Nemours, Carlos Amadeu de Saboia-Nemours (1624-1652) e de Isabel de Bourbon (1614-1664), uma das três filhas de César de Bourbon, Duque de Vendôme, bastardo legitimado do rei Henrique IV de França. A irmã de Isabel, Maria Joana Batista, se casara com Carlos Emanuel II, Duque de Saboia e seu tio era César d´Estrées, Bispo e Cardeal de Laon. Era assim Duquesa de Nemours-Aumale e bisneta por bastardia de Henrique IV de França. Maria Francisca descendia ainda da famosa amante do rei Henrique II de França, Diana de Poitiers, duquesa de Valentinois.

Primeiro casamento:

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O conde de Castelo Melhor buscara uma noiva francesa porque cobiçava a aliança de Luís XIV. Tentou a Grande Mademoiselle, e Luís XIV favorecia o projeto, mas a noiva resistiu, por amores com o duque de Lauzun. O duque de Guise lembrou o nome desta que era Mademoiselle de Nemours e d´Aumale, da casa soberana, parente do rei, gentil e inteligente, que tinha dote valioso. Era ainda aparentada com os Condé e com os principais fidalgos e traria para Portugal as simpatias da corte, o que era importante por estar Portugal em guerra contra a Espanha. A dificuldade proveio dos escrúpulos da Duquesa, que prometera a mão da filha a Carlos de Lorena. Morrendo a duquesa, cessou o obstáculo e o casamento foi ajustado em 1665. A 24 de fevereiro de 1666 assinaram-se as escrituras pelas quais a Rainha trazia de dote 1.800.000 libras tornesas ou 324.000.000 réis, devendo usufruir em Portugal da herança da sogra, D. Luísa de Gusmão, que valia 100.000 cruzados. Mencionava-se que, se sobrevivesse ao Rei sem ter filhos, poderia sair de Portugal com o dote e mais 500.000 libras esterlinas. Tendo filhos, só poderia levar, no mesmo caso, 1/3 do dote e 1/3 das 500.000 libras. Assinadas as escrituras, a Rainha saiu de Paris em 29 de maio de 1666, com o Marquês de Sande e comitiva, para La Rochelle. Ali em 27 de junho de 1666 casou por procuração com o rei, representado pelo Marquês. A 4 de julho embarcou a bordo de uma esquadra francesa de 10 navios comandada pelo marquês de Ruvigny, recebendo a esquadra de seu tio, o duque de Beaufort, para lhe abrir caminho, porque era de recear que os espanhóis a quisessem aprisionar. Chegou ao sítio da Junqueira a 9 de agosto de 1666, indo o conde de Castelo Melhor recebê-la a bordo com sua mãe, nomeada camareira-mor, e a levou para o Paço de Alcântara, onde a esperava o rei, o Infante D. Pedro e a corte. O rei se mostrou impressionado com a formosura da noiva e o casamento foi ratificado na igreja do convento das flamengas em Alcântara, celebrante o Bispo de Tara e Capelão-mor da Casa Real. A 19 de agosto, a Rainha foi à Sé para um solene Te Deum.

Estabelecida em Portugal, chamou para junto de si Melchior Harold de Sénevas, abade de Préau e marquês de Saint-Germain, homem de confiança de Luís XIV, que a ajudaria a fomentar a revolta palaciana de 1668, que afastou D. Luís de Vasconcelos e Sousa, 3.º conde de Castelo Melhor, que muito se empenhara no casamento.

A Guerra da Restauração arrastava-se e apesar de muitas alianças prometidas, estas não se concretizavam e mais tarde ou mais cedo sucumbiria Portugal perante a Espanha, e este estado de coisas levou o conde a procurar uma aliança matrimonial com a França. Mas cedo se apercebeu que a nova rainha defendia os interesses do seu país, e não os da sua nova pátria, o que levou esta primeiro a afastar o Dr. António de Sousa Macedo, braço direito do conde, a pretexto de a ter insultado durante um incidente por ela provocado. Finalmente, vendo o Rei privado dos seus homens de confiança e considerando-o incapaz de governar por sua própria vontade, a rainha abandona o Paço e recolhe-se ao convento da Esperança, de onde escreve ao cabido pedindo a anulação do seu casamento, alegando peso na consciência pela dissimulação que fizera ao longo dos anos. O casamento foi anulado em 24 de março de 1668. No dia imediato o infante foi ao Paço e obrigou o Rei a abdicar, alertando para situação do reino.

