Aclamação do Rei D.João V de Portugal
Como sustenta Veríssimo Serrão: “(…) era senhor de uma vasta cultura, bebida na infância com os Padres Francisco da Cruz, João Seco e Luís Gonzaga, todos da Companhia de Jesus. Falava línguas, conhecia os autores clássicos e modernos, tinha boa cultura literária e científica e amava a música. Para a sua educação teria contribuído a própria mãe, que o educou e aos irmãos nas práticas religiosas e no pendor literário (…) logo na cerimónia de aclamação se viu o Pendor Régio para a Magnificência. Era novo o cerimonial e de molde a envolver a figura de Dom João V no halo de veneração com que o absolutismo cobria as realezas”.
D. João V subiu ao trono de Portugal a 1 de janeiro de 1707, numa cerimónia de juramento em que participaram membros da monarquia e eclesiásticos. Segundo a descrição de D. António Caetano de Sousa, no ato de aclamação fez-se uso da arquitetura efémera construída para a cerimónia.
A arquitetura efémera em questão ocupava toda a largura do vão de 16 janelas da fachada do paço. A varanda estava magnificamente decorada com tapeçarias e ricos tecidos bordados, de várias cores. As colunas das galerias foram forradas de damasco carmesim com as bases de veludo da mesma cor. Panos de veludo verde com as armas reais bordadas a ouro e a prata caíam entre as colunas. O trono foi colocado debaixo de um dossel carmesim bordado a ouro com as armas reais. Foram igualmente expostas tapeçarias com as alegorias da Justiça e da Prudência, lembrando as virtudes próprias dos monarcas. D. João V encaminhou-se para o trono caminhando junto das grades da varanda “para que fosse visto pelo povo”.
Segundo os relatos oficiais, o rei estava “com opa real de tela de prata com flores de ouro, forrada de tela carmesim com as mesmas flores, vestido de veludo com abotoadura de diamantes, e no peito com o hábito da Ordem de Cristo em uma venera também de diamantes de grande valor, espadim da mesma sorte, e no chapéu uma joia que prendia a aba dele, tudo peças de grandíssima estimação”.
Grande parte da varanda estava ocupada pelos ministros, pelo Cabido da Sé, por membros da nobreza e pessoas do Conselho do Rei entre outros. Também participaram dois regimentos de infantaria e o povo que se espalhava por todo o Terreiro do Paço.
Fonte: https://mais.scml.pt/museu-saoroque/a-lisboa-de-d-joao-v-factos-e-curiosidades/