A Familia Real no 88º concurso de Saltos Internacional Oficial de Lisboa
DUQUES DE BRAGANÇA fomentam na família a paixão pelo equestre
Lisboa reuniu alguns dos melhores cavaleiros da actualidade num concurso de saltos muito disputado
Mais uma grande novidade da edição de 2008 do CSIO é a realização de uma prova à noite - o Grande Prémio, que terá lugar pelas 21h, do dia 23,após inaugurando o sistema de iluminação do campo principal por SS AA RR.
Durante quatro dias (22-25 de Maio), o Hipodromo do Campo Grande recebeu o 88° Concurso de Saltos Internacional Oficial de Lisboa (CSIO Lisboa), considerado o mais antigo concurso no seu genero do mundo. Numa ediçäo marcada pelas novidades, ja que pela primeira vez o concurso recebeu a distincäo "cinco estrelas" e contou com a primeira prova realizada ä noite, a competicäo atraiu um vasto püblico apaixonado pelo mundo equestre.
Entre as presenças mais notadas estiveram os duques de Braganga que, a convite da organizacäo, descerraram a placa que assinala a inauguraçäo do sistema de iluminaçäo do campo principal.
"Sentimos uma alegria muito grande pelo convite. Esta iluminaçäo pode proporcionar mais vida ao clube, mais desporto, mais actividades, e ficámos muito sensibilizados por se terem lembrado de nós", disse, após a cerimónia, D. Isabel.
Acompanhados por Afonso, Maria Francisca e Dinis, os duques de Bragança fazem questão de transmitir aos três filhos as tradições familiares e a paixão pelos cavalos.
"Os meus filhos também montam, mas ainda não saltam. Gostava que eles tomassem gosto por qualquer desporto e que, quando escolhessem, o levassem a sério, porque o desporto é uma coisa muito importante. Se não é a paixão pelos cavalos, que saibam montar, até para podermos passear todos juntos. Eles estão a gostar muito da equitação e espero que continuem", acrescentou a duquesa de Bragança.
O Infante D. Manuel, Duque de Beja (futuro Rei D.Manuel II) e o Infante Dom Afonso, Duque do Porto, incorporados na Procissão dos Ramos, no Largo das Necessidades, na qual participou toda a Família Real Portuguesa, no dia 16 de Abril de 1905.
1 de Janeiro - Tradicional recepção no Palácio da Ajuda (Aqui)
O Rei D.Carlos I, a Rainha D.Amélia, o Príncipe Real Luís Filipe e o Infante D.Manuel passaram o mês de janeiro todo em Vila Viçosa. (Aqui e Aqui)
Duque de Abruzzos foi recebido por o Infante D.Afonso em Lisboa. (Aqui)
O Rei D.Carlos e a Rainha D.Amélia receberam o Duque de Abruzzos em Vila Viçosa. (Aqui)
Fevereiro:
1 de Fevereiro - O Rei D.Carlos I e o Príncipe Real Luís Filipe foram assassinados no Terreiro do Paço.
3 de Fevereiro - O Rei D.Manuel II recebeu todos os ministros de Estado honorários que lhe foram apresentar todas as condolências.
3 de Fevereiro - A Família Real assistiu a diversas missas em memória do Rei D.Carlos I e do Príncipe Real Luís Filipe na capela do Palácio das Necessidades.
5 de Fevereiro - Rainha D.Amélia e Rei D.Manuel II assistiram a missas no Palácio das Necessidades.
7 de Fevereiro - A Família Real continuou a assistir a missas.
8 de Fevereiro - Realizou-se o funeral do Rei D.Carlos I e do Príncipe Real Luís Filipe. A Família Real assistiu a missas. (Aqui)
Abril:
25 de Abril - O Rei D.Manuel II, a Rainha D.Amélia e o Infante D.Afonso estiveram presentes nas exéquias oficiais pelo Rei D.Carlos I e o Príncipe Real Luís Filipe mandadas celebrar pelo governo. (Aqui)
29 de Abril - O Rei D.Manuel II assistiu à cerimónia de Abertura das Cortes. (Aqui)
Maio:
6 de Maio - Realizou-se a cerimónia de aclamação do Rei D.Manuel II. (Aqui)
14 de Maio - O Rei D.Manuel II visitou a Escola do Exército. (Aqui)
17 de Maio - Realizou-se uma grande manifestação de pessoas do Porto em Lisboa. O Rei D.Manuel II surgiu à janela do Palácio das Necessidades para agradecer. (Aqui)
17 de Maio - O Infante D.Afonso, Duque do Porto, assistiu ao banquete na legação espanhola no dia de aniversário do Rei Alfonso XIII de Espanha.