Comentários depreciativos de um cronista:

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O casamento de D. Afonso VI com a filha do duque de Nemours interessou a França em nossos destinos, nos deu sua aliança. Enquanto Portugal se engrandecia no campo da batalha, consolidando a independência, no paço, em Lisboa, triunfavam as intrigas palacianas. A rainha estranhava bastante o marido, homem de instintos viciosos, destituído de educação, incapaz de amar e de se fazer amar. Sendo ambiciosa, estava habituada ao respeito e obediência da corte de Luís XIV, que de longe queria sujeitar a política portuguesa à influência do governo de Versalhes. Castelo Melhor não era homem que se curasse facilmente, e como a rainha soubera adquirir grande influência no ânimo fraco do marido, tratou de impedir que entrasse demasiadamente na política e nos negócios do Estado. Daqui resultou a hostilidade, dissimulada e depois sem reserves. O conde, verdadeiro diplomata, não deu nunca ensejo à rainha para que pudesse queixar-se dele, outro tanto não aconteceu com o secretário de estado, António de Sousa de Macedo, barão de Mullingar, poeta e escritor. Uma insignificante questão, relativa a um criado da rainha, obrigou a orgulhosa soberana a censurar Sousa de Macedo, e este respondeu com mais vivacidade. A rainha fez grande escândalo, dizendo que lhe tinham faltado ao respeito, queixou-se a el-rei, exigindo a sua demissão. El-rei, apesar da sua curta inteligência, entendia que os tiros dirigidos contra homens que o rodeavam, e que formavam um governo muito considerado no estrangeiro, era a ele que o feriam, não quis aceder ao pedido da rainha, e mesmo porque da resposta do secretário de estado nada havia de menos respeitoso. A rainha ainda insistiu, mas o rei instigado pelo conde de Castelo Melhor, firmou-se no seu propósito, e Sousa de Macedo não foi demitido. O infante D. Pedro, já em dissidências com seu irmão, ajudando os projectos da rainha, de quem se tornara íntimo, mostrou-se indignadíssimo. D. Pedro fazia oposição ao 1° ministro, porque, quando a impopularidade de D. Afonso VI mais se pronunciou, nutria a esperança de conquistar o poder, e o conde elevava-se entre ele e o rei, e o seu vulto enérgico era pare fazer recuar os ambiciosos. A rainha, que também detestava o ministro, ligou-se ao cunhado, para conspirarem contra o seu poder, procurando inutilizá-lo. Estas ligações tornaram-se depressa escandalosas. D. Maria Francisca de Saboia, na força da vida, via-se casada com um homem quase decrépito, e incapaz de inspirar amor pelos defeitos físicos e intelectuais, enquanto que D. Pedro era um rapaz simpático e dizia amá-la. Diz-se que foi no bosque de Salvaterra, onde el-rei gostava muito de ir à caça, que esses amores mais se acentuaram. O conde de Castelo Melhor, com a sua perspicácia, não tardou a descobrir aqueles amores, e o infante, percebendo que o conde estava senhor do segredo, mais aumentou seu ódio.

Segundo casamento:

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Casou-se com o cunhado (depois da bula papal que os autorizava), em 2 de abril de 1668. Teve uma filha, apenas, a Infanta Isabel Luísa, Princesa da Beira. De 1668 a 1683, quando casada com o Regente D. Pedro, usou o Título de Princesa, mas era conhecida como Rainha-princesa. Voltou a ser Rainha de facto após a morte de Afonso VI em 12 de setembro de 1683. Morreu três meses e meio depois, em 27 de Dezembro de 1683.

O casamento não foi feliz. Sua filha morreu aos 21 anos, depois de ter várias vezes ajustado o seu casamento com diversos príncipes. A Rainha fundou em 1667 o convento do Santo Crucifixo ou das Francesinhas, e enriqueceu muitas igrejas. Em 1683 adoeceu gravemente com hidropisia, indo para o palácio do conde de Sarzedas, em Palhavã, para mudança de ares; melhorou e logo piorou, morrendo três meses depois do primeiro marido, D. Afonso VI. Foi sepultada no Convento das Francesinhas, que fundara, tendo em 1912 seus restos mortais sido trasladados para o Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora.

Descendência:

Do seu segundo casamento com D. Pedro II teve uma filha:

  • D. Isabel Luísa de Bragança, Princesa da Beira (1669–1690); Nunca casou-se nem teve filhos.
Sab | 28.12.19

Biografias - Manuel de Bragança

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O infante D. Manuel de Bragança foi o quinto filho resultante da união do então duque de Bragança João II (futuro rei D. João IV) e da sua esposa Luísa de Gusmão, no dia 6 de Setembro de 1640, no palácio ducal de Vila Viçosa. Faleceu nesse mesmo dia, tendo sido sepultado no Convento de São Francisco, sendo depois trasladado para o Panteão dos Duques, na Igreja dos Agostinhos, daquela mesma vila.

Sab | 28.12.19

Biografias - Catarina de Bragança

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Catarina Henriqueta (Vila Viçosa, 25 de novembro de 1638 – Lisboa, 31 de dezembro de 1705) foi a esposa do rei Carlos II e rainha consorte da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1662 até 1685. Era filha de D. João IV, primeiro rei da Casa de Bragança em Portugal, e sua esposa Luísa de Gusmão.

Catarina não foi uma rainha popular na Inglaterra por ser católica, o que a impediu de ser coroada. Ela era um objeto especial de ataque pelos inventores da Trama Papista. Sem posteridade, deixou à Inglaterra a geleia de laranja, o hábito de beber chá, além de lá ter introduzido o uso dos talheres e do tabaco.

