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A Monarquia Portuguesa

Este blog pretende ser o maior arquivo de fotos e informações sobre a monarquia portuguesa e a Família Real Portuguesa.

Qua | 26.08.20

Biografias - Constança de Portugal, Rainha de Castela

Blog Real

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Constança de Portugal (3 de janeiro de 1290 — 18 de novembro de 1313) foi uma princesa portuguesa, a filha primogénita de Dinis I de Portugal e da Rainha Santa Isabel. Tornou-se rainha de Castela pelo seu casamento com o rei Fernando IV de Leão e Castela, em 1302, como forma de selar definitivamente a Paz de Alcanizes assinada cinco anos antes.

Primeiros anos:

Constança nasceu a 3 de janeiro de 1290, como primeira e única filha de Dinis I de Portugal e Isabel de Aragão. No ano seguinte nasceria o seu único irmão inteiro, o infante Afonso. Tinha, por outro lado, diversos irmãos bastardos, como Pedro Afonso e Afonso Sanches.

Constança foi comprometida com o seu destino desde os 20 meses de idade, uma vez que o tratado recentemente assinado entre o pai de Constança e Sancho IV de Castela, em setembro de 1291, estabeleceu um compromisso entre o herdeiro castelhano, o infante Fernando, à época com cinco anos, com a princesa bebé.

Sancho IV falece a 25 de abril de 1295, acentuando-se uma turbulência política em Castela. Sancho determinara no seu testamento que se devolvessem a Dinis de Portugal as vilas de Serpa, Moura, Mourão, Arronches e Aracena, injustamente arrebatadas a Portugal e se encontravam indevidamente retidas pelos castelhanos. O filho de Sancho contava apenas 9 anos, pelo que a sua mãe, Maria de Molina, se teve de encarregar da regência do Reino. Terminadas as Cortes de Valladolid nesse mesmo ano, a regente, juntamente com o infante Henrique de Castela O Senador, encontraram-se com Dinis I de Portugal em Ciudad Rodrigo, em março de 1300[1], onde a regente entregou várias praças para que cessassem as hostilidades entre ambos os reinos. Foi confirmada a promessa de casamento de Constança com Fernando, e delineou-se ainda o casamento do infante Afonso de Portugal, irmão de Constança, com a infanta Beatriz, irmã de Fernando, estabelecendo-se desta forma uma dupla aliança matrimonial que pretendia selar a paz entre os dois reinos. O Tratado de Alcanizes volta a confirmar o que estava já disposto.

Rainha consorte:

Na cidade de Valladolid, a 23 de janeiro de 1302 Constança, que contava 12 anos, desposou finalmente Fernando, já com 16 anos. 

Não demorou muito para que o feliz casal desse à luz o seu primeiro rebento: em 1307, nasce a primeira filha, a infanta Leonor (futura rainha de Aragão). Fernando encontrava-se a cercar Tordehumos, onde se refugiara o nobre rebelde João Nunes II de Lara, e enviou à esposa um pedido para que pedisse um empréstimo monetário ao Rei de Portugal. Nesse mesmo ano de 1307, em novas cortes realizadas em Valladolid, e onde Constança não participou, Fernando tentou acabar com os abusos da nobreza, corrigir a administração da justiça e suavizou a taxa para os castelhanos. No ano seguinte Constança daria à luz outra infanta, à qual deu o seu próprio nome, mas que faleceu com apenas dois anos de idade, sendo sepultada no Convento (hoje desaparecido) de Santo Domingo el Real.

Em abril de 1311, estando em Palência, Fernando IV adoeceu gravemente e foi levado para Valladolid, apesar dos protestos de Constança, que o queria em Carrión de los Condes, uma vez que se aliara a João Nunes II de Lara para o controlar. Durante a doença do rei, emergiram vários conflitos ente João Nunes de Lara, os infantes irmãos de Fernando e João Manuel de Castela. Para piorar o conflito, e ainda com o rei gravemente doente em Toro, Constança dá à luz um varão a 13 de agosto de 1311, em Salamanca, o infante Afonso. Este foi batizado na Catedral Velha de Salamanca, e, novamente contra as palavras do rei, foi entregue, não a Maria de Molina (mãe do rei), mas sim à esposa do rei e mãe do infante, Constança, fazendo-se assim prevalecer a vontade da rainha, que queria dar a custódia ao infante Pedro, senhor de Cameros, e irmão de Fernando IV, sendo apoiada por João Nunes de Lara e Lopo Dias de Haro.

No outono de 1311, uma conspiração tentou depor Fernando IV e levar o seu irmão Pedro ao poder, estando encabeçada pelos apoiantes de Constança (João Nunes de Lara e Lopo Dias de Haro) e ainda o infante João, senhor de Valência de Campos. O projeto não foi avante porque a rainha viúva, Maria de Molina, se recusou a participar em tal ato contra o próprio filho.