22 de Maio - O Rei D.Manuel II visitou a Escola Naval. (Aqui)
25 de Maio - O Rei D.Manuel II visitou o Regimento de Lanceiros. (Aqui)
29 de Maio - Rei D.Manuel II e Infante D.Afonso participaram numa revista militar. (Aqui)
31 de Maio - Rei D.Manuel II presidiu à sessão solene em honra dos vencedores do Cuamato na Sociedade de Geografia. (Aqui)
Junho:
2 de Junho - O corpo catedrático da Universidade de Coimbra foi recebido por o Rei D.Manuel II no Palácio das Necessidades.
Outubro:
16 de Outubro - Foi enorme o número de pessoas que se deslocaram ao Paço do Estoril, o chalet de férias, para cumprimentar a Rainha D.Maria Pia de Sabóia. (Aqui)
Dezembro:
8 de Dezembro - Os jornais noticiaram que o Rei D.Manuel II estava doente com um ataque de gripe. (Aqui)
Remonta ao tempo de D. João IV, o Restaurador, a fundação a Tapada da Ajuda ou à época filipina? Ainda hoje não se tem a certeza. Porém, a segunda vertente tem mais credibilidade porque sabe-se que “D. Filipe II nomeara D. Teodósio de Frias como arquitecto real do Paço de Alcântara em 1603 ( Vista do Palácio Real de Alcântara, no século XVII.) (fonte: Castelo-Branco, 1996, pp. 120) e em 1610, nomeava-o mestre de obras do Paço da Ribeira, por falecimento do seu pai, Nicolau de Frias (…). O Palácio de Alcântara no início do século XVII não deveria passar de uma modesta casa de campo na qual Filipe II mandou fazer algumas obras.”(Cardoso, 1992). O Palácio Real de Alcântara encontrava-se situado no lado direito da rua que sai do Arco para Sto. Amaro (em 1765 denominava-se Rua de S. Joaquim, correspondendo à actual Rua 1º de Maio), seguindo-se à então Rua Direita do Ferrador (actual Rua Direita de Alcântara).
Frente ao Paço, situado a sul do já então Largo do Calvário encontravam-se as enormes cocheiras reais; em 1903 aí existia o Clube de Lisboa (ou o Clube do Calvário) e só em 1911 foi instalada a Sociedade Promotora de Educação Popular, (Freire, 1929, pp.151), com fachada também para a velha Rua de Santo António, edifício que ainda hoje lá se encontra.
Para Oeste do Palácio Real, segue-se o Mosteiro da Nª. Sr.ª da Quietação (conhecido por Mosteiro das Flamengas de 1582, que se situa na esquina da Rua 1º de Maio com a Rua Leão de Oliveira). Em frente deste situa-se o Convento do Calvário, edificado em cerca de 1600, e em cuja antiga igreja está hoje instalada uma esquadra de polícia.
Os terrenos da propriedade da Quinta Real do Calvário eram constituídos pelo Calvarinho, a Quinta do Teixeira, a Quinta do Cemitério, a Quinta da Ninfa, a fazenda dos Quartos de El-Rei e aos demais terrenos da Tapada. A quinta seria, naturalmente, ornada com repuxos ou cascatas e ainda com estátuas. E segundo um desenho da época (Baldi, 1669), é revelada uma mancha de arvoredo por detrás das casas e do palácio, que já então deveria ser bastante espesso, proporcionando sombras amenas e convidativas.