Sua posição era difícil, teve três abortos e não produziu herdeiros. Seu marido Carlos continuava a ter filhos de suas amantes, mas insistia em que ela fosse tratada com respeito e recusou divorciar-se. Chegou mesmo a ser acusada de maquinar a morte do marido por sugestão do pontífice e outros príncipes católicos.

Enviuvando em 16 de fevereiro de 1685, Catarina permaneceu em Inglaterra durante o reinado do cunhado Jaime II e regressou a Portugal no reinado conjunto de Guilherme III e Maria II, depois da Revolução Gloriosa, instalando-se no Palácio da Bemposta, onde morreu em 1705, aos 67 anos.

Início de vida:

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Catarina nasceu no Paço Ducal de Vila Viçosa, como a segunda filha sobrevivente de João, 8º Duque de Bragança e sua esposa Luísa de Gusmão. Após a Guerra da Restauração Portuguesa, seu pai foi aclamado rei D. João IV de Portugal, em 1 de Dezembro de 1640. Apesar da luta contínua de seu país contra a Espanha, Catarina desfrutou de uma infância feliz e contente em sua amada Lisboa.

Comumente considerada o poder por trás do trono, a rainha Luísa de Gusmão também era uma mãe devotada que se interessava ativamente pela educação de seus filhos e supervisionava pessoalmente a educação de sua filha. Acredita-se que Catarina passou a maior parte de sua juventude em um convento perto do palácio real, onde permaneceu sob o olhar atento de sua mãe protetora. A irmã mais velha de Catarina, Joana, Princesa da Beira, morreu em 1653, deixando Catarina como a filha mais velha sobrevivente de seus pais. Seu marido foi escolhido por Luísa de Gusmão, que atuou como regente de seu país após a morte de seu marido em 1656.

Casamento:

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Dois anos depois de aclamar, D. João IV, querendo fortificar e robustecer a soberania e a independência, procurava alianças: um dos meios era casar os filhos com príncipes e princesas estrangeiros. Catarina nem tinha oito anos e já se tratava de a casar com D. João d'Áustria, bastardo de Filipe IV de Espanha; houve ideias de a casar com o duque de Beaufort, neto de Henrique IV de França por bastardia. As negociações ficaram sem resultado. Pensou-se no casamento com Luís XIV, laço habilmente preparado pelo cardeal Mazarino para conseguir, via Portugal, obrigar a Espanha a fazer a paz com a França.Em vida de D. João IV se trataram destas negociações com actividade, chegando a vir a Lisboa o embaixador francês conde de Cominges. Mazarino, servindo-se do engodo da promessa deste casamento, trouxe Portugal iludido, abandonando-o depois, assinando a paz com a Espanha e o contrato do casamento do rei com a infanta espanhola D. Maria Teresa de Áustria. Em 1661, sendo regente a rainha D. Luísa de Gusmão na menoridade de Afonso VI de Portugal, tratou-se novamente do casamento da infanta D. Catarina, sendo escolhido Carlos II da Inglaterra.

Em 18 de agosto de 1661 a rainha declarou em cortes o contrato nupcial, aprovado pelo Conselho de Estado. Seguiu-se um contrato de paz, com artigos muito curiosos, publicado no Gabinete histórico, de Frei Cláudio da Conceição, tomo V. Eram entregues à Inglaterra a cidade e a fortaleza de Tânger com tudo quanto lhe pertencesse e a ilha de Bombaim na Índia Oriental, com todas as suas pertenças e senhorios, para ficarem daquele porto mais prontas as suas armadas para socorro das praças do Portugal na Índia.

O contrato foi assinado por el-rei com todas as cerimónias legais da Inglaterra a 23 de junho de 1661, e pelo embaixador Conde da Ponte e Marquês de Sande, Francisco de Melo e Torres, que regressou a Portugal, onde foi recebido com muita satisfação pela regente, e com muito desgosto da parte do povo, pela entrega de Tânger e Bombaim.

Em 28 de abril de 1662 recebeu-se em Lisboa a notícia da realização do contrato, e pouco depois chegou a armada inglesa, que devia conduzir a seu bordo a nova rainha. O general comandante era Eduardo de Montaigne, Conde de Sandwich, revestido com o caráter de embaixador extraordinário. Ela partiu acompanhada do Marquês de Sande, do Conde de Pontével, Nuno da Cunha, Francisco Correia da Silva, e pessoas da corte. Antes de embarcar todos se dirigiram à Sé, onde se celebrou missa solene e Te-­Deum. Houve salvas da artilharia, repiques de sinos, pomposos ornatos nas ruas por onde passava o cortejo, o som das trombetas, charamela e outros instrumentos, tudo contribuía para abrilhantar a festa dos desposórios reais. Finalmente, a nova rainha entrou no bergantim real, adornado com magnificência, e navegou para bordo da nau capitania Grão-Carlos. Acompanharam as damas D. Elvira de Vilhena, condessa de Pontével, e D. Maria de Portugal, condessa de Penalva.

