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A Monarquia Portuguesa

Este blog pretende ser o maior arquivo de fotos e informações sobre a monarquia portuguesa e a Família Real Portuguesa.

Sab | 27.02.21

Biografias - Berengária de Portugal

Blog Real

D. Berengária ou Berenguela Sanches de Portugal (1196/98 — Ringsted, 27 de março de 1221), foi uma Infanta de Portugal e, posteriormente, Rainha da Dinamarca. Esta união representou uma das primeiras tentativas de estabelecimento de alianças entre países distantes entre si, e provou ser de sucesso, uma vez que resultaram dessa união três futuros reis da Dinamarca: os príncipes Érico, Abel e Cristóvão.

Primeiros anos:

Berengária era a décima filha do Rei Sancho I de Portugal e da sua esposa, a Rainha D. Dulce. Teria uma irmã gémea, a infanta Branca. Não chegou a conhecer a sua mãe, uma vez que o par seria o último que Dulce traria à luz, morrendo pouco depois.

O testamento de Sancho I:

A 26 de março de 1211, falecia em Coimbra Sancho I. O seu testamento, de outubro de 1209 era claroː dividia as suas maiores porções entre o herdeiro, Afonso II de Portugal, e as suas irmãs Teresa, Sancha e Mafalda, legando às três, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país - Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer -, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos). A própria Berengária era tratada como rainha, como todas as suas irmãs. Este testamento provocou violentos conflitos internos (1211-1216) entre Afonso II e as suas irmãs, pois Afonso tentava centralizar o poder régio e impedir a acumulação exagerada de bens pela Igreja e pela Ordens onde as suas irmãs ingressaram.

O conflito gerou também querelas, embora menores, com os restantes irmãos, que percebendo a política centralizadora do irmão, procuraram novos apoios e novas honrarias fora de Portugal. Foram os casos de Pedro, que conseguiu apoio em Aragão, e conseguiu ser, pelo casamento, conde de Urgel, e mais tarde, por beneplácito régio, rei de Maiorca, ou Fernando, que se tornaria conde da Flandres, e que se teria feito acompanhar por Berengária na sua jornada para a corte francesa para junto da sua tia e irmã de Sancho I, a condessa Teresa de Portugal.

Rainha da Dinamarca:

De França à Dinamarca:

A 26 de março de 1211, falecia em Coimbra Sancho I. O seu testamento, de outubro de 1209 era claroː dividia as suas maiores porções entre o herdeiro, Afonso II de Portugal, e as suas irmãs Teresa, Sancha e Mafalda, legando às três, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país - Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer -, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos). A própria Berengária era tratada como rainha, como todas as suas irmãs. Este testamento provocou violentos conflitos internos (1211-1216) entre Afonso II e as suas irmãs, pois Afonso tentava centralizar o poder régio e impedir a acumulação exagerada de bens pela Igreja e pela Ordens onde as suas irmãs ingressaram.

O conflito gerou também querelas, embora menores, com os restantes irmãos, que percebendo a política centralizadora do irmão, procuraram novos apoios e novas honrarias fora de Portugal. Foram os casos de Pedro, que conseguiu apoio em Aragão, e conseguiu ser, pelo casamento, conde de Urgel, e mais tarde, por beneplácito régio, rei de Maiorca, ou Fernando, que se tornaria conde da Flandres, e que se teria feito acompanhar por Berengária na sua jornada para a corte francesa para junto da sua tia e irmã de Sancho I, a condessa Teresa de Portugal.

Ascenção ao trono:

Berengária encontrou no povo alguma resistência quanto à sua aceitação enquanto rainha, uma vez que a primeira esposa de Valdemar, Margarida-Dagmar, fora imensamente popular, sendo loura e com traços físicos nórdicos, aos quais o povo estava mais acostumado. Berengária, uma rainha do Sul, surge assim com uma beleza de olhos e cabelo escuro como os corvos. Foi bastante difícil para Berengária ganhar popularidade na Dinamarca, não podendo competir com a falecida rainha.

O casamento de Berengária coincidiu com uma altura de problemas económicos na Dinamarca, pelo que o povo foi sobrecarregado com impostos. Berengária teria sido injustamente acusada de causar a ruína do reino pelos seus gastos, embora uma grande parte destes impostos fossem investidos na guerra e não na rainha. Berengária, apesar de tudo, fez várias doações a igrejas e conventos. Foi ainda a primeira rainha dinamarquesa a usar uma coroa, que se encontrava no inventário dos seus pertences.

Morte e posteridade:

Berengária, após dar à luz uma rapariga e três varões, faleceu em trabalho de parto, em 1221. Foi enterrada em Ringsted, acompanhando a que foi sua rival, mesmo morta. Valdemar juntar-se-ia às duas esposas aquando da sua morte, em 1241.

Apesar da sua má reputação junto do povo, a prole de Berengária provou ao rei que o casamento tivera sucesso, e desta forma, para unir definitivamente as famílias reais portuguesa e dinamarquesa, casou o seu único filho da primeira mulher, Valdemar o Jovem, com outra infanta portuguesa, Leonor, filha de Afonso II de Portugal, em 1229.

As duas esposas de Valdemar teriam um papel proeminente junto do povo dinamarquês: se a primeira, Dagmar, era vista como suave, piedosa e ideal, Berengária teve uma imagem mais negativa, provavelmente devido aos seus cabelos negros, uma raridade naquele país, sendo vista como o estereótipo da mulher bela mas maldosa.

Quando o seu túmulo foi aberto pela primeira vez, em 1885, encontraram o seu crânio e os finos ossos do seu corpo, provando a sua beleza descrita nas lendas. Foi realizado um retrato baseado na análise dos seus restos, por forma a tentar encontrar uma semelhança mais perfeita com a realidade.