É natural, portanto a predilecção que os reis votaram a esta sua quinta e «bosque» anexo (Tapada de Alcântara ou Ajuda), particularmente D. João IV e o seu filho mais velho, D. Afonso VI, que em 1662 mudou de residência, do Paço da Ribeira para Alcântara. O mesmo veio a acontecer, com “D. Pedro II que, após o seu casamento com D. Maria Francisca, aí se istalou durante algum tempo e aí veio a falecer …” (Castelo-Branco, 1996). Quanto aos limites da Quinta Real, seriam aproximadamente os do local que hoje está circunscrito a Norte pela Rua dos Lusíadas, a poente pela Rua Leão de Oliveira e a nascente pela Rua José Dias Coelho, como se pode observar na planta do sítio do Calvário, de 1844.
Palácio do Calvário
1. Parte concedida à Marquesa de Valença
2. Cavalariças
3. Parte concedida ao Barão de Campanhã
4. Palheiro
5. Parte concedida ao Vedor da Casa Real
8. Casa de venda de produtos da Quinta Real
9. Casa do Hortelão
Quinta Real
13. Pomar da Horta
14. Pomar do Cemitério
15. Grande Lago
16. Horta ajardinada
17. Pomar do Teixeira
18. Horta dos Arcos
19. Pomar do Calvarinho
20. Quinta da Ninfa
21. Pomar de Reserva
22. Pomar do Jardim
23. Jardim do Palácio
24. Vinha de Baixo
25. Vinha de Cima
26. Mosteiro das Flamengas
27. Cerca do Mosteiro das Flamengas
28. Hospício do Mosteiro das Flamengas
29. Horta do Mosteiro das Flamengas
30. Colégio do Calvário
31. Cerca do Calvário
32. Capela da Caridade
33. Igreja Paroquial de S. Pedro de Alcântara
“A Quinta d’el Rei tinha uma entrada para o lado da Real Tapada da Ajuda e encontrava-se dividida em duas partes por um arruamento murado de ambos os lados de direcção N/S”, com a ligação às hoje denominadas, Calçada da Tapada e Rua de Alcântara”. (Matos,1994). Este arruamento denominava-se Rua do Carro (correspondendo à actual Rua José Dias Coelho). Toda a quinta se encontrava dividida em vários sectores, com funções diferentes, desde “zonas mais nobres para deleite de suas majestades até talhões de diversas culturas, como vinha, milho, feijão e várias hortícolas, com a particularidade de, no tempo de João Baptista Ravelasca, possuir canaviais de açúcar.” (Castelo-Branco, 1996). Dentro dos limites da Quinta Real, a Norte, salienta-se a Quinta da Ninfa rodeada por um muro alto, que “… era apenas uma quinta de recreio, lindamente ajardinada, com largas ruas arborizadas e paradisíacos cantos de verdura. (…) Mesmo defronte ao actual portão da Tapada existia um enorme lago que tinha ao centro uma pequena ilha (…) e, um pouco mais ao nascente havia um caprichoso tanque, com a sua estátua de pedra.” (Freire, 1929). Com o terramoto de 1755 , a família real que residia na altura nos Paços da Ribeira «fugiu» para os altos da Ajuda, abrigando-se na Quinta da Ninfa, “numa construção de madeira , que serviu de «palácio provisório», até se perder num fogo em 1796, obrigando a família real a mudar novamente de morada (desta vez para o Palácio de Queluz, recentemente concluído).” (Marques, 1995). Em substituição da “Real Barraca” foi edificado o Palácio Nacional da Ajuda. O projecto de Francisco Xavier Fabri de 1795 teve início apenas em 1802, sofrendo várias alterações, sendo as mais profundas introduzidas por M. Caetano de Sousa. Hoje em dia, embora inacabado, é a maior residência real de Lisboa, fazendo parte do vasto património arquitectónico e arqueológico classificado como Monumento Nacional e Zona Especial de Protecção. Em relação ao Paço de Alcântara, a frente do palácio caiu e foi reedificada com «mesquinhez». “Nos fins do século XVIII foi cedido a Francisco José Dias, que aí monta uma fábrica de chitas, e em 1808 quando termina a concessão, regressa à posse da Coroa que o deu para habitação gratuita das viúvas e criadas velhas da Casa Real”. (Matos,1994). Entretanto, em Abril de 1780, uma parte da Quinta Real é doada por D. Maria I para