Programa especial sobre os Duques de Bragança apresentado por José Hermano Saraiva. Foi transmitido no dia 8 de maio de 1995 e conta com uma entrevista a D. Duarte, Duque de Bragança.
12:00 HORAS: HOMENAGEM JUNTO À ESTÁTUA DO REI, NA PRAÇA DOM DUARTE EM VISEU
12:15 HORAS: MISSA DE SUFRÁGIO NA CAPELA DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS (JUNTO AO LARGO PINTOR GATA)
ESTA HOMENAGEM TERÁ A PRESENÇA DA CÂMARA MUNICIPAL E DA FREGUESIA DE VISEU
18:00 HORAS: MUSEU NACIONAL DE GRÃO VASCO. APRESENTAÇÃO DA OBRA "LIVRO DOS CONSELHOS D'EL REI DOM DUARTE", DA AUTORIA DO HISTORIADOR SENHOR DR JOÃO FERREIRA DA FONSECA. PELO SENHOR DR PACHECO PEREIRA.
19:00 HORAS: MOSTRA DE FALCOARIA MEDIEVAL, PELA ASSOCIAÇÃO DE RECREAÇÃO HISTÓRICA PORTUCALE FIDELIS. MUSEU NACIONAL DE GRÃO VASCO
21:00 HORAS: CONCERTO DE MÚSICA MEDIEVAL ERUDITA, PELO GRUPO JOGRALESCA. MUSEU NACIONAL DE GRÃO VASCO
O PROGRAMA APÓS ÀS 18 HORAS É ORGANIZADO PELA CÂMARA MUNICIPAL E FREGUESIA DE VISEU
ÀS 20 HORAS, HAVERÁ UM JANTAR DA REAL ASSOCIAÇÃO DE VISEU, EM LOCAL PRÓXIMO. INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES SOBRE ESTE JANTAR SERÃO DADAS EM BREVE. OS PRESENTES NA HOMENAGEM E NO JANTAR TÊM LUGAR NOS EVENTOS ACIMA REFERIDOS.
A espada de D. Dinis foi retirada do túmulo do monarca que é de 1325. O túmulo de D.Dinis, no mosteiro de Odivelas, continua a revelar segredos. Durante os trabalhos de restauro do túmulo, que foi aberto em maio de 2019, foi descoberta a espada do rei que ficou conhecido como O Lavrador. E a mítica espada, há longo tempo desaparecida, foi agora desenterrada.
A espada do rei D.Dinis de Portugal, descoberta em 2020 durante os trabalhos de restauro do seu túmulo, no Mosteiro Mosteiro de São Dinis e São Bernardo, em Odivelas, foi esta segunda-feira desenterrada, numa operação delicada que foi acompanhada pelaRTP.
A espada encontrava-se do lado direito do rei, e “estava de alguma forma escondidapelos panejamentos”, conta à estação de televisão a arqueólogaMaria Antónia Amaral, coordenadora do projeto Estudo D.Dinis e diretora do Castelo de S.Jorge.
“Nósnão sabíamos que íamos encontrar esta espada“, explica Maria Antónia Amaral. O túmulojá tinha sido anteriormente aberto, em 1938, mas na altura a espada manteve-se escondida dos olhos dos investigadores e permaneceu por descobrir.
A descoberta “é de uma importância imensa”, diz a arqueóloga aoPúblico. “São raríssimas as espadas régias. Há pouquíssimas no contexto europeu e no contexto português, sobretudo encontradasin situ“.
“Há algumas espadas que estão associadas a reis, como a de D. João I, mas não temosa certeza absoluta. Aqui temos“, acrescenta.
Pouco antes de morrer, D. Dinis, orei Lavrador, expressou em testamento a vontade de ser sepultadonão em Alcobaça, lugar de repouso tradicional dos nossos reis, mas no Mosteiro de Odivelas, por si apadrinhado.
Ninguém sabe por que razão decidiu D. Dinis ficar longe da sua Santa rainha,Isabel de Aragão, que está sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra.
O rei repousa assim há 700 anos em Odivelas, numa magnífica sepultura, sob arcadas góticas, rodeado de monges cistercienses e monjas em pose, mas a sua espada, com a qual teria sido enterrado,há muito tinha desaparecido, contava oObservadorem 2016, antes do início dos trabalhos de restauro do túmulo.