Casamento e descendência:

Do seu casamento com Valdemar II da Dinamarca nasceram:

  • Érico (1216-1250), rei da Dinamarca, casou-se 1239 com Judite da Saxónia.
  • Sofia (1217-24 de abril de 1241) casou c.1235 com João I de Brandemburgo.
  • Abel (1218-29 de junho de 1252), rei da Dinamarca, casou em 1237 com Matilde de Holstein.
  • Cristóvão (1219-29 de maio de 1259), casou em 1248 com Margarida Sambiria.
Sab | 27.02.21

Biografias - Branca de Portugal, Senhora de Guadalajara

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Branca Sanches de Portugal (c. 1196/98 - 17 de novembro de 1240) foi uma infanta portuguesa, filha de D. Sancho I de Portugal e Dulce de Aragão. Provavelmente a irmã gêmea de Berengária, foi freira num convento em Guadalajara. Pouco mais se sabe sobre a infanta Branca. Foi sepultada no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.

Sab | 27.02.21

Biografias - Beata Mafalda de Portugal

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D. Mafalda Sanches de Portugal, O. Cist. (1195/ ou 1196 — Amarante, 1 de maio de 1256), infanta de Portugal e rainha de Castela por um breve período de tempo, sendo ainda considerada beata pela Igreja Católica, e venerada sob o nome de Rainha Santa Mafalda.

Foi educada por D. Urraca Viegas de Ribadouro, filha de Egas Moniz IV de Ribadouro, que lhe deixou vários bens em testamento, como a posse do Mosteiro de Tuias.

Rainha de Castela:

Era filha do rei Sancho I de Portugal e de Dulce de Aragão, tendo recebido em herança o nome da avó, a rainha Mafalda de Saboia. Em 1215, Mafalda casou-se com Henrique I de Castela; como ambos eram muito jovens, o casamento não foi consumado, e dissolvido no ano seguinte.

Querelas com Afonso II de Portugal, seu irmão:

Por morte de Sancho I de Portugal, Mafalda deveria receber, segundo as disposições testamentárias do pai, o castelo de Seia, com o resto do termo da vila, e todos os rendimentos aí produzidos, podendo usar o título de rainha enquanto senhora desse mesmo castelo; recebia também o mosteiro de Bouças.

Isto gerou uma luta com seu irmão Afonso II de Portugal, que desejando centralizar o poder, obstou à prossecução do testamento do pai, impedindo a infanta-rainha de receber os títulos e os réditos a que tinha direito - de facto Afonso II temia que esta pudesse passar a eventuais herdeiros o vasto património que o testamento lhe legava, criando assim um problema à soberania do rei de Portugal e dividindo quase o país ao meio.

O testamento previa também terras e castelos para as suas irmãs Teresa e Sancha, tendo-se formado um partido de nobres afectos às infantas, liderado pelo infante D. Pedro (que se acolheu a Leão sob a protecção de Teresa, então rainha de Leão, e tomou algumas praças transmontanas), mas que acabaria por sair derrotado; só com a morte de Afonso II, o seu filho Sancho II resolveu o problema, concedendo os rendimentos dos castelos às tias, nomeando os seus alcaides de entre os nomes que estas propusessem, pedindo-lhes apenas que renunciassem ao título de rainhas - assim se estabeleceu enfim a paz no reino, em 1223.

Vida religiosa e beatificação:

Mais tarde, tornou-se monja cisterciense revitalizando o mosteiro feminino de Arouca. Faleceu no mosteiro de Rio Tinto, nas proximidades do Porto. Quando o seu corpo foi mais tarde exumado para ser trasladado para a abadia de Arouca, foi descoberto incorrupto, o que gerou uma onda de fervor religioso em torno do corpo da infanta.

Foi sepultada no Mosteiro de Arouca,

A 27 de junho de 1793 foi beatificada pelo Papa Pio VI, acompanhando assim aos altares as suas irmãs Teresa e Sancha, já declaradas beatas no início desse século. É festejada no dia 2 de Maio pela Igreja Católica.

Sab | 27.02.21

Biografias - Fernando de Portugal, Conde da Flandres

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Fernando Sanches de Portugal, da Borgonha ou da Flandres (em Francês e Flamengo Fernand, Ferdinand ou Ferrand) (Coimbra, 24 de Março de 1188[1][2] - Noyon, 27 de Julho de 1233), foi um Infante de Portugal, Conde de Hainaut e Conde da Flandres.

Primeiros anos:

Fernando era o quarto filho do segundo Rei de Portugal, D. Sancho I, e de Dulce de Aragão, filha de Raimundo Berengário IV de Barcelona e Petronila de Aragão.

A 26 de março de 1211, falecia em Coimbra Sancho I. O seu testamento, de outubro de 1209 era claroː dividia as suas maiores porções entre o herdeiro, Afonso II de Portugal, e as suas irmãs Teresa, Sancha e Mafalda, legando às três, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país - Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer -, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos). Este testamento provocou violentos conflitos internos (1211-1216) entre Afonso II e as suas irmãs, pois Afonso tentava centralizar o poder régio e impedir a acumulação exagerada de bens pela Igreja e pela Ordens onde as suas irmãs ingressaram.

O conflito gerou também querelas, embora menores, com os restantes irmãos, que percebendo a política centralizadora do irmão, procuraram novos apoios e novas honrarias fora de Portugal. Foram os casos de Pedro, que conseguiu apoio em Aragão, e conseguiu ser, pelo casamento, conde de Urgel, e mais tarde, por beneplácito régio, rei de Maiorca, ou Fernando, que se tornaria conde da Flandres. O infante terá saído de Portugal depois de maio de 1210 (uma vez que nessa data assinava com o pai e irmãos os forais de Ferreiros, Fontemanha e Valdaviz), o mais provável terá ter partido pouco antes ou mesmo depois da morte do pai, uma vez que partira cerca de um ano antes do seu casamento. Ter-se-á feito acompanhar pela irmã Berengária na sua jornada para a corte francesa para junto da sua tia e irmã de Sancho I, a condessa Teresa de Portugal.

