Rei D. Sebastião em Lagos em 1573
Quando o rei chegou a Lagos em janeiro de 1573 foi recebido num ambiente de festa (como em outras localidades já visitadas), estando a então vila, a mando das Vereações da Câmara, decorada com os melhores adereços que se puderam adquirir e para que o povo visse sua Majestade, titularidade que D. Sebastião passou a usar a partir de 11 de junho de 1557 e até à sua morte, aquando da sua deslocação a Guadalupe para uma reunião com o seu tio Filipe I de Espanha.
Quando o monarca entrou na vila, que de acordo com o cronista, esta estava pronta para ser cidade, foram abertas as Portas de Portugal, caminhando o rei pela rua Nova, um amplo espaço de moradias e vivência socioeconómica que jamais sairiam da mente do monarca, sendo sobretudo a sua baía que o faria voltar a Lagos por mais três vezes.
A música e as simulações de lutas acompanharam-no até aos seus aposentos, as casas do Alcaide-mor situadas junto ao castelo de Lagos, local que também serviu de pousada para D. João I antes de partir para a conquista de Ceuta em 1415. Junto ao rei sempre o ladearam um número restrito de companheiros que nunca o desampararam desde a sua juventude.
O ânimo e o regozijo do monarca foram tais que festejou os seus 19 anos nesta terra e como prenda de aniversário as autoridades de Lagos presentearam-no com uma corrida de touros, divertimento que associado à música, constituíram praticamente os seus únicos prazeres pessoais.
D. Sebastião tinha uma predileção muito especial pelas corridas de touros, aliás retomadas em Portugal no seu reinado, tendo as mesmas sido autorizadas, a seu pedido, pelo Papa Gregório XIII, com a condição das mesmas serem realizadas apenas com a presença do rei (touradas reais), proibindo aos clérigos regulares a sua participação, devendo os animais estarem embolados (com as hastes cortadas, para evitar o derramamento de sangue dos homens nas arenas), mas sobretudo pela música, que sempre o acompanhava, tanto nas horas das refeições, como nos momentos em que tinha de despachar documentos, assim como nas suas deslocações ou momentos de lazer, como aconteceu em Lagos quando se deslocou, para orações, à capela de Nossa Senhora da Piedade ou, na fatídica Batalha de Alcácer Quibir, onde em campo de batalha se ouviram soar trompetas e outros instrumentos musicais utilizados por elementos da Capela Real.
Fonte: https://www.barlavento.pt/opiniao/dom-sebastiao-e-o-relacionamento-com-as-mulheres