a edificação da igreja de S. Pedro de Alcântara, na qual se utilizaram cantarias e pedras do Convento do Calvário, da parte que o terramoto destruíra. Nos fins do século XVIII acentua-se o movimento de expansão da cidade na direcção de Alcântara e Belém. Em meados do século XIX (1876), a Casa Real decidiu vender o velho e arruinado palácio, bem como todos os terrenos correspondentes à Quinta Real de Alcântara, para abertura de novos arruamentos e construção de novos edifícios, dando origem ao Bairro do Calvário, praticamente igual ao que hoje encontramos. Enquanto no século XVII, a linha de costa da margem direita do Tejo, desde o Cais de Sodré até ao Restelo, “era formada por pequenas praias, um imenso sapal, estaleiros e a foz das ribeiras, das quais a de Alcântara era a menor.” (Freire, 1929). No século XIX, a vontade de rectificação da linha de costa aumentou a necessidade de pôr em prática os projectos do “Grande Aterro”, e em 24 de Julho de 1858 principiou-se a sua construção, iniciando-se a grande modificação da fisionomia de Alcântara. Mas devido a várias reclamações, uma vez que os estaleiros deixariam de comunicar directamente com o rio, só em virtude de um projecto lei em 1884, assinado por Hintze Ribeiro e António Augusto de Aguiar, é que, em Outubro de 1887, a Câmara inaugura a obra.Uma grande parte da terra utilizada no Aterro era proveniente da Quinta Real de Alcântara, aquando a sua fragmentação para a construção do novo Bairro. Se por um lado, a zona ribeirinha ficou «ligeiramente descongestionada» com a construção do aterro de Santos permitindo a abertura da Avenida 24 de Julho, que veio ligar o centro da cidade a Algés; por outro lado, Alcântara perdeu, no entanto, “a beleza e actividade própria de foz de uma ribeira com qualidades de enseada.” (Matos, 1994).
Acabado de limpar, o túmulo de D. Pedro I parece ainda mais uma peça de ourivesaria feita de pedra. São agora especialmente evidentes a delicadeza dos caracóis dos anjos e das penas das suas asas, o drapeado do vestido de D. Inês de Castro nas cenas representadas nas Rodas da Fortuna e da Vida ou as rugas na testa de um demónio num dos segmentos que contam a vida de S. Bartolomeu.
Terminados os primeiros trabalhos nesta arca tumular com 650 anos, uma das jóias da escultura do Mosteiro de Alcobaça, é tempo de esperar pelo relatório do conservador restaurador deles encarregado, André Varela Remígio, e de começar a planear a fase seguinte.
Remígio removeu todos os vestígios de silicone deixados por um molde do túmulo feito para uma exposição na Europália, em 1991, vestígios esses que estavam a corroer a pedra ao permitir que a água se acumulasse, e retirou boa parte das argamassas que cobriam o buraco nele aberto, segundo a tradição local, pelos franceses que ocuparam o mosteiro na Guerra Peninsular (1807-1814).
Casamento precedido do Casamento Civil realizado na Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro a 13 de Outubro de 1942.
O chefe da Casa Real Portuguesa, neto de El- Rei D. Miguel. une-se a uma Princesa da Casa Imperial Brasileira, trineta do Imperador D. Pedro I. Este é um casamento que liga dois ramos da mesma família, separados há mais de um século. Duas Casas Reais divididas pelo Atlântico e pela história voltam a ter laços comuns. Ratifica-se um volte-face histórico, unindo as Casas Real de Portugal e Imperial do Brasil, após uma cisão separatista e uma terrível e sangrenta guerra civil.
Para melhor sublinhar os sinais de pacificação, a senhora D. Maria Francisca convida para sua madrinha a Rainha D. Amélia de Orleans e Bragança, a última sobrevivente da linha constitucional da Casa Real Portuguesa.
Os senhores Duques de Bragança, no seu cortejo nupcial, percorrem a nave da Igreja Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, próximo da cidade de Rio de Janeiro.