Casamento:

Teresa já fora condessa da Flandres (1183-1191) sua regente (1190-1191) e também duquesa de Borgonha (1193-1195), e era portanto uma personagem de grande influência na corte francesa. Teresa era viúva de um dos mais ricos condes franceses da época. Desta forma, não abandonou os seus, e trata de negociar casamentos para os seus sobrinhos: é desta forma, que, com a sua intervenção, que Fernando casa, em Paris, a 1 de janeiro de 1212, com a Condessa da Flandres e Hainaut, Joana, e filha de Balduíno IX/VI da Flandres-Hainaut e Maria de Champanhe. Existem fontes que referem que Teresa pagou uma quantia elevada ao rei de França para favorecer o casamento da condessa flamenga com o seu sobrinho.

Joana era chamada de Constantinopla, devido ao cargo do seu falecido pai como Imperador Latino de Constaninopla. A esposa do Imperador de Constantinopla era, por sua vez, filha de Henrique I e Maria, filha de Luís VII de França e Leonor de Aquitânia. Fernando tornou-se assim Conde da Flandres e Hainaut.

Deste matrimónio nasceria uma filha, Maria, herdeira do condado, e prometida em casamento com Roberto, conde de Artois, filho de Luís VIII de França e de seu esposa a rainha Branca de Castela, embora, Maria faleceu em vida de sua mãe.

Conde da Flandres:

Depois do casamento, Joana e Fernando foram para a Flandres, para tomarem posse do condado; porém, o delfim Luís, herdeiro de França e primo de Joana (filho mais velho de Filipe Augusto e da tia de Joana, Isabel de Hainaut), desejava recuperar o dote da sua falecida mãe, uma vasta parcela de território flamengo, incluindo Artois, que Balduíno de Constantinopla, pai de Joana, tinha tomado pela força depois da morte de Isabel. Luís começou por ocupar as cidades flamengas de Saint-Omer e Aire. Joana e Fernando tiveram de aceitar a situação, pois a sua prioridade era tomar posse dos respetivos condados. Apesar de ser protegido do rei de França, não hesitou em exilar várias figuras proeminentes francesas da corte flamenga, iniciando ao invés negociações com a Inglaterra.

Morte:

Fernando terá falecido a 27 julho de 1233, em Noyon, e enterrado num mausoléu mandado construir pela condessa viúva, na Abadia de Marquette, pertencente à Ordem de Cister, perto de Lille.
Depois da morte de Fernando, o rei Luís IX de França terá ordenado a vinda da pequena herdeira, Maria, para Paris, onde em 1235 foi prometida a Roberto, conde de Artois, filho do rei. Porém a pequena não sobreviveu muito mais tempo. Faleceria em 1237.

Por seu lado, Joana desposaria em segundas núpcias Tomás II de Saboia, irmão do então conde Amadeu IV, ambos filhos de Tomás I de Saboia. O matrimónio foi celebrado depois da morte prematura de Maria.

Casamento e descendência:

De Joana, Fernando teve:

  • Maria de Portugal (c.1227-1237), herdeira do condado, e prometida em casamento a Roberto, conde de Artois, filho de Luís IX de França.
Sab | 27.02.21

Biografias - Pedro de Portugal, conde de Urgel

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Pedro Sanches de Portugal ou Pedro I de Urgel (em catalão Pere de Portugal ou Pere I de Urgell; Coimbra, 23 de Fevereiro de 1187 – Maiorca, 2 de Junho de 1258) foi um Infante de Portugal, Conde consorte (1229-1231) e conde titular de Urgel (1231-1236), e por fim, senhor das Baleares, desde 1236 até à sua morte.

Primeiros anos:

Pedro era o segundo filho varão do Rei Sancho I de Portugal, filho de Afonso I de Portugal e Mafalda de Saboia, que por sua vez era a segunda ou terceira filha do conde Amadeu III de Saboia e Mafalda d'Albon. A mãe de Pedro era Dulce de Aragão, filha da rainha Petronila de Aragão e do conde Raimundo Berengário IV de Barcelona, portanto irmã do rei Afonso II de Aragão. Pedro nasceu 23 de março, (X kalendas Aprilis) de 1187 após o herdeiro do trono, o Infante Afonso.

O problema sucessório de Sancho I:

A 26 de março de 1211, falecia em Coimbra Sancho I. O seu testamento, de outubro de 1209 era claroː dividia as suas maiores porções entre o herdeiro, Afonso II de Portugal, e as suas irmãs Teresa, Sancha e Mafalda, legando às três, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país - Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer -, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos). Este testamento provocou violentos conflitos internos (1211-1216) entre Afonso II e as suas irmãs, pois Afonso recusava cumprir o testamento numa tentativa de centralizar o poder régio e impedir a acumulação exagerada de bens pela Igreja e pela Ordens onde as suas irmãs ingressaram.

Pedro terá tomado, juntamente com uma boa parte da nobreza, o partido das irmãs Mafalda, Sancha e Teresa, às quais o pai entregara em herança a posse de três castelos (os de Seia, Alenquer e castelo de Montemor-o-Velho) e o título de rainhas nos seus domínios, contra o novo soberano, o irmão Afonso II.