A armada chegou a Portsmouth a 14 de maio de 1662 e ali a esperava o Duque de Iorque, irmão de Carlos II, futuro Jaime II. A rainha, sentindo-se um pouco indisposta, conservou-se alguns dias na cidade. Depois da sua chegada, ela casou em duas cerimónias - uma católica, em segredo, e uma anglicana, em público, - no dia 21 de maio. No gabinete histórico, já citado, à pág. 160, vem a descrição do real consórcio, mas parece ter havido engano nas datas, pois a cerimónia se realizou a 22, segundo artigo publicado no Daily News que o Diário de Notícias transcreveu. Nele se diz que na última viagem a Inglaterra o rei Dom Carlos mostrou desejos de ver os registos da igreja de São Tomás, de Portsmouth, onde está o assentamento do enlace — na igreja de Domus Dei, local onde hoje está a Garrison Church. Houve alteração no programa da viagem, e el-rei teve de partir para Londres antes do dia destinado à sua visita na paróquia de S. Tomás.

O vigário e os outros funcionários da igreja resolveram então mandar uma excelente copia da certidão, feita em 1880, e pertencente ao museu de Portsmouth, foi tirada fiel reprodução. A certidão reza: «O nosso augusto Soberano Lorde Carlos II, pela Graça de Deus, rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda, Defensor da Fé e a Ilustríssima Princesa D. Catarina, Infanta de Portugal, filha do falecido D. João IV, e irmã de D. Afonso, presente rei de Portugal, foram casados em Portsmouth na quinta feira, vigésimo segundo dia de Maio, do ano do N. Sr. de 1662, 14.º do reinado de SM, pelo R. R. F. in G. Gilbert, Bispo Lorde de Londres, Deão da Real Capela de Sua Majestade na presença de grande parte da nobreza dos domínios de Sua Majestade e da de Portugal.»

A 30 de setembro do citado ano de 1662 entraram os esposos em Londres, acompanhados de numeroso séquito, que incluía por parte da comitiva portuguesa, vistosos e numerosos músicos e jograis entre os quais 10 tocadores de charamelas e 12 tocadores de gaitas-de-fole, que eram preferência da rainha.Todas estas pessoas desembarcaram numa ponte que se organizara junto do paço, onde os esperavam a rainha-mãe, e toda a corte e nobreza da Grã‑Bretanha. Houve esplêndidas festas e vistosas iluminações.

O casamento havia sido negociado em Londres por Francisco de Melo e Torres. Em ambiente hostil, manteve a sua fé e conseguiu que o seu marido abjurasse do anglicanismo numa cerimónia particular.

Rainha Consorte:

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Catarina não foi uma rainha popular na Inglaterra por ser católica, o que a impediu de ser coroada. Sem posteridade, deixou à Inglaterra a geleia de laranja, o hábito de beber chá, além de lá ter introduzido o uso da faca, a marmelada e o tabaco. Antes de Catarina de Bragança, a aristocracia britânica comia com os dedos, o que chocou-a. A faca foi usada para cortar a comida de pedaços grandinhos de comida enquanto a colher servia para molhos ou pudins. A sua responsabilidade pela introdução do chá é disputada já que no ano de 1657, Thomas Garraway o vendia na sua loja de café em Londres na Exchange Alley. Isto aconteceu num período em que a East India Company estava a vender abaixo dos preços dos Holandeses e o anunciava como uma panaceia para a apoplexia, catarro, cólica, tuberculose, tonturas, epilepsia, pedra, letargia, enxaquecas, parálise e vertigem. O hábito de beber chá já existiria, Catarina apenas o transformou na "instituição" que hoje conhecemos por "five o'clock tea".

Em Londres, estavam reservados grandes desgostos à rainha porque D. Catarina reconheceu em seu marido carácter muito diferente do que lhe afirmaram. Julgava-o um homem sério e virtuoso, mas era, ao contrário, libidinoso. Em solteiro se entregara sempre a uma vida de libertinagem dissoluta, continuou da mesma forma, casado, sem se coibir, dando nenhuma importância à mulher, chegando ao ponto de nomear para dama da rainha sua amante, Barbara Palmer, que depois elevou a Duquesa de Cleveland. O procedimento deu origem a graves discórdias, de que resultou o rei nunca mais procurar sua mulher nem sequer a cumprimentar quando se encontravam. D. Catarina, fazendo esforço, pretendeu ainda chamá-lo a si, tratando benevolamente a favorita, mas nem assim lhe mereceu consideração. Na Biblioteca da Ajuda, nas colecções dos manuscritos, há sua correspondência com seu irmão D. Afonso VI de Portugal e sua mãe Luísa de Gusmão.

Seu dote trouxe as cidade de Bombaim e Tânger para o domínio britânico, pois Portugal, em busca de apoios contra Filipe IV de Espanha na Guerra da Restauração, a isso se comprometera pelo tratado de paz e aliança assinado em 3 de junho de 1661: obrigava-se o país a pagar dois milhões de cruzados pelo dote da infanta, e transferia para a Inglaterra a posse de Tânger, e do porto e ilha de Bombaim. Além disso, os mercadores ingleses podiam habitar quaisquer praças do reino e gozavam de idênticos privilégios no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco. No caso de os Portugueses recuperarem dos Holandeses a ilha do Ceilão, obrigavam-se a repartir com os Ingleses o trato da canela. Todavia, sua popularidade nos Estados Unidos era bastante elevada. Acarinhada pela população local, em sua homenagem foi dado o nome de Queens a um dos cinco bairros da cidade de Nova Iorque.