O casamento torna-se um acontecimento público e uma enorme multidão congestiona todo o exterior do templo, cuja primeira pedra fora colocada em 1876 pelo Imperador D. Pedro II, bisavô da noiva.
«E chegou o dia da cerimónia nupcial. Não conseguiu a chuva que abundantemente caiu, afastar os milhares de curiosos que desde pela manhã haviam tomado posição junto da Catedral e nas ruas que a circundam. Esta multidão aclamou entusiasticamente os Príncipes. A igreja apresentava um aspecto deslumbrante de luzes e de flores. Pendentes das duas colunas centrais que sustentam a abside, dois formosos painéis com as armas reais de Portugal e as armas imperiais brasileiras, Ao som de uma marcha nupcial o cortejo deu entrada no templo aonde se encontravam as individualidades de maior categoria do país irmão e da nossa colónia no Brasil. À frente o Eng.° José Cortês atrás do qual seguiam o Conde de Pombeiro, o Dr. Américo de Oliveira e Castro, o Conde da Covilhã, o Dr. Manuel Mota Maia, Sebatião de Carvalho Daun e Lorena (Pombal), o Dr. Orlando Guerreiro de Castro, Luís de Albuquerque d'Orey e o Dr. Mário Cardoso de Miranda. Um pouco distanciados seguiam o Conde de Castro e o Barão de Saavedra e o Conselheiro Camelo Lampreia,
Finalmente a Princesa noiva que dava o braço a seu irmão, o Príncipe D. Pedro de Orleães e Bragança; o Senhor D. Duarte, que conduzia a Princesa D. Isabel, mãe da noiva, e a Senhora Infanta D. Filipa de Bragança, que tinha como braceiro o Príncipe D. João de Orleães, irmão da noiva; depois vinha a Princesa D. Teresa Maria de Orleães, irmã da noiva, que dava o braço ao Conde de Almada e Avranches. Fechavam o cortejo a Baronesa de Saavedra e D. Maria Luísa Maia Monteiro. Serviu de caudatário, o coronel Cândido Torres Guimarães. Na capela-mor, tomaram os Noivos lugar sob um rico docel encimado pela Coroa Real Portuguesa, ficando os restantes Prín- cipes em cadeiras colocadas ao lado do Evangelho e junto do trono episcopal. Ao lado esquerdo, no cruzeiro, encontravam-se a esposa do Presidente Vargas, a esposa do Ministro das Relações Exteriores, Dr. Oswaldo Aranha, o Ministro Salgado Filho e os Prefeitos do Rio-de-Janeiro, Dr. Henrique Dodsworíh, e de Petrópolis, D.r. Mário Melo Franco. Na tribuna do corpo diplomático tomaram lugar o Núncio de Sua Santidade, Mons. Aloísio Masella, o Embaixador dos E. U. A., Jefferson Caffery, a Embaixatriz de Inglaterra, Lady Grace Charles, o Embaixador do Peru, Jorge Prado, a Embaixatriz de Portugal, D. Alexandra Nobre de Melo, o Ministro da França, Conde de Saint-Quentin, o Ministro do Canadá, Jean Dery, o Ministro da Dinamarca, V. de Janestead, o Ministro da Suécia, Weidal, o Ministro da Polónia, Tadeu Showrouski, etc. Foi celebrante, no impedimento do Cardeal Leme já acometido da doença que o havia de vitimar, o Bispo de Niterói, D. José Pereira Alves, acolitado pelo Arcipreste de Petrópolis, Mons, Francisco Gentil Costa e pelo Prior da Ermida Portuguesa de Nossa Senhora da Penha, Mons. Alves da Rocha,Comovidamente, o ilustre Prelado, depois de abençoar os Régios Noivos, dirigiu lhes estas palavras:
«Quisestes apenas uma festa íntima, mas essa festa resultou muito mais ampla do que numa união, num acto de fraternidade de duas estirpes ilustres, porque tocou os sentimentos fraternais de nossas duas pátrias. Construístes um reino que é o mais feliz de todos — o da vossa família. Um reino de perpétua e humana ventura. Já tivestes a bênção do nosso Santíssimo Padre, o Papa Pio XII. A bênção do Santo Padre será a garantia da vossa felicidade perpétua».