Pedro acolheu-se no reino que fora da sua irmã Teresa, o Reino de Leão, e foi mordomo-mor e alferes. A partir daí lançou ataques às fronteiras do reino, tendo inclusivamente tomado algumas praças transmontanas, mas acabou por sair derrotado. A disputa teria tido alcance internacional, pois interveio o rei Afonso IX de Leão, que veio defender a ex-mulher, Teresa, a pedido desta, conquistando Coimbra. Para equilíbrio de forças, interveio também, a favor de Afonso II, o rei Afonso VIII de Castela. Após uma guerra de cinco anos, o partido luso-castelhano declarou-se vencedor.

Conde de Urgel:

Em 1230, fez um juramento de fidelidade ao agora seu suserano e rei de Aragão, Jaime I. Ajudou, ainda nesse ano, o bispo de Tarragona a conquistar a ilha de Ibiza aos mouros. Por morte da sua esposa em setembro de 1231, e de acordo com a vontade testamentária da condessa, Pedro tornou-se no conde de facto de Urgel, herdando os bens da esposa que em seu testamento de 11 de agosto de 1231 cedeu a seu esposo totius terre nostre et comitatus Urgelli cum omni iure quod in eo habeo, e seus herdades em Valladolid e na Galiza. Para além de começar a enfrentar uma disputa do filho de Guerau (anterior pretendente ao condado) Ponçe IV de Cabrera, teve de enfrentar o próprio rei aragonês, uma vez que a vontade de Aurembiaix ia contra o acordo de concubinato assinado anos antes. Uma vez que Pedro também não teve filhos de Aurembiaix, o condado deveria reverter para a Coroa, e tal não aconteceu.

Senhor das Baleares:

O escambo com Urgel

Chegou-se a um acordo contratual entre ambos, em 29 de setembro de 1231, tendo o rei Jaime I entregue o seu domínio feudal do reino de Maiorca (após a sua conquista aos mouros com as ilhas de Menorca, Ibiza e Formentera, e ainda os castelos de Pollença, Alaró (ambos nas Baleares) e Almudaina (em Alicante), ao jovem príncipe português que assumiu o título de Senhor das Baleares(em seu testamento de 9 outubro de 1255, diz Die gratia regni maioricarum domini), escambando-os pela posse do condado de Urgel. Urgel acabaria por reverter, em 21 de janeiro de 1236, para Ponçe IV de Cabrera. Desta forma a casa real de Barcelona incrementou a sua influência sobre o condado de Urgel, vindo cerca de um século mais tarde a apoderar-se deste condado.

O governo das Baleares:

Este escambo foi notável para a Casal Real Portuguesa, que via assim um seu membro governar as Ilhas Baleares. Até em França, o seu sobrinho, o conde Afonso de Bolonha o cita como senhor de Maiorca (patruus noster P. dominus regni Majoricarum). Até 1244, ocupou-se do seu senhorio, participando em nova conquista de Ibiza, em 1235.
Em 1244 tê-la-á perdido, embora não seja consensual, havendo quem defenda que governou as Baleares até à morte.

Sabe-se que nessa data ganhou alguns senhorios a norte de Valência: Morella, Almenara, Castelló e Segorbe, por participa com Jaime I na conquista de Valência (1245).

Entre Portugal e Maiorca:

Em 1247, voltou a Portugal para ajudar o novo rei, Afonso III de Portugal, nas suas conquistas, como o cerco de Sevilha. Os que defendem que perdeu Maiorca, referem que a voltou a obter entre 1250 e 1250. Faleceu em 1258, restituindo Maiorca ao rei de Aragão, Jaime I. Pedro foi sepultado na Igreja de São Francisco de Maiorca.

Descendência:

Apesar de não ter tido descendência legítima de Aurembiaix, Pedro teve dois filhos bastardos:

  • Rodrigo Pires de Portugal O Mestre, falecido a 6 de março de ano desconhecido e sepultado no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra;
  • Fernando Pires de Portugal, falecido a 22 de março de ano desconhecido, também sepultado no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Sex | 26.02.21

Paço dos Duques de Bragança em Guimarães contemplado com investimento de 281 mil euros

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O Paço dos Duques de Bragança vai receber um investimento total de 281 mil 763 euros, do Programa Operacional Norte 2020. A candidatura foi apresentada pela Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN). Ao todo, sete equipamentos culturais da sua área de intervenção foram contemplados, num investimento superior a 3 milhões de euros.

Na sua página da internet, a DRCN informa que "tendo como prioridade de investimento, a conservação, protecção, promoção e desenvolvimento do património natural e cultural, as candidaturas agora aprovadas, com prazo de execução de dois anos, irão incidir nos seguintes monumentos: Paço dos Duques de Bragança (Guimarães), Museu dos Biscainhos (Braga), Museu da Terra de Miranda (Miranda do Douro), Mosteiro de Tibães (Braga), Mosteiro de São Bento da Vitória (Porto), Igreja Matriz de Torre de Moncorvo e Igreja Matriz de Vila do Conde".

"A estratégia delineada pela Direção Regional de Cultura do Norte visa a descentralização do investimento, alargando as suas ações a todo o território, num plano de trabalho em rede que contempla, igualmente, o apoio a candidaturas apresentadas por outras entidades e que mereceram, igualmente, aprovação", refere.

No caso do Paço dos Duques de Bragança, "pretendendo-se com a candidatura intervir na requalificação e ampliação da recepção, espaço de apoio ao visitante e sanitários tornando o espaço de acolhimento mais acessível, amigável e eficiente, de modo a bem servir os milhares de visitantes, nacionais e estrangeiros, que anualmente aqui se deslocam".

Fonte: https://www.guimaraesdigital.com/

Qui | 25.02.21

Biografias - Beata Sancha de Portugal

Blog Real

D. Sancha Sanches de Portugal (Coimbra, 1180 — Mosteiro de Celas, Coimbra, 1229), a segunda filha do rei D. Sancho I de Portugal, foi senhora de Alenquer.