Catarina nunca deu à luz um herdeiro, apesar de ter estado grávida três vezes, a última das quais em 1669, ambas terminaram em abortos espontâneos. Sua posição era difícil, já que Carlos continuava a ter filhos de suas amantes, mas insistia em que ela fosse tratada com respeito e recusou divorciar-se. Chegou mesmo a ser acusada de maquinar a morte do marido por sugestão do pontífice e outros príncipes católicos. Como seu irmão, já regente e depois Pedro II de Portugal, mandou como embaixador extraordinário Henrique de Sousa Tavares, marquês de Arronches, fez com que fossem castigados os acusadores, o rei tornou a ter amor e carinho por ela e morreu, ao que se diz, como verdadeiro católico.

Últimos anos e morte:

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Enviuvando em 16 de fevereiro de 1685, Catarina permaneceu na Inglaterra durante o reinado do cunhado Jaime II e regressou a Portugal no reinado conjunto de Guilherme III e Maria II, depois da Revolução Gloriosa, instalando-se no Palácio da Bemposta.

Embarcou para Lisboa em 29 de março de 1692 e percorreu França e Espanha, entrando pela província da Beira. Entrou em Lisboa em 20 de janeiro de 1693, recebida entre aclamações do povo, indo D. Pedro II esperá-la ao Lumiar, e conduzi-la ao palácio de Alcântara. Mudou a residência para o palácio do conde de Redondo, a Santa Marta; mais tarde ainda foi morar para o palácio dos condes de Soure à Penha de França, e fixou definitiva residência em Belém, no palácio do conde de Aveiras, hoje, paço Real de Belém, pela compra que dele fez D. João V aos fidalgos. Como desejava ter casa sua, resolveu-se a construí-la. O Campo da Bemposta era pouco povoado, tinha terrenos espaçosos, ar saudável e grandes pontos de vista. Os terrenos para o palácio e para a quinta foram comprados a diversos proprietários. No paço recebeu a rainha viúva a visita de dom Carlos, Duque de Áustria, em 1701. Ali tratava todos os negócios do Estado nas duas vezes em que foi regente do reino; a primeira quando em maio de 1704 D. Pedro II partiu para a Beira, à frente do exército, com o arquiduque de Áustria e das tropas aliadas, para dar começo à guerra da sucessão de Espanha. A segunda, algumas semanas em 1705, por motivo de el-rei ter adoecido gravemente. Legou todos os bens ao rei seu irmão. Na História Genealógica, tomo IV, encontram-se quatro medalhas dedicadas a D. Catarina, reproduzidas na Memória de Lopes Fernandes.

Morreu em Lisboa em 31 de dezembro de 1705 no palácio do Campo Real ou Bemposta. Enterrada no real convento de Belém ou Igreja dos Jerónimos, o seu corpo foi depois trasladado para o panteão dos Braganças em São Vicente de Fora.

Sab | 28.12.19

Biografias - Joana, Princesa da Beira

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D. Joana de Bragança (18 de Setembro de 1636 - 17 de Novembro de 1653) foi a terceira filha a nascer do enlace entre o então Duque de Bragança, D. João II (futuro Rei D. João IV de Portugal) e da sua esposa D. Luísa de Gusmão, no dia 18 de Setembro de 1636, no Paço Ducal de Vila Viçosa.

Em 1645, sendo na altura a filha mais velha de D. João IV, tornou-se a primeira Princesa da Beira, título criado por seu pai para ser atribuído à filha mais velha do monarca de Portugal.

D. Joana faleceu com apenas 17 anos em Lisboa, em 17 de Novembro de 1653, vítima de doença, poucos meses volvidos sobre a morte do herdeiro do trono, o Príncipe D. Teodósio, facto que muito entristeceu a família real portuguesa. Foi inicialmente sepultada no Mosteiro dos Jerónimos, tendo sido depois trasladada para o Panteão dos Braganças em São Vicente de Fora.

Sab | 28.12.19

Biografias - D. Ana de Bragança

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D. Ana de Bragança (21 de janeiro de 1635 - 21 de janeiro de 1635) foi a segunda filha a nascer da união do então duque de Bragança, D. João (futuro rei D. João IV de Portugal) e da sua esposa Luísa de Gusmão, no dia 21 de janeiro de 1635, no Palácio Ducal de Vila Viçosa. Faleceu nesse mesmo dia, tendo sido sepultada no Convento das Chagas dessa mesma vila. Foi posteriormente transladada para o Panteão da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Sab | 28.12.19

Biografias - Teodósio, Príncipe do Brasil

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D. Teodósio de Bragança (Vila Viçosa, 8 de fevereiro de 1634 — Belém, 15 de maio de 1653), primogénito do rei, D. João IV e da rainha D. Luísa de Gusmão. Herdeiro da coroa portuguesa, 9.º Duque de Bragança (como D. Teodósio III) e 1.º Príncipe do Brasil, título especialmente criado em sua honra, enquanto herdeiro do trono, por carta do pai de 27 de outubro de 1645.