Com efeito, na véspera do seu casamento, o Duque de Bragança recebera este telegrama :
«Sua Alteza Real o Príncipe Duarte Duque de Bragança — Petrópolis. Na ocasião do próximo casamento de Vossa Alteza Real com sua Alteza Maria Francisca de Orleães Bragança Sua Santidade envia-vos de todo o coração a bênção apostólica implorando a graça da protecção divina para o vosso lar Cardeal Maglione»
Finda a cerimónia teve lugar uma recepção de gala no Palácio do Grão-Pará, tendo todos os convidados desfilado perante os Duques de Bragança, para asita apresentarem aos Augustos Noivos, as suas homenagens e felicitações. Depois desta recepção íoi servido um lauto banquete, a que se seguiu a assinatura da acta da cerimónia que é do teor seguinte :
«Aos quinze dias do mfes.de Outubro do ano da graça de mil e novecentos e quarenta e dois, às onze e meia horas, na Igreja Catedral de São Pedro de Alcântara, nesta cidade de Petrópolis, depois de habilitados canonicamente, por palavras de presente na forma ritual, em presença do Eminentíssimo Senhor Cardeal Arcebispo Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra e de transmitida a bênção apostólica aos Augustos Nubentes, enviada pelo nosso Santíssimo Padre gloriosamente reinante, perante Deus receberem em matrimónio Sua Alteza Real o Príncipe Senhor D. Duarte Nuno Fernando Maria Miguel Gabriel Rafael Francisco Xavier Raimundo António, Duque de Bragança, bailio e Grã-Cruz da Ordem Soberana de Malta, e Sua Alteza Imperial e Real a Princesa D. Maria Francisca Amélia Luísa Vitória Teresa Elisabeth de Orleães e Bragança; Ele português, com trinta e cinco anos de idade, nascido e baptizado no Castelo de Seebenstein a vinte e três de Setembro de mil novecentos e sete, filho legítimo de Sua Alteza Real o Duque D. Miguel de Bragança e de Sua Alteza Real a Princesa Dona Teresa de Lowenstein-Werthein-Rosemberg, Duquesa de Bragrança; Ela, brasileira, com vinte e oito anos de idade, nascida e baptizada no Castelo de Eu a 8 de Setembro de 1914, filha legítima de Sua Alteza Imperial e Real o Píncipe do Grão-Pará, Senhor D. Pedro de Alcântara Luís Filipe de Orleães e Bragança e de Sua Alteza Imperial e Real a Princesa D. Elisabeth de Orleães e Bragança. Logo apôs o casamentp, Sua Excelência Reverendíssima o Senhor D. José Pereira Alves, bispo diocesano, celebrou a missa «.Pró Sponso et Sponsa» recebendo Suas Altezas Reais as bênçãos nupciais e dirigindo-se após á Capela imperial, onde oraram perante os túmulos de Suas Majestades o Imperador e a Imperatriz, Foram padrinhos, por parte do Augusto Noivo, Sua Alteza Real o Infante Dom Juan Carlos Teresa Silvedo Afonso de Bourbon, Príncipe das Astúrias, bailio e Grã-Cruz da Ordem soberana de Malta, Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro, representado por Sua Excelência o Senhor D. Lourenço de Jesus Maria José Vaz de Almada, 4.° Conde de Almada e 16.° Conde de Abranches, e Sua Alteza Real a Senhora D. Filipa de Bragança, Infanta de Portugal; por parte da Augusta Noiva, Sua Majestade a Rainha viúva de Portugal, a Senhora D. Amélia, nascida Princesa de França, representada pelo antigo ministro de Sua Majestade Fidelíssima, Sua Excelência o Senhor Conselheiro João de Sá Camelo Lampreia, e Sua Alteza Real o Príncipe Henrique Roberto Ferdinando Maria de Orleães, Conde de Paris, representado por Sua Alteza Imperial e Real o Príncipe D. João Maria Filipe Gabriel de Orleães e Bragança. E, para constar, eu, Monsenhor Francisco Gentil Costa, arcipreste, lavrei este termo que vai assinado pelo Reverendíssimo Prelado e Augustas Pessoas presentes e subscrito em três vias que serão arquivadas no arquivo paroquial, no arquivo da Casa Imperial e no arquivo da Casa de Bragança, sendo a segunda via entregue em mão de Sua Excelência o Senhor Coronel Cândido Torres Guimarães que nas cerimónias serviu de camarista de Sua Alteza Imperial Nubente, e a terceira a Sua Excelência o Senhor João António Gomes de Castro, 4.° Conde de Castro, que nas mesmas cerimónias serviu de camarista de Sua Alteza Real Nubente».