Em 1312, fizeram-se uma vez mais Cortes em Valladolid, onde se reuniram fundos para uma campanha contra o Reino de Granada e se reorganizou a administração, tentando o rei reforçar a sua autoridade em detrimento da nobreza, projeto que já fora posto em prática em Portugal, desde Afonso III. Os nobres concordaram com as mudanças de Fernando IV, que estabelecia um pagamento pelo serviços prestados pelos vassalos, com exceção de João Nunes de Lara, que se tornara entretanto vassalo do Rei de Portugal.

A 7 de setembro desse ano falecia em Jaén, Fernando IV, com 26 anos apenas. As altas temperaturas que se faziam sentir nessa altura levaram a agora viúva Constança e o seu cunhado o infante Pedro a sepultar os seus restos mortais na Mesquita-Catedral de Córdova. A crónica de Afonso XI confirma este dado.

Constança presidiu ao cortejo fúnebre que levou o seu falecido marido até Córdova. Constança ordenou a sua sepultura na Capela Maior da Catedral e ainda que seis capelães deveriam orar todas as noites junto ao seu túmulo durante o mês de setembro, como aniversário da sua morte, disposição esta de caráter perpétuo.

Menoridade de Afonso XI de Castela (1312 - 1313):

Quando João de Lara e o infante João de Castela souberam da morte de Fernando, pediram à rainha-viúva Maria de Molina, em Valladolid, para tomar a regência em nome do neto Afonso, por forma a evitar que Pedro a tomasse (uma vez que já o tinham tentado colocar no trono). Contudo, Maria recusou, e pediu aos requerentes que acordassem os termos da regência com Pedro.

João de Lara acabou por tentar raptar o pequeno infante, que se encontrava em Ávila. Contudo as autoridades da cidade pararam-no, avisadas por Maria de Molina. Pouco depois chegavam à cidade a rainha-viúva Constança e o seu aliado o infante Pedro, que também foram impedidos de entrar.

João de Lara e o infante João, uma vez falhado o rapto, convocaram os ricos-homens de Castela em Sahagún, e em simultâneo o infante Pedro, aliado de Constança, obtinha da mãe, Maria, a guarda do infante Afonso. Isto fez com que o infante João tentasse humilhar o que parecia ser o favorito da mãe, mas Pedro tomou armas contra o irmão; o infante João acabou por enviar Pedro ao irmão, o infante Filipe, senhor de Cabrera e Ribera, para que esclarecesse a situação. Os três irmãos entraram em acordo em como se deveria organizar uma regência em triunvirato, encabeçada por Maria de Molina, e os seus filhos Pedro e João (avó e tios do pequeno Afonso). Maria concordou com a ideia.

Morte e sepultura:

A 18 de novembro de 1313, um dia após ditar o seu testamento, onde aponta os seus pais, os Reis de Portugal, como executores a Rainha Constança faleceu em Sahagún com apenas 23 anos, provocando, assim, e finalmente, o acordo entre as fações: o infante João acaba por oferecer à rainha Maria de Molina a guarda do pequeno Afonso XI, e os infantes seriam guardiões do rei nas terras onde assim haviam sido reconhecidos como tal nas Cortes de Palência.

Constança foi sepultada no Mosteiro Real de San Benito in Sahagún, onde Afonso VI de Leão e várias das suas esposas também se encontravam sepultados. Os restos foram depositados num sepulcro, no cruzeiro da igreja do mosteiro, junto às esoas de Afonso VI. A sua tumba acabou destruída durante o incêndio de 1810 no Mosteiro, durante a Guerra Peninsular ou durante a confiscação do mosteiro em 1835.

Apesar de tudo, atualmente os restos mortais de Afonso VI e suas esposas estão depositados nas sepulturas no Mosteiro Beneditino de Sahagún, mas os da rainha portuguesa simplesmente desapareceram. No século XIX, mais concretamente após a Guerra Peninsular, foi esculpida uma lápide que lhe foi dedicada, com o epitáfio:

H. R. CONSTANCIA. R. FERDINANDI. IV UXOR CUIUS. VITAE FINIS DIE XXIII NOV. Aº MCCCXIII

Aquí descansa Dona Constança, esposa do rei Fernando IV. Faleceu a 23 de novembro de 1313.

Casamento e descendência:

Do seu casamento com Fernando IV de Castela resultou a seguinte descendência:

  • Leonor de Castela (1307-1359), casada com o rei Afonso IV de Aragão;
  • Constança de Castela (1308-1310)
  • Afonso XI de Castela (1311-1350)