A descoberta da espada com que o rei foi sepultado é de enorme importância, realça Maria Antónia Amaral, não só porque porque a espada está datada, também por ser “uma peça valiosíssima termos da história da arte, da história, da arqueologia. E porqueé a espada do rei, símbolo máximo do poder militar“.
O túmulo, seriamente danificado peloterramoto de 1755, foi o primeiro de um monarca português areceber autorização do próprio Papapara ser colocado dentro de uma igreja e não num espaço anexo, como era hábito.
D. Dinis de Portugal, O Lavrador de cognome, nasceu em Lisboa, a 9 de outubro de 1261. FoiRei de Portugal e do Algarve de 1279 até à sua morte, em Santarém, a 7 de janeiro de 1325. Era o filho mais velho do rei Afonso III e sua segunda esposa Beatriz de Castela.
O Rei Lavrador foi grande amante das artes e letras e trovador talentoso. Terá sido oprimeiro monarca português verdadeiramente alfabetizado, tendo assinado sempre com o nome completo.
O castelo de Leiria foi mandado edificar por D. Afonso Henriques, no contexto das suas campanhas de conquista dos territórios ocidentais da Península Ibérica. Duzentos anos depois, D. João I decide mandar fazer, dentro do castelo, uma nova habitação régia, moderna à época, para seu lazer e para lhe servir de base quando acompanhava as obras do Mosteiro da Batalha, que tinha mandado construir a poucos quilómetros de distância. Restaurados a partir de inícios do séc. XX, o castelo de Leiria e o seu Paço Real permanecem como potentes testemunhos de momentos-chave da História de Portugal. Uma visita Guiada pelo historiador Saul António Gomes.
D.Duarte, Duque de Bragança participou na quarta Sessão Académica de 2022 da Delegação de Portugal do Real Circolo Francesco II di Borbone/Royal Club Francis II of Bourbon.
Entrevista a João Miguel Almeida, historiador e investigador, que escreve a biografia do último rei de Portugal. O monarca que fez acordos secretos com o Partido Socialista, elogiou Afonso Costa e viveu a maior parte da curta vida no Reino Unido, cujo plano passava pela restauração monárquica, que nunca chegou a acontecer
Investigador e historiador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova, João Miguel Pereira é o autor da mais recente biografia do último, e esquecido, rei de Portugal - D. Manuel II.
Rei acidentalmente, após o assassinato do pai, D. Carlos I, e do herdeiro, Luís Filipe, subiu ao trono aos 19 anos e reinou por dois anos, até à implantanção da República. Viveu a maior parte da vida no exílio, nos arredores de Londres, ao lado da mulher, a princesa Augusta Vitória Hohenzollern-Sigmaringen, neta da sua tia-avó Maria Antónia. Morreu aos 42 anos, sem descendência, mas com um legado que vai para lá da vasta coleção de livros à guarda da Fundação da Casa de Bragança, e que se estende a António Ferro, nacionalista e ministro da propaganda de Salazar.
O livro "D. Manuel II, a biografia do último rei de Potugal" (Manuscrito) traça um paralelo entre a vida do rei e as instituições portuguesas.
O que o levou a escrever uma biografia sobre o rei D. Manuel II?
Embora não faça uma história social da aristocracia, tenho estudado a relação entre os católicos e a política no Estado Novo. Depois recuei para o final da monarquia e Primeira República, centrando a minha investigação no Centro Católico Português, que é o partido que após a Grande Guerra, seguindo as orientações do Papa da altura, Bento XV, intervém publicamente, está representado no Parlamento, e tenta defender os direitos e interesses da Igreja Católica no contexto republicano. Isso causa grandes polémicas. Estes católicos do Centro Católico Português, que após a Grande Guerra e após o fracasso da Monarquia do Norte, acham que a prioridade não deve ser a mudança do regime, mas a defesa dos interesses da Igreja Católica em qualquer regime.
Eu tinha começado por estudar esta questão do lado oposto, ou seja, dos adversários de D. Manuel II. Quando foi feito este convite para escrever a biografia de D. Manuel II, achei interessante porque permitia-me perceber melhor o outro lado, ou seja, os católicos monárquicos que estão contra o Centro Católico Português. O D. Manuel II não está necessariamente contra a República, mas está contra a política religiosa do Centro Católico Português.