Desde cedo vocacionado para o exercício do poder, revelou grandes dotes para as letras e para a música, à semelhança de seu pai; contudo, a sua morte prematura, aos 19 anos, apartou-o do trono, levando ao poder, em seu lugar, seu irmão D. Afonso, mentalmente débil.

Biografia:

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Nasceu no dia 8 de fevereiro de 1634 no Paço Ducal de Vila Viçosa.

Com apenas seis anos, impusera-se como a grande esperança da Restauração da Independência de Portugal. Diz Veríssimo Serrão em «História de Portugal» volume V página 36: « recebera uma boa educação literária, científica e militar, contribuindo para a sua formação o padre António Vieira, que lhe moldou o espírito religioso na consciência do grande papel que o destino lhe reservava.» «O impulso da juventude o fez visitar em 1651 os castelos do Alentejo, onde animou os soldados e as populações; e, no regresso a Lisboa, viu-se nomeado capitão-general das armas do Reino. Para ele houve várias tentativas de consórcio, mas a diplomacia portuguesa não conseguiu impor o projecto na corte de França. Referem os cronistas que era muito devoto e, ao mesmo tempo, impregnado de ideal guerreiro. Tinha uma saúde frágil, pelo que aos 19 anos não resistiu aos efeitos de uma tuberculose pulmonar de que há muito padecia.»

Participou das reuniões do conselho de Estado. Era um jovem interessado em cultura, sabia grego e latim, interessava-se por filosofia e pelos grande pensadores clássicos, era respeitado entre os intelectuais da época. Fazia várias previsões do mundo político. Tinha grande interesse em astrologia, incentivado e auxiliado pelo padre jesuíta António Vieira, tendo, sob a tutela de astrólogos da época, composto muitas cartas astrológicas.

Assim como a sua irmã a Princesa da Beira D. Joana de Bragança, foi primeiramente sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, sendo depois trasladado para o Panteão da Dinastia de Bragança, do Mosteiro de São Vicente de Fora.

Sab | 28.12.19

Rainhas de Portugal - Luísa de Gusmão

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Luísa Maria Francisca de Gusmão e Sandoval (em espanhol: Luisa María Francisca de Guzmán y Sandoval; Sanlúcar, 13 de outubro de 1613 — Lisboa, 27 de fevereiro de 1666), pelo seu casamento com João IV, na altura ainda Duque de Bragança, veio a ser a primeira Rainha consorte de Portugal da Casa de Bragança.

Duquesa de Bragança:

Da Casa Ducal de Medina-Sidónia, Dona Luísa era filha de João Manuel Peres de Gusmão, 8º duque de Medina-Sidónia, e de Joana Lourença Gomes de Sandoval e Lacerda, os senhores mais poderosos de Huelva y Sanlucar de Barrameda. Descendia dos reis de Portugal por via paterna - a sua avó Ana de Silva e Mendonça, filha do príncipe de Éboli era descendente de D. Afonso Henriques) - e por via materna - a sua outra avó, Catarina de Lacerda, descendia de D. Afonso I de Bragança. Era, também, descendente por bastardia de Fernando o Católico por seu avô paterno e de São Francisco de Borja, sendo desta maneira novamente por bastardia de Fernando o Católico por seu avô materno e assim, por último, descendente, também, do Papa Alexandre VI.

Em 1621, na subida ao trono de Filipe IV, o plano de incorporação de Portugal na Coroa de Espanha tinha já realizado duas fases: a fase da união pela monarquia dualista jurada em Tomar (1581) por Filipe II, prometendo o respeito pela autonomia do Governo de Portugal; e a fase da anexação, entretanto operada durante o reinado de Filipe III (1598-1621).

No início do reinado de Filipe IV faltava apenas consumar a absorção de Portugal. Na Instrucción sobre el gobierno de España, que o Conde-Duque de Olivares apresentou ao rei Filipe IV, em 1625, tratava-se do planeamento e da execução dessa fase final da absorção. O conde-duque indicava três caminhos:

  • 1º - Realizar uma cuidadosa política de casamentos, para confundir e unificar os vassalos de Portugal e de Espanha;
  • 2º - Ir o rei Filipe IV fazer corte temporária em Lisboa;
  • 3º - Abandonar a letra e o espírito dos capítulos das Cortes de Tomar (1581), que colocava na dependência do Governo autónomo de Portugal os portugueses admitidos nos cargos militares e administrativos do Reino e do Ultramar (Oriente, África e Brasil), passando estes a ser vice-reis, embaixadores e oficiais palatinos de Espanha.