Esta memorável viagem ao Brasil, terminou a 28 de Outubro, data em que os Duques de Bragança, abandonaram a cidade brasileira do Natal, a mesma encantadora cidade que alguns meses antes tinha recebido tão gentilmente o Senhor D. Duarte.»
("O Duque de Bragança", Manuel Bettencourt e Galvão)
Dom Duarte é um homem simples, apegado à Natureza e a uma vida tranquila, sem espolhafato.
AS portas da bela casa da Rua do Campo, em Sintra, abriram--se-nos afavelmente. Numa enorme sala em que ardia o fogo acolhedor de uma lareira. Dom Duarte, Duque de Bragança, o sucessor dos reis de Portugal, recebeu-nos com toda a cordialidade. A sua presença é extremamente agradável. E alto, aloirado, risonho, e fala com enorme facilidade. Sente-se nele, um defensor da liberdade.
Por ela, com efeito, tem lutado, em todas as situações da sua vida. É formado em Agronomia, foi oficial piloto-aviador em Angola, e lá, tentou formar uma lista de candidatos independentes à Assembleia Nacional, tendo por essa razão sido expulso desse território, pela PIDE-DGS. Para iniciar a entrevista que nos concedeu, perguntámos a Sua Alteza qual a sensação que lhe produz a difícil transição que o nosso pais atravessa.
— Estou convencido que todo o Ocidente está em face de uma mudança que pode ser brutal ou muito suave. Pode acontecer que haja uma guerra noi próximos anos e, neste caso, a Europa não tem condições de defesa. Se isso viesse a acontecer, Portugal ficaria bastante isolado, teria que suprir-se a si próprio, e passaria-mós obviamente muito mal. Deveria, preparar-se o pais para ele poder sobreviver isoladamente. Isto è certamente mais importante do que a entrada para o Mercado Comum ou outras organizações internacionais, que tem as suas vantagens mas não é tão vital como a sobrevivência física de todos nós. Ninguém ignora que o que tem vindo a equilibrar a nossa balança económica tém sido os emigrantes e os turistas. Se, de repente, ficarmos isolados, não somos capazes de nos manter. Ora, se temos de contar com as Forças Armadas, para a defesa do território. por outro lado, temos de contar com a Agricultura. Mas, os agricultores continuam a ser uma classe extremamente desfavorecida, e o que vale à economia política portuguesa é que o pequeno proprietário agrícola não faz contas.
— Sabemos que Vossa Alteza é Presidente da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Nelas. Quer falar-nos da importância dessas caixas?
— Ironicamente e um pouco demagogicamente diria que os bancos são organizações que tomam emprestado o dinheiro dos pobres para emprestar aos ricos, e pagam barato pelo dinheiro que recebem e fazem-se pagar caro pelo dinheiro que emprestam, e as pessoas sentem que já é tempo de não deixarem os seus créditos por mãos alheias. Criaram-se em tempos as Caixas de Crédito Agrícola que se têm desenvolvido muito. Temos em Portugal cerca de duzentas com dezenas de milhares de sócios.
— Vossa Alteza mencionou dois pontos de que gostaríamos que nos falasse: a guerra e o turismo. Que opinião tem sobre a guerra nuclear?