Pode explicar melhor o que quer dizer com "não está contra a república"?
Ele quer a restauração monárquica, e há quem o acuse de não querer. Entendem que ele não se empenha suficientemente na restauração da monarquia.
Porque ele tem esta visão de que as instituições não podem voltar a ser o que eram quando ele deixa Portugal?
Não, é porque ele, além de monárquico convicto, é um nacionalista. Ele considera que no contexto da Grande Guerra, e principalmente no contexto da Grande Guerra, que há o perigo de uma guerra civil em Portugal servir de pretexto para a Espanha invadir Portugal e anexar Portugal. E, portanto, ele não é contra a restauração monárquica, mas é muito cauteloso e quer evitar uma guerra civil descontrolada, em larga escala, que sirva de pretexto a Espanha para anexar Portugal. Ele é prudente. O ideal para ele seria que a monarquia fosse restaurada por pronunciamento das Forças Armadas como tais, mas a ideia de ter, no fundo, quase um grupo de guerrilheiros monárquicos a entrar no país e a desencadear uma guerra civil, ele tem muitos receios em relação a essas incursões monárquicas e por isso também a monárquicos neste neste período que o criticam muito.
Consideram isso uma falta de convicção.
Estudando bem, não é propriamente por falta de convicção. Ele tem convicções nacionalistas que se sobrepõem às suas convicções monárquicas e ele privilegia as instituições. Portanto, para ele, o ideal seria que fossem as Forças Armadas a pronunciar-se sobre a restauração monárquica e, no período do pós-guerra, a sua preferência é fazer uma campanha pela restauração monárquica, tendo em vista um horizonte de longo prazo, uma espécie de guerra simbólica à I República feita através dos jornais, feita através das eleições, porque há um partido monárquico que passa a participar no Parlamento e, portanto, ele tem muito a ideia de de fazer a restauração monárquica ganhando apoio nas bases. Os monárquicos irem conquistando os municípios, levar as Forças Armadas, e haver um movimento popular amplo a apoiar a restauração monárquica. Nunca chega a acontecer.
Em que ponto é que esse trabalho está quando D. Manuel II morre? Produz algum efeito nesse sentido?
Ele morre em 1932, quando o Estado Novo se começa a definir, portanto, a constituição do Estado Novo é de 1933, um ano depois. Ele tem expectativas em relação à ditadura militar em 1926 e a ditadura militar no início é um movimento muito indefinido. É feita por militares que não têm propriamente uma doutrina. Acontece no momento em que há uma grande irritação - quer à direita, quer à esquerda - com o Partido Republicano Português, que é dirigido por António Maria da Silva. Não há a noção imediata de que o 28 de Maio vai dar origem a uma ditadura que vai durar muitos anos. Aquilo é mais um pronunciamento militar e, portanto, o D. Manuel II tem expectativas.
Na verdade, passa pouco tempo entre 28 de Maio e a morte de D. Manuel II.
Sim, e é um tempo de grande indefinição, pois é um tempo de transição da ditadura militar para o Estado Novo. E ele inicialmente tem uma grande expectativa em relação a Salazar, admira aspectos específicos da sua obra, nomeadamente no campo das finanças e a restauração do prestígio internacional de Portugal. Mas o apoio que ele dá a Salazar é condicional. Aliás, eu cito no livro algumas cartas que D. Manuel II dirige a Salazar em que já mostra uma atitude crítica. Ele diz que o Estado está mais rico, mas os portugueses estão mais pobres. Isto no início da década de 30. O António Ferro entrevista D. Manuel II nessa altura, em 1930, e ele tenta apanhar D. Manuel II num apoio claro a Salazar e ele diz, de uma forma muito inteligente, que o Salazar é uma figura nacional e tem grandes qualidades como o Afonso Costa.