Querelas com D.Afonso II de Portugal, seu irmão:

Por morte de D. Sancho I de Portugal, Sancha deveria receber, segundo as disposições testamentárias do pai, o castelo de Alenquer, com o resto do termo da vila, e todos os rendimentos aí produzidos, podendo usar o título de rainha enquanto senhora desse mesmo castelo.

Isto gerou uma luta com seu irmão D. Afonso II de Portugal, que desejando centralizar o poder, obstou à prossecução do testamento do pai, impedindo a infanta-rainha de receber os títulos e os réditos a que tinha direito - de facto D. Afonso II temia que esta pudesse passar a eventuais herdeiros o vasto património que o testamento lhe legava, criando assim um problema à soberania do rei de Portugal e dividindo quase o país ao meio.

O testamento previa também terras e castelos para as suas irmãs D. Teresa e D. Mafalda, tendo-se formado um partido de nobres afectos às infantas, liderado pelo infante D. Pedro (que se acolheu a Leão sob a protecção de Teresa, então rainha de Leão, e tomou algumas praças transmontanas), mas que acabaria por sair derrotado; só com a morte de Afonso II, o seu filho D. Sancho II resolveu o problema, concedendo os rendimentos dos castelos às tias, nomeando os seus alcaides de entre os nomes que estas propusessem, pedindo-lhes apenas que renunciassem ao título de rainhas - assim se estabeleceu enfim a paz no reino, em 1223.

Vida religiosa e beatificação:

Devotada à vida religiosa, fundou o mosteiro de Celas (cisterciense), no qual viveu a maior parte da sua vida; o seu corpo foi depois depositado no Mosteiro de Lorvão, regido pela sua irmã Teresa.

A 13 de Dezembro de 1705, D. Sancha foi beatificada pelo Papa Clemente XI, através da bula Sollicitudo Pastoralis Offici, juntamente com a sua irmã Teresa.

Seg | 22.02.21

Biografias - Beata Teresa de Portugal

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D. Teresa Sanches de Portugal, O.S.B., (Coimbra, 4 de outubro de 1176 - Lorvão, 18 de junho de 1250) também chamada ao tempo de Tarasia ou Tareja, e mais tarde, a Infanta-Rainha ou Rainha Santa Teresa, era a filha mais velha do rei D. Sancho I de Portugal, e esposa de Afonso IX de Leão.

Rainha de Leão:

Teresa foi mãe de três filhos de Afonso (D. Sancha, D. Dulce e D. Fernando), mas devido ao facto de serem primos, o casamento foi declarado inválido; Teresa regressou então a Portugal, ao Lorvão, onde viria a fundar um convento beneditino ao qual se recolheu; pouco tempo mais tarde, transformou o mosteiro em abadia cisterciense, com mais de trezentas freiras.

Querelas com D.Afonso II de Portugal, seu irmão:

Por morte de D. Sancho I de Portugal, D. Teresa deveria receber, segundo as disposições testamentárias do pai, o castelo de Montemor-o-Velho, com o resto do termo da vila, e todos os rendimentos aí produzidos, podendo usar o título de rainha enquanto senhora desse mesmo castelo.

Isto gerou uma luta com seu irmão D. Afonso II de Portugal, que desejando centralizar o poder, obstou à prossecução do testamento do pai, impedindo a infanta-rainha de receber os títulos e os réditos a que tinha direito - de facto, sendo casada com o rei de Leão, temia Afonso II que esta pudesse passar aos herdeiros o vasto património que o testamento lhe legava, criando assim um problema à soberania do rei de Portugal e dividindo quase o país ao meio.

O testamento previa também terras e castelos para as suas irmãs D. Sancha e D. Mafalda, tendo-se formado um partido de nobres afectos às infantas, liderado pelo infante D. Pedro (que se acolheu a Leão sob a protecção de Teresa e tomou algumas praças transmontanas), mas que acabaria por sair derrotado; só com a morte de Afonso II, o seu filho Sancho II resolveu o problema, concedendo os rendimentos dos castelos às tias, nomeando os seus alcaides de entre os nomes que estas propusessem, pedindo-lhes apenas que renunciassem ao título de rainhas - assim se estabeleceu enfim a paz no reino, em 1223.

Fim de vida:

O túmulo da Beata Teresa de Portugal exposto na Igreja do Mosteiro do Lorvão.

Em 1230, D. Afonso morreu depois de ter tido cinco filhos da sua segunda esposa, Berengária de Castela. Este segundo casamento foi também anulado devido a consanguinidade. Assim, os filhos de ambos os casamentos viriam a disputar a coroa (até porque Afonso deserdara o primogénito do seu segundo casamento, e legara o reino às duas filhas que tivera de D. Teresa). Teresa interveio e permitiu que Fernando III de Castela assumisse o trono leonês.

Após esta querela dinástica, D. Teresa retornou ao Mosteiro de Lorvão e finalmente tomou os votos conventuais após anos de vivência como monja. Aí morreu em 18 de junho de 1250 de causas naturais.

Foi sepultada no Mosteiro de Lorvão.

Dom | 21.02.21

Linha de sucessão ao Trono de Portugal

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À data da Proclamação da República, esta era a linha de sucessão ao trono português:

  1. Sua Majestade, El Rei D. Manuel II, Duque de Beja
  2. Sua Alteza, o Infante D. Afonso de Bragança, Duque do Porto
  3. Sua Alteza, a Infanta D. Antónia de Bragança, princesa-viúva de Hohenzollern-Sigmaringen

Após a morte de D. Manuel II, em 1932, D. Duarte Nuno era o Chefe da Casa Real portuguesa. Foi reconhecido pela quase totalidade dos monárquicos e pacificamente aceite quer no País quer no estrangeiro.