Dos três caminhos indicados, aquele que era talvez o mais difícil de realizar era o da política de casamentos. O casamento de Dona Luísa de Gusmão com o Duque de Bragança surgiu como uma oportunidade a não perder. Juntando duas importantes Casas Ducais, uma de Espanha e a outra de Portugal, esperava-se por seu intermédio vir a impedir o levantamento de Portugal contra a Dinastia Filipina.

Dona Luísa de Gusmão, porém, apoiou a política do marido na rebelião contra a Espanha. Tê-lo-á mesmo incitado a aceitar a Coroa do Reino de Portugal, nem que para isso fossem precisos grandes sacrifícios. O conde da Ericeira atribuiu à duquesa Dona Luísa o propósito "mais acertado de morrer reinando do que acabar servindo", a partir do qual os adversários da autonomia portuguesa fizeram depois sonoras frases ao gosto popular, como a de que ela teria afirmado, "melhor ser Rainha por um dia, do que duquesa toda a vida". Segundo a opinião de Veríssimo Serrão, «não é de manter-se a falsa tradição que fez dela um dos «motores» da Restauração, mas não oferece dúvida que se identificou com o movimento e soube enfrentar os sacrifícios com ânimo varonil».

Rainha de Portugal:

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Após a aclamação, instalou-se em Lisboa com os filhos, vivendo para sua educação. Não teve um papel apagado, pois aquando da revolta de 1641 foi de parecer que os culpados não mereciam perdão, mesmo o inocente duque de Caminha. Exerceu governo sempre que o rei acorria à fronteira do Alentejo, como em Julho de 1643, auxiliada nos negócios públicos por D. Manuel da Cunha, bispo capelão-mor, Sebastião César de Meneses e o marquês de Ferreira.

Desde muito cedo, as rainhas de Portugal contaram com os rendimentos de bens, adquiridos na sua grande maioria por doação. Às rainhas cabiam tenças sobre a receita das alfândegas, a vintena do ouro de certas minas, para além dos rendimentos das terras de que dispunham e a nomeação dos respectivos ofícios.

No entanto, e de acordo com o estipulado nas Ordenações Manuelinas, as doações feitas às rainhas, mesmo quando não reservavam para o monarca nenhuma parte da jurisdição cível e crime, deviam ser interpretadas com reserva da mais alta superioridade e senhorio para o rei. Para além de estipularem as formas de exercício da jurisdição das rainhas, determinavam o regimento do ouvidor, que era desembargador na Casa da Suplicação.

Após o período de domínio filipino, durante o qual cessara o estado, dote e jurisdição das rainhas, D. João IV determinou que sua mulher, D. Luísa Gabriela de Gusmão, detivesse todas as terras que tinham pertencido à anterior rainha D. Catarina: (Silves, Faro, Alvor, Alenquer, Sintra, Aldeia Galega e Aldeia Gavinha, Óbidos, Caldas da Rainha e Salir do Porto), com as respectivas rendas, direitos reais, tributos e ofícios (vedor, juiz, ouvidor e mais desembargadores, oficiais dos feitos de sua fazenda e estado), padroados, e toda a jurisdição e alcaidarias mores, de acordo com a Ordenação manuelina.

Por Carta de 10 de janeiro de 1643 foram confirmadas as doações e jurisdição das rainhas. A 9 de Fevereiro do mesmo ano, foram doadas a D. Luísa as terras da Chamusca e Ulme, mais bens pertencentes ao morgado Rui Gomes da Silva, e ainda o reguengo de Nespereira, Monção e Vila Nova de Foz Côa.

D. Luísa, por Decreto de 16 de Julho de 1643, criou o Conselho ou Tribunal do Despacho da Fazenda e Estado da Casa das Senhoras Rainhas, constituído por um ouvidor presidente, dois deputados, um provedor, um escrivão e um porteiro. O Regimento do Conselho da Fazenda e Estado, outorgado em 11 de Outubro de 1656, fixou a existência de um vedor da Fazenda, um ouvidor e dois deputados, um dos quais ouvidor geral das terras das rainhas, um procurador da Fazenda e respectivo escrivão, um chanceler e um escrivão da câmara. Esse regimento viria a ser confirmado por alvará de 11 de Maio de 1786.

A Casa teve administração independente até 1769. Por decisão do Marquês de Pombal, de 25 de janeiro de 1770, os seus rendimentos passaram a ser geridos pelo Erário Régio, sendo, no entanto, as despesas autorizadas pela rainha. Por Decreto de 31 de outubro de 1823, foram reorganizados o Conselho ou Tribunal do Despacho, a Secretaria dos Negócios e o Tesouro, corrigindo as alterações introduzidas pela anterior reforma e pelo governo revolucionário. A reforma entrou em vigor em 1 de janeiro de 1824.

Regente de Portugal:

No testamento do esposo, D. Luísa foi nomeada regente durante a menoridade de D. Afonso VI, aclamado no Paço da Ribeira em 15 de novembro de 1656, aos 13 anos. Era voz corrente que D. Afonso sofria de grave doença, pelo que chegou-se a pensar no adiamento da cerimónia.