Ele apoia paradoxalmente Afonso Costa, e é o único católico conservador que eu conheço que o elogia publicamente. Ele apoia o Afonso Costa por causa da posição de Portugal na Grande Guerra, o que é um pouco paradoxal, porque quando se entra na Grande Guerra há um certo consenso entre as elites republicanas e monárquicas de que Portugal deve entrar na Grande Guerra para defender as colónias. Mas a modalidade dessa intervenção é muito discutível. O Afonso Costa e uma parte dos republicanos é que forçam a entrada de Portugal no palco europeu, porque acham que isso é uma forma de consolidar a República. Quando a Grande Guerra começa, só há duas repúblicas na Europa: França e Suíça. E Portugal, que é uma República com grande instabilidade política e um fraco prestígio internacional. O Afonso Costa e muitos republicanos acham que a entrada de Portugal é importante para consolidar a República e muitos monárquicos estão contra essa entrada de Portugal na Flandres, mandando tropas para combater na Europa. Estão contra os republicanos e alguns até são germanófilos e acham que a vitória das monarquias da Europa Central vai servir para a restauração monárquica. E há muitos monárquicos que defendem a neutralidade de Portugal com uma intervenção, quando muito, em África, para defender as colónias e nada mais do que isso.
O D. Manuel II defende, paradoxalmente, também a entrada de Portugal de corpo inteiro na Grande Guerra, porque ele diz, numa carta, se a Inglaterra perde a guerra, Portugal perde a independência, seja a República, seja monarquia. Nessa entrevista ao António Ferro em 1930, é muito engraçado ele comparar os elogios que faz ao Salazar com elogios a Afonso Costa, claramente um adversário político. Mas isso também dá ideia do seu apoio a Salazar, um apoio condicional. Salazar, por seu turno, quer conquistar o apoio dos monárquicos para o Estado Novo e, portanto, tem uma admiração sincera por D. Manuel II, mas vai adiando sine die a restauração monárquica, porque no Estado Novo há grandes divisões também sobre essa questão. Há monárquicos - por exemplo, Pedro Teotónio Pereira e Maria de Figueiredo, que são figuras monárquicas muito importantes no Estado Novo - mas também há republicanos conservadores. Franco Nogueira era republicano e, portanto, Salazar não quer que a questão monárquica divida os apoiantes do Estado Novo, vai empatando a questão e nunca chega a haver uma restauração.
Politicamente, quem são as referências de D. Manuel II? Parece ter tido uma educação progressista, mas até que ponto isso foi determinante na tomada de decisões?
Ele nunca pensa que vai ser rei, mas tem a mesma educação que o príncipe herdeiro [Luís Filipe], têm exatamente os mesmos professores. E o príncipe herdeiro é educado para ser o rei de uma monarquia constitucional liberal. O liberalismo nesta época - no final do século XIX, início do século XX - também não é o liberalismo das concessões liberais. É o liberalismo que o Eric Hobsbawm chama a era do império, uma fase em que há uma grande disputa na Europa em torno de África e por isso a questão do Ultimato fragiliza muito a monarquia constitucional. Ele é um monarca constitucional. O que é que isso quer dizer? Quer dizer que ele defende uma monarquia católica, mas onde há uma supremacia do poder civil sobre o poder religioso. Os padres são funcionários públicos e há um certo controle da monarquia sobre a carreira dos padres seculares. Ele, sendo monárquico liberal, é particularmente anglófilo. Dentro desta referência liberal, ele tem uma grande admiração e uma grande ligação ao Reino Unido e ao liberalismo britânico. Ao estudarmos a sua atuação como rei, chegamos à conclusão que, usando uma palavra que na altura não se usava, até é mais progressista, mas ele não é visto como tal. Ele negoceia com o Partido Socialista, mas essas negociações são secretas e são descobertas já no período da República. E os republicanos consideram que todos os católicos são reacionários e, portanto, ele, sendo católico, é necessariamente conservador e reacionário. Ao estudar a questão, chego à conclusão que, sobre matérias sociais, ele está bastante à frente do que era o movimento social católico, que era anti-socialista. Isso é inconsequente, mas mostra o contrário do que muitos julgam, que está nas mãos dos jesuítas e é instrumentalizado pela mãe. Ele é muito influenciado por uma velha figura do Partido Progressista, que é o José Luciano de Castro, mas a ideia de negociar com o Partido Socialista vem das suas próprias convicções.