Actualmente, S.A.R. o Senhor D. Duarte Pio de Bragança é o legítimo herdeiro da Casa Real Portuguesa e representante da Casa de Bragança, sendo esta a sua linha de sucessão :

  1. Sua Alteza Real, o Príncipe Duarte Pio de Bragança, 7.º Príncipe Real de Portugal e 24.º Duque de Bragança (n. 1945)
  2. Sua Alteza Real, o Príncipe D. Afonso de Santa Maria de Bragança, 12.º Príncipe da Beira e 20.º Duque de Barcelos (n. 1996)
  3. Sua Alteza, o Sereníssimo Infante D. Dinis de Santa Maria de Bragança, 4.º Duque do Porto (n. 1999)
  4. Sua Alteza, a Sereníssima Infanta D. Maria Francisca Isabel de Bragança, Duquesa de Coimbra (n. 1997)
  5. Sua Alteza, o Sereníssimo Infante D. Miguel Rafael de Bragança, 6.º Duque de Viseu (n. 1946)
  1. Adriano Sérgio de Bragança van Uden (n. 1946), filho de Maria Adelaide de Bragança
  2. Pedro Maria de Sousa e Menezes van Uden (n. 1985), 1º filho de Adriano Sérgio de Bragança van Uden
  3. Mariana de Sousa e Meneses van Uden (n. 1978), 1ª filha de Adriano Sérgio de Bragança van Uden
  4. Ana Rita de Sousa Menezes de Bragança van Uden (n. 1981), 2ª filha de Adriano Sérgio de Bragança van Uden
  5. Nuno Miguel de Bragança van Uden (n. 1947), 2º filho de Maria Adelaide de Bragança
  6. Miguel Maria Bonneville van Uden (n. 1972), filho de Nuno Miguel de Bragança van Uden
  7. Miguel Maria Lopes van Uden (n. 1997), filho de Miguel Maria Bonneville van Uden
  8. Maria Ana do Carmo Lopes van Uden (n. 2001), filha de Miguel Maria Bonneville van Uden
  9. Nuno de Santa Maria Bonneville van Uden (n. 1983), 2º filho de Nuno Miguel de Bragança van Uden
  10. Mafalda Maria Bonneville van Uden (n. 1970), filha de Nuno Miguel de Bragança van Uden
  11. Ana do Carmo Maria Bonneville van Uden (n. 1984), filha de Nuno Miguel de Bragança van Uden
  12. Francisco Xavier Damiano de Bragança van Uden (n. 1949), 3º filho de Maria Adelaide de Bragança
  13. Afonso Miguel Maria Gil de Braganca van Uden (n. 1980), 1º filho de Francisco Xavier Damiano de Bragança van Uden
  14. Henrique Maria Gil de Bragança van Uden (n. 1987), 2º filho de Francisco Xavier Damiano de Bragança van Uden
  15. João Maria Gil de Bragança van Uden (n. 1989), 3º filho de Francisco Xavier Damiano de Bragança van Uden
  16. Maria Francisca Gil de Braganca van Uden (n. 1982), filha de Francisco Xavier Damiano de Bragança van Uden
  17. Miguel Inácio de Bragança van Uden (n. 1953), 4º filho de Maria Adelaide de Bragança
  18. Sebastião Dentinho Van Uden, filho de Miguel Inácio de Bragança van Uden
  19. Catarina Dentinho van Uden (n. 1978), 1ª filha de Miguel Inácio de Bragança van Uden
  20. Francisco Corrêa de Sá (n. 2005), filho de Catarina Dentinho van Uden
  21. Inês Dentinho van Uden (n. 1980), 2ª filha de Miguel Inácio de Bragança van Uden
  22. Filipa Teodora de Bragança van Uden (n. 1951), 1ª filha de Maria Adelaide de Bragança
  23. Nuno Gregório van Uden Fontes (n. 1976), 1º filho de Filipa Teodora de Bragança van Uden
  24. Francisco Maria van Uden Fontes (n. 1983), 2º filho de Filipa Teodora de Bragança van Uden
  25. Diana van Uden de Atouguia Fontes (n. 1985), filha de Filipa Teodora de Bragança van Uden
  26. Maria Teresa de Bragança van Uden (n. 1956), 2ª filha de Maria Adelaide de Bragança
  27. Francisco Maria de Bragança van Uden Chaves (n. 1983), 1º filho de Maria Teresa de Bragança van Uden
  28. Xavier Maria de Bragança van Uden Chaves (n. 1985), 2º filho de Maria Teresa de Bragança van Uden
  29. Miguel de Bragança van Uden Chaves (n. 1986), 3º filho de Maria Teresa de Bragança van Uden
  30. Rodrigo de Bragança van Uden Chaves (n. 1993), 4º filho de Maria Teresa de Bragança van Uden
Sab | 20.02.21

Biografias - Sancha Afonso de Portugal

Blog Real

Sancha Afonso de Portugal ou Sancha de Portugal (24 de novembro de 1157 - depois de março de 1167 ou provavelmente em 14 de fevereiro de 1168) foi uma infanta de Portugal, sétima e última filha de Afonso I de Portugal e de Mafalda de Sabóia. Sancha é citada em documentos de 1159, 1166 e março de 1167, registando o livro dos Óbitos de Santa Cruz que faleceu a 14 de fevereiro, sem indicar o ano.

Sab | 20.02.21

Biografias - João Afonso de Portugal

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João Afonso de Portugal ou João de Portugal (primeiro semestre de 1156 - 25 de agosto de 1163) foi um infante de Portugal, 6.º filho, 3.º varão de Afonso I de Portugal e de Mafalda de Sabóia. Nada se sabe deste infante, para além da sua morte no dia 25 de agosto, segundo o livro dos Óbitos de Santa Cruz ("Octavo Kalend. Septembris obijt Ioannes Infans Donni Alfonsi Regis Portugalliæ, et donnæ Mafaldæ reginæ filius").