-Acho que não tem importância porque ninguém está interessado nela. Só se houver um louco que resolva deitar uma bomba por razões de desespero. — Quanto ao turismo... — Houve um político qualquer que disse que o turismo é a prostituição de um povo, o que evidentemente é um exagero. Mas tem incovenientes. Um deles é estar-se dependente de uma clientela muito flutuante, o outro é contruirem-se hotéis feiíssimos e estragarem-se paisagens sob pretexto de turismo. Pergunto: o que iremos oferecer ao turismo se a nossa paisagem rural e litoral ficar completamente desfigurada? Isto acontece por culpa de certas administrações, que não são capazes de controlar o estilo das construções. Às vezes por incompetência ou por fraqueza, ou por ausência de normas claras, deixam fazer tudo. E nas aldeias os emigrantes são explorados por muitos construtores que os levam a gastar fortunas para construir casas péssimas e ridículas. Quem viajar pelo Minho ou a Beira Alta quase não encontra uma aldeia que não esteja desfigurada por casas que parecem mostruários de azulejos, autênticas casas de banho viradas do avesso...
— Quer falar-nos agora da juventude portuguesa. Senhor Dom Duarte?
— A juventude tem sempre tendência para estar insatisfeita com o que se está a passar, o que ê saudável. " Procura tornar-se. independente da geração dos pais. Essa fase manifesta-se de todas as maneiras: comportamentos anti-sociais, um certovandalismo... Por outro lado, quando os jovens são orientados no sentido de manifestarem a sua vontade de acção em campos mais positivos — e quero mencionar, por exemplo, o serviço cívico — tornam-se mais responsáveis. Lamentavelmente, os programas escolares contribuem muito para manter os jovens à parte da vida real. O programa escolar devia ter uma visão mais global e mais prática e isto não acontece só na primária, mas também no Liceu e até na Universidade.
— Fale-nos agora da mulher, Senhor Dom Duarte.
— Parece-me que as mulheres do campo têm uma vantagem sobre as das cidades. O seu nível de cultura é muito mais próximo do marido. Ela com participa mais na vida dele. Nas cidades, as mulheres têm uma certa tendência a considerarem-se intelectualmente menores. Deixam-se ficar com uma cultura extremamente superficial: lêem fotonovelas, vêem telenovelas. mas não é culpa sua que a televisão escolha programas especialmente maus para as horas de grande audição. Isso ê culpa dos dirigentes da Televisão. Independentemente desta pequena crítica, há que fazer justiça à mulher que, nas épocas de crise, dá exemplos de coragem e de coerência muito superiores ao homem, que se deixa mais facilmente assaltar por uma certa histeria colectiva que se apodera de um pais. Além disto, é à mulher que se deve a educação básica do homem. São as mães que dão ao futuro cidadão o seu equilíbrio e o seu sentido cívico. Esse papel é importantíssimo para o equilíbrio social de um pais.
— Para terminar, quererá Vossa Alteza dar-nos uma visão do que gostaria que fosse o mundo?
— Sinto-me um pouco tentado a citar o que o Papa João Paulo II disse no Natal: «Quando se afasta Deus da nossa vida particular, o mundo invivivel». Quem falar em casos de fanatismo, entendo que os lugares onde ainda se pode viver são aqueles em que Deus tem o seu lugar.
Era tempo de deixarmos a casa de Sintra, onde a hospitalidade de Sua Alteza Real o Duque de Bragança, nos proporcionara.Na viagem de regresso, recordámos uma bela frase da sua mensagem e sentimo-nos mais confiantes no futuro.
«O nosso povo pode vencer todas as crises se souber encontrar o caminho que conduza à recriação de Portugal.»
Quando, na Primavera de 1805, António de Vale das Rosas chegou ao Palácio de Mafra para servir na cozinha, não imaginava que o seu destino se iria cruzar tragicamente com o do futuro D. João VI. Com um talento fora do vulgar para combinar ingredientes e paladares, António de Vale das Rosas conquistou a atenção e amizade do, então, príncipe regente D. João.
Das suas mãos saíam belas entradas, sopas aveludadas, doces de perdição e tenras carnes que alimentavam a gula do monarca.
Hélio Loureiro escreveu o livro O Cozinheiro do Rei D.João VI sobre António de Vale das Rosas.
O Príncipe-Real D.Luis Filipe, com uniforme do Regimento de Lanceiros 2 da Rainha, à saida da igreja do Mosteiro dos Jerónimos após assistir a uma cerimónia religiosa em 1906.