Naquele contexto, Portugal estava muito atrasado. A monarquia constitucional reconhecia as liberdades individuais e direitos cívicos, mas o que hoje chamamos direitos sociais praticamente não existiam. Era uma monarquia católica em que os trabalhadores nem sequer tinham o direito de descansar ao domingo. Portanto, o Partido Nacionalista, que é o Partido Conservador, de inspiração católica, ligado aos jesuítas, tem no seu programa uma medida que é introduzir o descanso dominical para os trabalhadores, no final da monarquia constitucional. E o Partido Socialista considerava que a prioridade era fazer melhorias com o Partido Socialista, que também também vive de diversas tendências dentro do Partido Socialista. Mas a tendência de Azedo Gneco, que é a pessoa com quem D. Manuel II tenta negociar, a prioridade não era mudar o regime, mas conseguir melhorias sociais para os trabalhadores portugueses. E, portanto, é nessa base que ele tenta negociar alguns direitos sociais.
D. Manuel II tem esta característica de ser quase um factoide da história de Portugal. Existe a sensação que o último rei foi D. Carlos, mas afinal houve outro a seguir. O reinado dele é muito curto, o exílio, sendo maior, também é curto. Ele vive pouco e, portanto, é um rei esquecido.
Exatamente.
Ele tem um impacto real em Portugal?
Sim, de certo modo, ele é considerado uma espécie de rei póstumo. Ele não tem grande impacto na vida política comparável com D. Carlos. O que me interessou também nesta biografia foi tentar compreender uma época. O D. Manuel II como tema de estudo é bastante interessante para perceber melhor as instituições políticas e o que se chamam as figuras sociais daquele tempo. Winston Churchill, que é a pessoa que nós conhecemos, achava que o D. Manuel II tinha grandes qualidades pessoais, faz-lhe grandes elogios. Sou levado a concordar com Churchill. De facto, tinha qualidades que faltaram a outros políticos do seu tempo. A grande questão é: porque é que, apesar dessas qualidades, ele não consegue mudar o rumo da história? E eu acho que esta biografia contribui para explicar isso, porque não foca só qualidades pessoais em seu percurso individual, mas também as instituições e as condições socioeconómicas e políticas daquele tempo.
As instituições aí jogaram um papel?
Sim, sim, claramente. O D. Carlos I tenta seguir por uma via que já tinha sido teorizada por Joaquim Pedro de Oliveira Martins que é a modernização autoritária - reforçar a autoridade do Estado e, por essa via, alcançar alguns aspectos de modernidade. O D. Manuel II até é mais moderno do que o D. Carlos, no sentido em que quer implementar reformas sociais, etc. Em termos de conceção do poder, ele está num dilema e entra numa grande contradição: ele não quer seguir a via autoritária de D.Carlos I e a do João Franco [chefe do governo], porque isso tinha dado na desgraça que tinha sido por regicídio, mas também não pensa sequer em democratizar, porque aquele sistema político oligárquico com uma elite política pequena em que o rei decidia quem ia governar, essa pessoa organiza as eleições e ganhava-as sempre.
O D. Manuel II está numa situação em que não quer exercer o poder de rei afirmando a sua autoridade, mas também não consegue dar um impulso novo. A estratégia era, a longo prazo, conseguir uma melhor reorganização social e, por isso, ele convidou o economista e sociólogo Leon Ponsard para fazer um relatório e, portanto, havendo uma melhor organização do trabalho, isso acaba por influenciar a política. É esse o seu pensamento. Mas isso só seria um resultado a longo prazo e, portanto, ele falha. Portanto, ao contrário do que se diz, ele tem um pensamento próprio, estratégias próprias, mas, em termos políticos, isso não é suficiente.
D. Manuel II reina por pouco tempo, vai para o exílio, morre novo, não tem descendência, o que parece muito importante aqui e escreve-o. Ele morreu sozinho e não está lá ninguém para dizer "morreu o rei, viva o rei". A monarquia portuguesa morreu sozinha. A vida de D. Manuel II também parece conduzir para uma solidão enorme.
Mas não teria de ser necessariamente assim. Há grandes personalidades que passam por momentos de grande solidão e depois voltam à ribalta.
Aqui, o facto de ele ter as suas próprias ideias ainda parece confirmar mais isso.
Às vezes há uma certa tendência de ver o D. Manuel II como uma espécie de intelectual isolado. Ele não é um intelectual, ele tem influência social e tem vivência simbólica. Dá-se com os reis de Inglaterra e é recebido pelo Papa. É que às vezes parece haver essa ideia de que ele falava para certos grupinhos monárquicos, ele tinha de facto influência social. Exerce uma diplomacia paralela cujo impacto é difícil de avaliar, mas que ele exerce.