Sab | 20.02.21

Biografias - Mafalda Afonso, Infanta de Portugal

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Mafalda Afonso de Portugal, (Coimbra, 1153 — 1162 ou depois de março de 1164) foi uma infanta de Portugal. Foi a quarta dos filhos de Afonso I de Portugal e Mafalda de Saboia e a terceira rapariga.

A 30 de janeiro de 1160, O seu pai Afonso reuniu-se em Santa María del Palo, perto de Tui com o conde de Barcelona, Raimundo Berengário IV, para a negociação do casamento de Mafalda com o futuro rei Afonso II de Aragão, que rondaria, naquela altura os quatro anos de idade. Depois da morte do conde, no verão de 1162, Fernando II de Leão convenceu a viúva, a rainha Petronila de Aragão, a cancelar o compromisso com Mafalda e acordou-se, no seu lugar, o casamento com a infanta Sancha, meia-irmã de Fernando, filha do segundo casamento de Afonso VII de Leão. O falecimento de Mafalda, nesse mesmo ano ou pouco depois, veio gorar a esperança de uma renovação do acordo de 1160. Em 1164 o nome de Mafalda é referido numa escritura sobre o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas.

Este insucesso, porém, não impediu o estabelecimento de ligações duradouras entre o Reino de Portugal e a Coroa de Aragão, vindo o irmão mais novo de Mafalda, Sancho, a casar-se em 1174 com Dulce de Aragão, irmã do dito Afonso de Aragão, que entretanto ascendera ao trono.

Faleceu em Coimbra.

Sab | 20.02.21

Biografias - Teresa de Portugal, Condessa da Flandres

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Teresa de Portugal (ou Tarasia), também conhecida como Matilde (ou Mahaut) (Coimbra, 1151 — Veurne, 6 de maio de 1218) foi uma infanta portuguesa, que, em virtude dos seus dois casamentos, se tornou Condessa da Flandres e Duquesa da Borgonha.

Influente desde cedo, ajudando o pai e o irmão na governação após o desastre de Badajoz (1169), foi a primeira princesa portuguesa a casar no Além-Pirenéus. Mais tarde, combinaria o grande património e riqueza que herdou do primeiro esposo com a sua grande influência na corte francesa por forma a granjear-lhe bastantes vantagens, como o apoio da França na questão das heranças depois da morte daquele. Permitiu-lhe ainda trabalhar, com sagacidade, na projeção europeia dos seus sobrinhos, sobretudo Fernando e Berengária, que casariam respetivamente na Flandres e na Dinamarca.

Primeiros anos:

Nascida em 1151, provavelmente em Coimbra, Teresa foi a terceira filha (e segunda rapariga) do primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques e de Mafalda de Saboia. Teresa terá recebido o seu nome em homenagem à sua avó paterna, Teresa de Leão. Órfã de mãe com apenas seis anos, a pequena infanta ainda presenciaria as mortes de vários irmãos, de entre eles o infante herdeiro, Henrique em 1155 e a infanta Mafalda (prometida a Aragão) em 1162. Deste modo, por volta de 1170, Teresa era um dos três filhos legítimos de Afonso Henriques que tinha atingido a idade adulta.

Teresa foi criada, ao contrário de alguns irmãos, na própria casa do rei, e teve por colaça (e também futura dama de companhia) D. Elvira Gonçalves de Sousa, filha de D. Gonçalo Mendes de Sousa. A ligação de Teresa Afonso e de sua família com as ordens religiosas, principalmente a dos cistercienses e a dos hospitalários irão, de qualquer forma, definir muito das ações da futura condessa de Flandres. Teresa começa a surgir na documentação a partir de 1161, sendo-lhe atribuído, não muito mais tarde, o senhorio de Ourém.

O primeiro casamento: Condessa de Flandres:

Recebidos os emissários, aceite a proposta e acordados os trâmites, Teresa partiu para a Flandres. Pensa-se que a frota que a acompanhava foi atacada por piratas normandos, que terão roubado à infanta várias joias e outras posses preciosas.

O casamento com Filipe da Alsácia, Conde da Flandres (talvez um dos mais importantes aristocratas franceses da época) terá ocorrido em agosto de 1183, na Catedral de Nossa Senhora de Tournai em Bruges, e desta forma tornou-se Condessa consorte da Flandres. No centro da Europa, talvez por ser difícil a pronúncia do seu nome pelas gentes locais, acabou por ficar conhecida como Matilde. Poderá inclusive ter adotado este nome quando casou. O ambiente onde entrou não fora dos melhoresː Filipe enviuvara de uma poderosa condessa, Isabel de Vermandois, que para além de não ter dado descendência ao conde, teria cometido adultério com Water de Fontaines, que fora castigado mortalmente.

O matrimónio de Teresa deveu-se sobretudo à urgente necessidade de Filipe de gerar um herdeiro para que o seu condado não caísse nas mãos do rei de França. Teresa levou consigo um grande dote, o que teria ajudado o marido a prosseguir a guerra por mais alguns anos, antes de fazer a paz com a França e o Condado de Hainaut em 1186, num acordo onde ficou estipulada na cessão do Condado de Vermandois, herdado da primeira esposa do conde, ao rei, embora fosse permitido manter o título de conde de Vermandois. O dote terá sido mais tarde aumentado pelo marido e pelo próprio rei Filipe Augusto, doando à nova condessa várias cidades flamengas, mais concretamente a maior parte da Flandres francófona, e também várias cidades da zona de idioma germânico. Estas doações teriam sido propositadas para incomodar o conde Balduíno V de Hainaut, o herdeiro oficial, que traíra o seu protetor para defender os interesses da própria filha, Isabel, que se havia tornado rainha de França.