A regente procurou organizar o governo de modo a impor-se às facções palacianas em jogo. Nomeou D. Francisco de Faro e Noronha, conde de Odemira, para aio do monarca e manteve os ofícios da casa real nas mãos dos que os exerciam no tempo do marido. Os negócios públicos continuaram com os secretários de Estado e Mercês, Pedro Vieira da Silva e Gaspar de Faria Severim.

Mas a rivalidade entre o conde de Odemira e D. António Luís de Meneses, conde de Cantanhede, dificultou a sua acção. Viu-se assim coagida a nomear a chamada Junta Nocturna (por ter reuniões à noite) com vários conselheiros da sua confiança. Além dos dois nobres, havia ainda o marquês de Nisa, Pedro Fernandes Monteiro, o conde de São Lourenço e, o principal, Frei Domingos do Rosário, hábil diplomata. O sistema durou durante a regência, útil para a boa marcha dos negócios públicos.

Durante sua regência houve a grande vitória portuguesa das Linhas de Elvas, em 14 de Janeiro de 1659, batalha decisiva porque a derrota implicaria a perda de Lisboa. Não foi uma vitória decisiva, pois o Tratado dos Pirenéus iria deixar a Espanha sem outros compromissos militares e Portugal voltaria a sentir ameaças mais graves.

O partido afecto a D. Afonso VI lançou-se abertamente na luta contra a regente, sob a orientação de D. Luís de Vasconcelos e Sousa, 3.º conde de Castelo Melhor. Em 1661, a rainha pretendia abandonar o governo, chegando a redigir um papel para justificar a sua atitude e a «monstruosidade que representava o reino com duas cabeças». Mas temendo a desastrosa administração de seu filho, resolveu manter-se regente.

A aliança com Inglaterra, assinada em 1662, foi em grande parte obra sua, bem como a organização das forças que, no ano seguinte, já no governo de D. Afonso VI, vieram a obter as vitórias da Guerra da Restauração. A viúva de D. João IV defendeu os princípios de liberdade e independência da restauração e manteve-se no governo, receosa de que o filho mais velho o comprometesse.

Faleceu aos 52 anos. Jaz no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, para onde foi trasladada do Convento de Xabregas.

Descendência:

Casou com o Rei D.João IV de Portugal e teve os seguintes filhos:

  • Teodósio, Príncipe do Brasil (8 de Fevereiro de 1634 –13 de maio de 1653)
  • D.Ana de Bragança (21 de Janeiro de 1635)
  • Joana, Princesa da Beira (16 de setembro de 1636 –17 de novembro de 1653)
  • Catarina, Rainha de Inglaterra (25 de novembro de 1638 – 31 de dezembro de 1705)
  • D.Manuel de Bragança (6 de setembro de 1640)
  • Afonso VI de Portugal (21 de agosto de 1643 –12 de setembro de 1683)
  • Pedro II de Portugal (26 de abril de 1648 – 9 de dezembro de 1706)
Sab | 28.12.19

Artur Ravara, médico da corte portuguesa

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Artur Ravara (originalmente conhecido como Arthur Ravara) (Aveiro, 1848 - Lisboa, 25 de Dezembro de 1893) foi um cirurgião português. Foi considerado um dos melhores cirurgiões em Portugal, na sua época.

Artur Ravara nasceu em 1848, na cidade de Aveiro. Era familiar de Luciano Pinto Ravara, que também se destacou na área da medicina.

Fez os estudos secundários, e depois frequentou a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Foi discípulo do médico e professor António Maria Barbosa.

Artur Ravara especializou-se na oftalmologia, tendo sido provavelmente o primeiro médico em Portugal a fazer uma cirurgia às cataratas. Também se dedicou à ginecologia e obstetrícia, tendo feito a primeira ooforectomia em território nacional. Foi médico da corte portuguesa, tendo assistido no parto do príncipe D. Carlos, motivo pelo qual foi condecorado com a Ordem de Santiago.

Também foi assistente do médico Sousa Martins. Fez parte de várias instituições científicas no estrangeiro, de forma a conhecer os progressos mais recentes da medicina. Exerceu como regente durante o primeiro curso para enfermeiros em Portugal, realizado em 1886 no Hospital de São José.

Exerceu clínica em Aveiro até cerca de 1878, quando se estabeleceu em Lisboa.

Já alguns anos antes do seu falecimento, tinha começado a sentir os primeiros sintomas de um aneurisma. Faleceu subitamente por volta do meio-dia, no dia 25 de Dezembro de 1893, quando se estava a preparar para fazer uma difícil operação no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa.

Segundo a sua vontade, foi levado para Aveiro, onde ficou na capela da sua casa. No cortejo fúnebre até à estação ferroviária participou um grande número de amigos de Artur Navarra, enquanto que em Aveiro foi declarado dia de luto.

Na altura da sua morte, estava casado e tinha vários filhos.

O nome de Artur Ravara foi colocado numa avenida da cidade de Aveiro, e numa escola de enfermagem em Lisboa. Em sua homenagem, o Museu de Aveiro tem um estojo forrado a veludo, com vários instrumentos de medicina. Foi condecorado com o grau de Comendador na Ordem de Santiago.

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