Recentremos na questão de não ter descendência. D. Manuel morre, acabou-se a história.
A ideia da monarquia é que há outros descendentes. Há o Pacto de Paris, de 1922, em que ele reconhece que se morrer sem descendência o pretendente ao trono é D. Duarte Nuno.
Mas não há uma relação, como se continuassem um trabalho. E resolveu um problema a Salazar.
O partido monárquico enfraquece claramente. Apesar disto ser um reino periférico, D. Manuel II tinha crescido com uma corte. D. Duarte Nuno tinha crescido num meio social muito mais limitado e não tinha sido educado para ser rei. O Rocha Martins, que é um dos historiadores e jornalistas que eu vou citando e que é manuelista, dá muito essa ideia. É claramente monárquico e, depois da morte de D. Manuel II, afasta-se da monarquia e mais tarde acaba por aderir ao MUD - Movimento de Unidade Democrática. Mas há monárquicos politicamente ativos no Estado Novo e que, de certo modo, se reconhecem neste legado espiritual. Pessoas como Francisco Sousa Tavares, a Sophia de Mello Breyner, Gonçalo Ribeiro Telles. São pessoas que se considera que de facto se filiam um pouco nessa tradição de pensamento monárquico e que intervêm civicamente fiéis a essa tradição. Nesse sentido, pode falar-se de um certo legado de D. Manuel II.
Essa questão do legado de D. Manuel II tem muito que se lhe diga, porque o António Ferro [que entrevistou D. Manuel II] é um assumido manuelista. Considera que teve três mestres, Fidelino Figueiredo, o Salazar e o D. Manuel. Há de ter ido buscar alguma coisa ao pensamento nacionalista de D. Manuel II.
Como era a relação dele com o pai, o rei D. Carlos?
Ele é tido como mais próximo da mãe. Até porque há o lado católico que parece que os une. Em relação ao pai, mesmo em termos desportivos, ele gostava mais de ténis, o pai de caça. O pai tinha uma postura mais militar, mas não há notícias de que tivesse uma má relação com o pai.
Quando iniciou este trabalho por onde começou? Qual foi a sua primeira leitura?
Trabalhei essencialmente aqui na Biblioteca Nacional e dediquei-me a ler as memórias e a historiografia daquele tempo e os jornais daquele tempo. O Rocha Martins é um ponto de partida muito interessante, porque ele começa como jornalista, depois vai escrevendo livros e torna-se historiador, embora mais próximo da crónica. Ele conhece pessoalmente o rei D. Manuel II, está próximo da Casa Real. Umas memórias que já tinha lido e que valem muito a pena são as de Raul Brandão. Para o final da monarquia constitucional, há também uma espécie de crónica que segue quase como um diário que é do Armando Ribeiro. A minha preocupação foi conciliar estes pontos de vista com a bibliografia atual e com uma contextualização histórica da sociedade e das instituições políticas, à luz do tem produzido na historiografia mais recente. Depois para cada capítulo, há quase um bibliografia própria. No capítulo do regicídio, o D. Manuel II tem o que ele chama "O Diário do Regicídio", que é um texto de umas umas 30 páginas que é uma espécie de memória pessoal do regicídio.
CONVITE - Amanhã, terça-feira, 18 de Outubro, às 18 horas, no Salão Nobre da Igreja do Santíssimo Sacramento, ao Chiado/Carmo, com a presença de Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança. Oferta de publicações da Iniciativa Lisboa-Dusseldorf. ENTRADA LIVRE.
Perfil de D. Duarte, Pai de D. Duarte Pio a quem António Salazar chamava o Rei de Direito. Teve uma vida toda ela em prol do seu País, Portugal. Preocupou-se acima de tudo com o bem-estar do Povo Português e do seu desenvolvimento nas várias vertentes sociais.
O autor deste perfil termina o livro com uma adenda aos Bragança, dando a conhecer D. Adelaide de Bragança, irmã de D. Duarte e que foi uma combatente de primeira linha de Adolf Hitler. A Sra. só não foi fuzilada pelos Nazis por influência directa de António Salazar.
João Peres de Aboim (Aboim da Nóbrega, Vila Verde , Minho, Portugal 1213 — 15 de março de 1285) foi um nobre português, filho de Pedro Ourigues da Nóbrega, senescal de D. Sancho II, e de sua esposa Maria Viegas de Ribadouro.