Apesar da guerra mantida pelo conde até 1186, a economia da Flandres estava em crescimento, e por isso, durante o seu casamento, Teresa viveu numa das cortes mais requintadas da época, na qual Filipe patrocinou, por exemplo, Chrétien de Troyes, autor de um célebre ciclo de histórias arturianas, Perceval ou le Conte du Graal. Este autor terá sido um dos introdutores, na literatura, da temática do Graal.

Teresa trouxe consigo um séquito português composto de vários mercadores, que tiveram desta forma a oportunidade de fazer proliferar o comércio e os produtos portugueses no além-Pirenéus.

Filipe era um nobre ativo no que diz respeito à participação nas Cruzadasː acompanhara Luís VII de França em cruzada em 1177, pouco após descobrir o adultério da primeira esposa e designar a sua irmã Margarida como herdeira. Regressara em 1179; talvez fosse um possível medo de não poder regressar sem deixar filhos uma das causas que levaram ao seu casamento com Teresa e à urgência de conceber um herdeiro após a morte da primeira esposa.

Apesar de não ter engravidado Teresa, Filipe incorre em nova cruzada em 1190, mas desta vez para não regressarː chega a notícia da morte do conde, a 1 de agosto de 1191, devido à peste, durante o Cerco de Acre. Teresa terá repatriado o corpo do marido para ser sepultado na Abadia de Claraval.

O segundo casamento: Duquesa de Borgonha:

Os movimentos políticos de Teresa revelam ambição e, neste caso, a possibilidade de renovação da Dinastia Capetiana, à qual também pertencia, casando com o seu primo, o duque Eudo III da Borgonha, provavelmente em julho de 1193, menos de um ano após Eudo assumir o ducado e ter estado na Flandres para ajudar o rei a reconciliar-se com Balduíno, cunhado de Teresa, e dar-lhe condições de submeter os nobres revoltados. Odo durante o casamento com esta e premido por muitas dívidas do problema vassalático de Vergy,que se arrastava desde o seu falecido pai, Hugo III da Borgonha, obteve de Teresa aumento de impostos em seus domínios, que causou a primeira onda de impopularidade à duquesa. Desse casamento também não nasceriam herdeiros, e a esta esterilidade acrescentou-se a anulação do casamento em si, no ano seguinte, por proximidade de parentesco (ambos descendiam do Roberto I da Borgonha).

As circunstâncias de sua separação de Odo poderão estar também envolvidas no grave problema matrimonial que o rei de França também atravessava, e que merecera a discórdia do reino com o Papa Celestino III e a partir de 1198, com o Papa Inocêncio IIIː Filipe Augusto repudiou a sua segunda esposa, Ingeburga da Dinamarca. Teresa apoiou claramente a Ingeburga quando autorizou a passagem dos núncios papais (que vinham defender Ingeburga) pela Borgonha, algo que não teria agradado ao seu esposo, fiel ao rei, e que poderia ter também motivado a separação.

Apesar das circunstâncias pouco favoráveis do seu casamento, Teresa não terá permitido a degradação da sua relação com o rei de França, já que lhe promete, em janeiro de 1195, a vila de Douai após a sua morte. Terá prometido ainda ao rei não voltar a casar-se.

A impressão que ressalta deste segundo matrimónio é que o rei de França utilizou Teresa para ajudar Odo. A duquesa era uma das mulheres mais ricas da época, e Odo, acabado de ascender ao poder, precisava de ser atraído para a esfera francesa, após a política anti-francesa de sue irmão Hugo III, que se tentava aliar ao Imperador germânico. Filipe II Augusto pretendeu assegurar a lealdade de Odo, mas rapidamente este plano viu-se arrasadoː Teresa também não conseguia dar filhos a Eudo, a sua atitude protetora face ao Papado que defendia a posição de Ingeburga levaram o rei a começar a desconfiar da duquesa.

Morte e posteridade:

A influência de Teresa não foi suficiente desta vez para o libertar, e não viveria para ver esse momento. A morte acaba por surpreendê-la a 6 de maio de 1218. Teresa passava por Veurne, quando a sua carruagem terá caído num lago. A população tentou ajudá-la, mas quando a retiraram do veículo, Teresa já tinha morrido por afogamento.

A vida de Matilde revela sobretudo uma profunda consciência da excelência de sua linhagem e de um sentimento de nobreza. Matilde aliou desde cedo este sentimento à religiosidade, como a sua mãe, Mafalda, proveniente de uma família muito ligada à vida cisterciense. Esse aspecto da personalidade de Teresa terá sobressaído de forma muito notória durante a sua vida, já que poderá ter incitado a sua sobrinha-neta, Joana, a ir buscar noivo em terras da mãe de Teresa, escolhendo Tomás II de Saboia.

A nível religioso, Teresa esteve ligada à Ordem Hospitalária, e continuou esta relação na Flandres. Protegeu e enriqueceu também a Ordem de Cister, particularmente influentes também em Portugal na época. Foi precisamente num edifício ligado a esta ordem onde pediu para ser sepultadaː a Abadia de Claraval, numa cepla particular, junto do primeiro esposo. Porém, os restos de ambos ter-se-ão perdido durante a Revolução Francesa.

A sua figura está presente em numerosas crónicas contemporâneas, e caracterizada como mulher poderosa, influente, sagaz e intrigante. A presença do famoso cavaleiro flamengo Tiago I de Avesnes, grande amigo e aliado do seu marido, explica a proteção que deu ao filho dele, Buchardo de Avesnes, cujo casamento promoveu com a irmã de Joana da Flandres, Margarida, e que traria profundas consequências políticas para a Flandres.

Teresa de Portugal, Condessa de Flandres foi sepultada na Abadia de Claraval, Aube, França.

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