Poucos anos depois da coroação de D. Sancho II, seu irmão mais velho, o jovem infante D. Afonso deixa Portugal, rumando a França, onde permanecerá quase vinte anos, sendo referido em várias histórias francesas como uma figura de extrema importância. Na sua comitiva, leva Pedro Ourigues, seu mestre de armas, e o filho deste, João Peres de Aboim, com quem virá a estreitar laços de amizade e de quem já não se separará até à morte.
A aprendizagem de ambos no íntimo contacto com o rei de França - Luís IX, mais tarde S. Luís - permitir-lhes-á compreender o sentido da governação com base na justiça e na paz e será muito útil quando D. Afonso regressar a Portugal para destronar o irmão, lutando pela modernização do País, a descentralização do poder, o aumento do nível de literacia e a redução do poder feudal.
É nessa altura que o seu mordomo-mor, João Peres de Aboim, tomará as rédeas das negociações com Castela, tornando-se uma personagem cada vez mais indispensável à Coroa, que não hesita em aumentar-lhe a riqueza e o poderio, oferecendo-lhe o senhorio de Portel. Apesar de ser um dos homens mais ricos da época, João Peres de Aboim nunca esquecerá a filha do pescador que o acolheu em França - e as suas memórias serão desfiadas na velhice, no castelo de Portel, obra que deixou para a posteridade.
Em 2021 Pedro Beltrão publicou o livro "O Mordomo do Rei" sobre João Peres de Aboim.
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"A tribuna real nas corridas de Ascot, vendo-se o Rei Jorge sentado e a Rainha Mary, de binoculo em punho. D. Manoel de flor á lapella e programa na mão."
Com a honrosa presença do Príncipe da Beira, Dom Afonso de Bragança, e uma sala cheia, o restaurante “O Cantinho da Amizade” em Lisboa acolheu o jantar tertúlia “Conversas Reais” do passado dia 5 de Outubro, que teve como convidado especial o historiador José Miguel Sardica, para uma conversa informal sobre a revolução republicana. Os presentes seguiram com interesse a perspectiva histórica do professor e historiador da Universidade Católica sobre os complexos e conturbados tempos que precederam esta funesta sublevação que, a partir de Lisboa, condenou todo o país a dezasseis anos de caos, repressão e declínio económico.
É em 5 de Outubro de 1143, com o Tratado de Zamora e na presença do Legado Pontifício, Cardeal Guido de Vico, que D. Afonso VII de Leão reconhece a existência de um novo Estado, PORTUGAL.
Esta declaração de PORTUGAL como REINO INDEPENDENTE infelizmente não é comemorada oficialmente no próprio País.
PORTUGAL deve ser o único País do Mundo que não celebra oficialmente a data da sua INDEPENDÊNCIA.
A REAL ASSOCIAÇÃO DE COIMBRA tem comemorado todos os anos, em cada dia “5 de OUTUBRO”, o ANIVERSÁRIO da FUNDAÇÃO da NACIONALIDADE, mandando celebrar no Mosteiro de SANTA CRUZ, em Coimbra, MISSA sufragando a alma do Rei Fundador e dos seus Descendentes.
Neste ano de 2022,a Missa celebrar-se-á pelas 16:00 horas, na Igrejado Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Na mesma celebração será igualmente sufragada a alma de todos os associados e simpatizantes da Real Associação de Coimbra falecidos no último ano.
Após a Eucaristia realizar-se-á a evocação da efeméride junto aos túmulos dos Reis Fundadores (D. Afonso Henriques e D. Sancho I).
De seguida, na Sala do Capítulo do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, numa organização da Causa Real, a que aderiu o Movimento Independência de Portugal, decorrerá uma sessão comemorativa da data, com a presença de S. A. R., o Senhor Dom Duarte de Bragança, do Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, do Presidente da Causa Real, de um representante do Movimento Independência de Portugal e do Presidente da Real Associação de Coimbra.
Convidam-se todos os Portugueses a participar nas Comemorações do 879.º ANIVERSÁRIO da INDEPENDÊNCIA de PORTUGAL, em Coimbra.
FAÇAMOS DO ANIVERSÁRIO DE PORTUGAL uma data que UNA OS PORTUGUESES!